INAUGURAÇÃO / OPENING 7 ABRIL / APRIL 17:00H 2018 Exposição / Exhibition 7 Abril / April - 2 Junho / June Segunda a Sábado / Monday to Saturday 10:30H - 19:30H ____________________________________________________________________ PT "Errância suspensiva" Faça-se um exercício que deveria ser compulsivo para qualquer aprendiz deste mundo das artes: pegue-se numa revista internacional sobre arte (não necessariamente as duas ou três que se têm mantido como referentes nas últimas décadas) e pasme-se com o número assombroso de “vedetas” engolidas pela espuma do tempo. Perceba-se a voragem do novo como força motriz de um sistema que continuamente o rejeita enquanto categoria estética, mas cinicamente o valoriza na sua dimensão social e financeiramente especulativa. Viva a pintura. Morra a pintura. Os YBA. A arte dos países nórdicos. O Brasil, claro. A arte do “outro” (africano, asiático). A cena dos países do Leste. Os estertores da modernidade. Os múltiplos feminismos. A era-pós-digital. Ciclos e contraciclos que se explicam formal e sociologicamente, grelhas de análise que também elas se reinventam a partir de um léxico amiúde requentado, onde a radicalidade se esvai sem surpresa. Será um luxo a que poucos se permitem, o de parar e olhar em seu redor com apreensiva distância. Poderão outros valores, interesses e destinos sobrepor-se a uma contínua busca de atenção. Não sei, nem devo, julgar aqui a intermitência escolhida pelo André Magalhães no seu percurso artístico. Escrevi sobre isto muito recentemente a propósito da exposição que realizou na Cooperativa Árvore aqui no Porto. Agora, no contexto do projeto Right Cloud@Wrong Weather, André volta a apresentar trabalhos realizados nos inícios dos anos noventa e outros muito recentemente finalizados. Agrada-me esta espiral cronológica que confunde formas e meios: pintura, criação objetual e fotografia. Na errância suspensiva de propósitos, a assertividade de uma indagação onde a experiência de vida se confunde com um modo único de comentar o olhar próprio sobre a arte e, por extensão, a vida. A reclamar a errância suspensiva do juízo, aqui o menos importante dos fatores de receção. Fruir, simplesmente. É do que aqui se gasta/gosta. Miguel von Hafe Pérez _____________________________________________________________________ ENG "Suspensive wandering" Let’s undertake an exercise that should be compulsory for any newcomer to the art world: pick up an international art journal (not necessarily the two or three best-known titles from recent decades) and get ready to be amazed by the astounding number of "stars" who have faded away in the foam of time. It’s immediately evident that the voracious appetite for the new is the driving force of a system that continually rejects novelty as an aesthetic category, but nonetheless cynically values it in its socially and financially speculative dimension. Long live painting! Death to painting! The YBA. Scandinavian art. Brazilian art, of course. Art of the "other" (African, Asian). The art scene in Eastern European countries. The dying gasps of modernism. The multiple feminisms. The post-digital era. Cycles and counter-cycles that can be formally and sociologically explained, analytic grids that reinvent themselves often using a re-energised lexicon, in which radicalism unsurprisingly disappears. Few can afford the luxury of stopping and looking around them with an apprehensive sense of distance. Could other values, interests and destinies overcome this continuous search for attention? In this context, I shouldn’t, and indeed don’t know how to, evaluate the intermittency chosen by André Magalhães over the course of his artistic career. I discussed this very recently, in relation to the exhibition he staged in the Cooperativa Árvore here in Porto. Now, in the context of the project, Right Cloud @ Wrong Weather, André is once again presenting works that he produced in the early 1990s, together with very recent works. I like this chronological spiral that confuses forms and means: painting, object-based creation and photography. In the suspensive wandering of purpose, the assertiveness of an inquisitive approach, in which the experience of life is blended with a unique way of commenting the specific gaze towards art and, by extension, towards life. Questioning the suspensive wandering of judgment, which in this case is the least important of the factors of reception. One should simply enjoy. That’s what we’re in for, and what we like. Miguel von Hafe Pérez
