A primeira vez de Renata Portas na programação do TNSJ fez-se sob a égide de Valère Novarina: A Cena (2014), se bem se recordam, permitiu-lhe “mirar o abismo e revolver o teatro do avesso”. Regressa agora com A Minha Existência Involuntária na Terra, espetáculo apostado em fazer do palco “o lugar onde ombreamos com a morte, onde trazemos essa mosca no casaco, como diria Pirandello”. O título foi desviado da autobiografia do dramaturgo italiano Luigi Pirandello, título que sinaliza um pessimismo que é a um tempo gesto de resiliência e de invenção feroz. Mas não nos desenganemos: A Minha Existência Involuntária na Terra não se inscreve na corrente do teatro documental ou biográfico, nem é tão-pouco uma construção feita a partir de uma matriz exclusivamente pirandelliana. Faz-se, sim, em diálogo ou confronto com textos de outros autores, como Robert Musil, Fiódor Dostoiévski ou Cesare Pavese. Um fórum de discussão que transporta dentro de si a ambição vital de construir um “teatro-ensaio”. A última palavra para Renata Portas: “Um teatro de braço dado com o pensamento, com a filosofia, a filologia, que interrogue, tudo: o gesto teatral, a convenção, o dia a que chamamos Hoje.” * a partir de textos de: Luigi Pirandello, Walter Benjamin, Cesare Pavese, Renata Portas, Robert Musil, Philip K. Dick, entre outros tradução dos textos de Pirandello: Cláudia Coimbra encenação, dramaturgia e cenografia: Renata Portas sonoplastia e composição: Pedro Sousa figurinos: Jordann Santos adereços: Inês Mota desenho de luz: Diogo Mendes produção executiva: Mafalda Garcia interpretação: Jaime Monsanto, João Tarrafa, Pedro Manana e Carlos Dias (desenho em cena) coprodução: Público Reservado, TNSJ dur. aprox. 2:50 S/intervalo M/16 anos * Bilhetes: € 10,00