Projeção do 9 e 10 episódio do Ciclo de documentários "A Verdadeira Natureza de Caravaggio": ‘A dignidade dos corpos’ e ‘Vigiar e punir’, produzidos pela Land Comunicazioni para a Rai Cultura e organizada pelo Instituto Italiano de Cultura de Lisboa. Projeção em língua italiana. Entrada livre até lotação da sala. Aconselha-se reserva para o tel. 213884172; e-mail: iiclisbona.reservas@esteri.it Segunda-feira, 12 de março das 18h30 às 20h30 no INSTITUTO ITALIANO DE CULTURA Rua do Salitre, 146 - Lisboa Quem foi, o que foi, Michelangelo Merisi da Caravaggio? Em que foi ele revolucionário? Porque o sentimos ainda tão próximo, tão urgente? Porque continua a impressionar-nos? E o que se pode dizer hoje de um artista transformado em ícone pop por um mercado da arte que privilegia o consumo em vez do conhecimento, o sensacionalismo em vez do estudo profundo e da verdadeira compreensão da arte e da história? Perguntas a que Tomaso Montanari dá resposta em "A Verdadeira Natureza de Caravaggio". Doze episódios que, de forma inédita e científica, percorrem uma vez mais a história biográfica e artística do pintor lombardo, recorrendo às fontes da época e aos textos dos estudiosos mais atentos, sem nunca ceder à tentação de fazer revelações sensacionalistas e apresentando, em vez disso, uma interpretação original do artista, não desprovida de surpreendentes descobertas. 9 – A dignidade dos corpos Na clandestinidade, fugindo de uma condenação a pena capital, Caravaggio pinta Cena in Emmaus de Brera e o San Francesco de Cremona. Em Outubro de 1606 chega a Nápoles, onde encontra um emprego e consegue passar despercebido. Fica oito meses em Nápoles, onde realiza algumas das suas mais importantes pinturas, como por exemplo as Sette opere di misericordia. A sua pintura torna-se mais sombria; a matéria pitórica desfaz-se; multiplicam-se as cabeças decapitadas; na Salomè con la testa del Battista de Londres como no Davide con la testa di Golia de Viena. A mesma atmosfera capta-se também na Crocifissione di Sant’Andrea, realizada para o Vice-rei de Nápoles, assim com no Cristo alla colonna de Rouen. Para San Domenico realiza a Flagellazione di Cristo. Uma tela em que repensa nas obras de alguns anos antes, na senda de uma longa tradição anterior, mas interpretando o sujeito, como sempre, de forma extremamente inovadora. 10 – Vigiar e Punir Em Julho de 1607 Caravaggio chega a Malta, na esperança de obter o perdão papal e voltar para Roma, após o seu ingresso na Ordem dos Cavaleiros Hospitalários, consiga obter. Na Concatedral de São João conserva-se o San Girolamo scrivente; no Louvre o Ritratto di Alof de Wignacourt, grão-mestre da Ordem; no Palazzo Pitti o Amorino dormiente. Os documentos atestam de forma clara, quão apreciado era Caravaggio na Ilha de Malta. Não admira, portanto, que tenha sido admitido na Ordem dos Cavaleiros de São João. A enorme tela que realiza em 1608, a Decollazione di San Giovanni Battista, talvez seja uma oferta para a retificação da sua nomeação. O quadro causou grande impressão, mas é sol de pouca dura. Caravaggio envolve-se numa zaragata, é incriminado e encerrado no Forte de Santo Ângelo, à espera de julgamento.
