▸ Alexander Nut soundcloud.com/alexander_nut residentadvisor.net/dj/alexandernut Nut? Nuts, talvez, um set dele, daqueles que misturam músicas à volta do mundo e nos deixam a querer saber o que é isto e o que é aquilo. Uma pessoa ocupada, com trabalho já feito para as estações Rinse FM e agora NTS, com programa quinzenal aos Domingos. Há 10 anos fundava a editora Eglo com Floating Points, uma das casas mais dedicadas a um som que ainda consideramos inglês, prolongamento natural do período clássico de soul para dançar, misturado com jazz, mais tarde ciência de batida (na vizinhança do ano 2000), house e sons africanos. Cansativo, enumerar estas coisas quando em vez de ocupar linhas de escrita deveríamos estar a ouvir clips de um set. Alexander Nut vem para debaixo do especial tecto acolhedor da Interzona 13, dentro do tecto acolhedor do Lux, e conta-se que aponte um mundo de música urbana (também ainda não se conseguiu melhor nome) especialmente de agora mas feito de diversos tempos e velocidades. É só música, sim, mas a música nunca é só isso. Sabem, certo? ▸ CHIDA soundcloud.com/enetokyo residentadvisor.net/dj/chida Se procurarmos discos de Chida não vamos encontrar praticamente nada. Ele mantém-se sobretudo como DJ, não tanto como produtor, e aposta nessa maneira privilegiada de comunicar com as pessoas enquanto estende a tradição eclética de DJ nos anos que precederam a formatação do Disco na década de 1970. Sem descrição definida, os seus sets parecem assentar numa interpretação House com margem para expansão, não vasculhando no tempo tanto quanto favorece produção mais actual. Chida é um divulgador, um daqueles veículos sempre imprescindíveis para que música meritória do século corrente, da década, possa encontrar saídas na direcção das cabeças e corações de quem dança. Mas tem de ser a nossa curiosidade de ouvintes a encontrar o valor: Chida passa por entre os pingos de chuva, ele não vem para vos impôr nada que vocês não tenham curiosidade em contactar. Um clássico já testado diversas vezes no Lux. ▸ Izabel soundcloud.com/izabel_caligiore residentadvisor.net/dj/izabel A experiência íntima de fazer rádio sozinha no estúdio, de madrugada, moldou a atitude de Izabel perante a música - a que divulga e a que edita no selo que fundou: Lullabies For Insomniacs. O nome desvenda um pouco do que se passa nos seus sets, onde desenvolve estruturas ambientais que acompanhamos como num estado de vigília pré-sono. Saída de Melbourne para a Europa, está ultimamente baseada em Amesterdão, um centro criativo com enorme concentração de talento. Encontrou pares (literalmente, o seu par) na família de músicos, produtores, DJs e editores em torno da editora Music From Memory e da Red Light Radio. Cada set que ouvimos de Izabel parece uma partida em viagem com destino ainda desconhecido e, sem querer transformar isto numa manobra sentimental ou desnecessariamente poética, a música que escolhe bate de uma maneira pacífica em que, mais do que recebermos a energia, nos fundimos com ela. Estejam atentos. ▸ BLACK OK. Podemos puxar a história cultural de Lisboa neste século até aqui e apontar Black como um dos motores / mentores que fez isto ser como conhecemos hoje. Talvez tenham de investigar um pouco para saber o seu nome verdadeiro, mas enquanto co-fundador da associação Filho Único, a vida desta cidade, hoje em dia, foi ele que ajudou a inventar. Com o Tiago fez os Gala Drop, ainda antes de podermos dizer que era uma banda, com outros fez a Príncipe e editou música que Lisboa não sabia que tinha. Mexeu em clássicos de dança para ficarem mais dança e editou isso na Interzona 13. A marcha de todas as coisas conduziu a um passo que é lógico para qualquer pessoa demasiado empenhada na música: ser DJ. Depois do facto selou muito rapidamente a vocação e os sets que faz são autênticas composições de energia. Suor, concentração (não são incompatíveis) e uma onda de felicidade que se entende à distância. ▸ STASERA soundcloud.com/staseraaa Esta noite. Isso está no nome do artista. Então é sempre ESTA noite. Stasera está activo na cena de Lisboa há mais de uma década, rodagem extensa como baterista em diversas formações até se fixar a tempo mais inteiro nos Gala Drop. Fez também uma editora (Rafflesia), gravou a solo como Phoebus, mas é a marcação do ritmo numa bateria que traz para Stasera DJ uma qualidade que outros não têm. Ele já era parte informal da família da Interzona 13, só que a edição do single "Jubilation" fez virar as cabeças de uma forma nova: Stasera faz música de dança. Também costuma chamar-se DJ Crazy Man. Isso diz-nos boa parte do que precisamos de saber sobre os discos que toca e também sobre como os toca. Acreditem que a diversão começa na cabine um pedaço antes de vocês chegarem. ▸ Niagara live soundcloud.com/niagara-1 residentadvisor.net/dj/niagara Três pessoas que, juntas, arranjaram uma personalidade que não ouvimos repetida por aí. Niagara são Alberto, António e Sara, famosos pelos shows ao vivo em que discretamente lidam com máquinas rijas. E "São João Baptista", o mais recente EP na editora Príncipe, demonstra o ponto digno que a sua música ocupa na cena de dança. É até complicado falar em música de dança, mas Niagara trabalham batida, groove e melodia. No entanto, não seguem as mesmas regras de conduta que estamos habituados a escutar na pista. Vê-los ao vivo é ouvir as coisas a acontecer lá, numa espécie de improviso sobre base estabelecida previamente, entregues a uma invenção original em blocos que partem monocromáticos e repetitivos para se combinarem numa coisa nova. Fizeram a sua editora Ascender há 2 anos e gravaram como Novo Mundo há 2 meses. Talvez nunca tenham ouvido nada exactamente assim. É nosso, é de cá. Textos: José Moura (Flur Discos) Artwork: Joao Pacheco Bilhetes à venda apenas na noite do evento. :::::::::: ENGLISH :::::::::: ALEXANDER NUT Nut? Nuts, maybe. The kind of DJ set that integrates music from all over the world and leaves you wondering what's this and what's that. Busy person, with links to Rinse FM and now NTS Radio, hosting a show every other Sunday. 