IRÈNE de Alain Cavalier com Alain Cavalier, Catherine Deneuve «Um paralelismo óbvio faz-se com os últimos filmes de Agnès Varda, “Os Respigadores e a Respigadora” e “As Praias de Agnès”: o mesmo jogo com o improviso ou com a sua aparência, o mesmo trabalho em torno de um cinema na primeira pessoa, a mesma propensão para o diário e para a revisão (autobiográfica). Mas onde Varda é luz e energia positiva, Cavalier é negrume e pulsão de morte; onde Varda é paz com a sua vida, Cavalier é guerra com a sua memória, um turbilhão de coisas por resolver. [… “Irène”] conta a história de um amor, que talvez não esteja morto mas está, seguramente, “desencarnado”. É por aí que “Irène” se torna um filme vivido numa espécie de desejo “mediúnico”: condenado a filmar uma ausência (ou a filmar “a Ausência”), resta a Cavalier encená-la como um cerimonial destinado a fazer aparecer Irène, ou o seu espírito por ela. Mesmo sabendo – vide a pacificação, negra e dorida do final – que tudo o que ele e o seu cinema podem é, justamente, transformar a Ausência num cerimonial. É aí que um projecto pessoal se converte num projecto de cinema. E todas essas coisas – a Ausência, a transformação, o cerimonial – são belíssimas.» Luís Miguel Oliveira, Público * * * * «Este é o mais genuíno cinema de autor, o que mostra o realizador ao espelho e também uma das mais nobres tentativas de filmar o pensamento. […] um cinema verdadeiramente livre que eleva a um extremo o estilo experimental da Nouvelle Vague, partindo das entranhas da alma.» Manuel Halpern, JL «[…] que questões como estas ainda possam, hoje, ser colocadas numa sala de cinema em Portugal é uma coisa que não podemos deixar de aplaudir.» Vasco Baptista Marques, Expresso