Marielle Franco. 38 anos. Mulher, negra, lésbica, feminista, “cria da Maré” - favelada. Socióloga, eleita historicamente vereadora da Câmara Municipal do Rio de Janeiro em 2016. Ela foi a vereadora que colocou, pela primeira vez, “uma imensa quantidade de pessoas negras dentro da Câmara do Rio”. Tinha uma equipa maioritariamente feminina a trabalhar com ela, inclusive uma assessora trans, e lutou pelos direitos identitários dela dentro da Câmara. Com Marielle, os assuntos em cima da mesa eram sobre raça, género, classe - tudo com o mesmo grau de importância. Era num Brasil profundamente dividido que a Marielle estava a lutar pelo fim da violência no Rio de Janeiro, especialmente após a decisão do governo de trazer a polícia militar federal para as ruas da cidade, sob o pretexto de restabelecer a ordem e pacificar a cidade. Nesse contexto, foi nomeada relatora da comissão camarária que fiscalizava essa acção do exército no Rio de Janiero, e dia 10 de Março denunciou a morte de um jovem na favela de Acari, falando da violência que significa a ocupação militar para as comunidades do Rio. Dia 14 de Março, às 11 horas da noite, Marielle foi assassinada com 4 balas na cabeça, juntamente com o motorista que a levava a casa, Anderson Gomes. Esta morte não foi por acaso, não foi bala perdida, não foi um acidente. É uma morte que é sentida como colectiva, porque ela quis não só matar a Marielle, mas também silenciar todas as mulheres, negras/os, todas/os as/os socialistas, todas as vozes dissidentes que querem ocupar o poder. Porque, nas palavras da própria Marielle “a chegada da mulher negra à nossa institucionalidade surpreende”. Segunda-feira não vamos ficar caladas/os. Vamos falar sobre tudo isso, sobre o que é preciso fazer para resistir à violência que teima em não acabar, perceber o que está a acontecer no Brasil, não deixar este assunto morrer. Convidamos todas/os a estar presentes. Convidamos todas/os ao diálogo.