10 years ago he founded Eglo Records with Floating Points, one of the labels we find more dedicated to a type of sound still categorized as British, a natural progression from the heyday of danceable Soul, later mixed with Jazz, later still with beat science, House and African grooves. It's not much fun going through all the details in written form when we should be listening to clips from a set. Alexander Nut comes under the special broad roof of Interzona 13, under the broad roof of Lux, and we're hoping he points out a world of particularly current urban music (for lack of a better name) made up of different tempos and speeds. It's just music, but music is never just that. You know, right? CHIDA We won't find much when looking for Chida records. He's been mainly a DJ rather than producer, and concentrates on that privileged way of communicating with people while extending the eclectic DJ tradition from the years preceding Disco in the 70s. His sets can't be accurately described but they are generally based on a personal interpretation of House with room to expand, not so much going back in time as favouring contemporary production. Chida is one of those priceless vessels delivering music from the current decade straight to the hearts and minds of dancers. But it's up to our own curiosity to find gold because Chida moves quietly, he doesn't try to impose anything we don't wish to discover anyway. A classic, tested several times at Lux. IZABEL The intimate experience of hosting a late night radio show alone in a studio has shaped Izabel's attitude regarding music - the one she plays as well as the one she releases through her label Lullabies For Insomniacs. This name reveals a bit of what's going on in her sets, where she develops ambient structures we follow as if in a dreamy state. She left Melbourne for Europe and is currently based in Amsterdam, a creative center with enormous concentration of talent. Izabel found her peers within the family of musicians, producers, DJs and label managers circling around Music From Memory, Rush Hour and Red Light Radio. Each set we listen to sounds like a fresh trip to unknown territory, and without wishing to turn this into poetry, the music she selects hits us in a peaceful way. More than receiving the energy, we sort of fuse with it. Be aware. BLACK OK. We can grab Lisbon's cultural history of this century up to now and point out Black as one of the engines that made the scene what it is today. Maybe you need to dig a little to discover his real name, but as co-founder of the cultural association Filho Único over a decade ago he helped to invent the life of the city as we know it. He made Gala Drop with Tiago even before we could say they were a band, he started Príncipe with others and released music Lisbon didn't know it had. He took dance classics and made them more danceable, releasing those edits via Tiago's Interzona 13. The march of all things led to a logical step in the life of anyone deeply committed to music: being a DJ. After the fact, Black quickly sealed his vocation and his sets are true energy discharges. Sweat, concentration and a wave of happiness we can feel at a distance. STASERA Tonight. That's in the artist's name. So it's always THIS night. Stasera has been active in the Lisbon scene for more than 10 years, accumulating an extensive experience as a drummer with several different musicians and bands before settling with Gala Drop. He also started a label (Rafflesia), recorded solo as Phoebus, but it's the rhythms he marks on a drum kit that bring to his DJ sets a quality others simply don't possess. He was already an informal part of the Interzona 13 family, but the release of the "Jubilation" single made heads turn in a new way: Stasera makes dance music. He also goes by the name of DJ Crazy Man. That tells us a good deal of what we need to know about the records he plays and also how he plays them. Believe us when we tell you the fun begins inside the booth before you even arrive. NIAGARA live These are three people who, together, combine in a unique personality. Niagara are Alberto, António and Sara, famous for their hardware live shows. "São João Baptista", their most recent EP for Príncipe, demonstrates the high ground they inhabit in today's dance scene. It's not quite right to speak of dance music, but Niagara spread out beats, groove and melody. They just don't follow the same rules we're used to hear on the dancefloor. Watching them play live is to listen to things happening right there and then, sort of improvised on top of previously established ideas, committed to an original invention that may sound chunky and monochromatic at first only to come together in a new perfectly formed entity. They started their own Ascender label a couple of years ago and released a 12" as Novo Mundo a couple of months ago. Maybe you never heard anything quite like this before. Tickets only available at the door.
