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MEDIATRON de Carlos J. Pessoa

MEDIATRON de Carlos J. Pessoa

MEDIATRON de Carlos J. Pessoa
                                                                                                                                            Teatro

A partir da palavra "media" (ou media) e da palavra theatron (ou teatro), surgiu Mediatron.

O híbrido pode resultar numa monstruosidade como o Minotauro. Os minóicos arranjaram uma solução criando o Labirinto onde o Monstro se poderia albergar e os homens perderem-se, ou como Teseu, o herói, matar a criatura. 

Ao libertarmos seres, e não seres, bizarros, ao entregarmo-nos ao exótico, ao burlesco, à febril novidade talvez caíamos num abismo. É capaz de ser uma perda de tempo, um fiasco, que, por indulgência, consideremos “necessário”. Contudo, vivemos o tempo que nos coube. 

Nada mais? Sermos “senhores do nosso destino” é uma ideia a que, julgo, nos devemos agarrar. Como quem joga póquer, dados, teatro, com fúria e “bluff”.

Individualismo, sobrevivência a qualquer preço, maldade? Corremos riscos, a balança pode pender para qualquer dos lados!

Sobreviver nos tempos que correm implica, creio, um suplemento de convivialidade; uma entrega aos outros, e à incerteza. Sem ver na incerteza uma fatalidade, mas uma oportunidade para reconhecer aquele que se dirige a mim ou, a quem me dirijo.

Este é um espetáculo de encontros, de desencontros também, mas, sobretudo, almeja-se a convivialidade entre atores, não atores, personagens, pessoas, lugares, imagens de lugares, numa hibridização, que se propõe lúcida, isto é, crítica, sem deixar de ser Arte, ou, dito de outra forma, medicina derradeira, quando já nada mais parece dar resultado. 

Talvez o Teatro de Arte seja paliativo, talvez tenha a ver com uma religião, filha de deuses menores, que resiste por capricho, ou convicções desmesuradas. Essa evocação da inutilidade tem o seu culminar numa terra prometida, se cada espetáculo for isso, a que chamamos Praia da Noruega. 

Todos, ao que pressinto, mergulham no mar tranquilo, num regresso, fuga, ou numa regeneração, transformando-se em bichos aquáticos, de uma maravilhosa dignidade e destreza. Como o vento que sopra bandeiras com símbolos desmaiados. 

Não há sublime, não há beleza, talvez só exista existirmos, confiadamente, uns nos outros, sorrindo de nós, sorrindo dos outros, sem escamotear a inteligência que nos assiste e a cidadania que nos informa.
                                                                                                                              Carlos J. Pessoa 


FICHA ARTÍSTICA E TÉCNICA

Texto, encenação e concepção plástica Carlos J. Pessoa
Interpretação Alessandra Armenise, Emanuel Arada, Maria João Vicente, Mariana Guarda, Miguel Mendes, Nuno Nolasco e Nuno Pinheiro
Cenografia e figurinos Sérgio Loureiro
Música Daniel Cervantes
Desenho de luz Catarina Mendes
Vídeo Mariana Guarda, Nuno Nolasco e Nuno Pinheiro
Direcção de Produção Maria João Vicente
Produção, comunicação e divulgação João Belo
Assistência de produção, comunicação e divulgação Catarina Mendes


TEATRO TABORDA
15 de Novembro a 2 de Dezembro | Quarta a Domingo | 21h30
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