Play House

Play House é uma viagem vertiginosa pela intimidade de um jovem casal em treze caleidoscópicas cenas. Acabados de se instalar na casa nova a peça mostra, através de uma precipitação comportamental plena de altos e baixos de volubilidade, o modo como a relação entre os dois passa da grande paixão à rotina em muito pouco tempo e por aí, digamos, a consistência da própria relação. Play House é de algum modo o retrato de uma juventude que não supera uma propensão — eivada de narcisismo egocentrado — para confundir a vida e as relações com um jogar a casinha nova. Play House é um ensaio sobre o modo como cada um dos membros do casal vê o outro apenas como seu objecto de prazer lúdico, sendo que a casa é o parque infantil dos dois.

É um teatro intimista da denúncia de um certo fim da própria intimidade, com a destruição do espaço privado a que assistimos com todo o tipo de solicitações que as novas tecnologias da “comunicação” produzem - uma espécie de “exteriorismo obrigatório” - num fluxo imparável de formas praticantes de um novo tipo de religião: a do consumo dessa intimidade histericamente exposta, e também dos seus rituais oficiantes diante das montras/altares, da conversão do mais banal em espectacular sendo que cada sujeito consumidor é também, ele mesmo, montra dos terceiros. Essa ego-exposição constante assume um número infinito de modos (selfies, vídeos caseiros, uma vocação para expor o mais íntimo, o corpo, o rosto, as partes do corpo, espectáculo constante e desejo de provocar e excitar um voyeurismo para-sensual e soft-porno, como se diz, que se tornou uma pandemia generalizada). A vulgaridade, de certo modo e sob todas as formas, tomou o poder.

Autor: MARTIN CRIMP
Tradução: ISABEL LOPES
Encenação: FERNANDO MORA RAMOS
Interpretação: ISABEL CARVALHO e ANTÓNIO PARRA

Informações e Reservas: 225 193 765

(maiores de 14 anos)