RESUME VIEWING Um projecto CASA MÃE Instalação de Rodolfo Freitas (em exposição até 28 fev.) - "É o nosso discurso. É o que nos distingue." Esta poderia ser a história de um homem que foi incubado, ou não, numa das salas de “Análise de Metadados” (Orwell, 2007). Ele chama-se Win. Existem retratos, reflexos, mini-clips inspirados no ambiente que nos rodeia, na época New Wave, ou na tanto aclamada época dos millennials; na relação dos mesmos com o mundo e a natureza, cada vez mais distante. A verdadeira origem, que faz nascer árvores - metáfora perfeita do nosso trilho na vida. A verdadeira energia, que trará o despertar desta época de sonambulismo. A esperança pós-brainwashing. A persona Win (ou W) e a sua criação temporal são inspirados em Mário Sá-Carneiro, principalmente em Cartas a Fernando Pessoa (1978) e em Winston Smith, personagem de 1984 (Orwell, 2007) - funcionário público intelectual e introspectivo, responsável por escrever e editar artigos históricos. Ele abriga sonhos revolucionários. A personagem Dolores, de Westworld (Nolan, 2016), inspira-o também por, numa primeira instância, ser o robot mais antigo e funcional que “performa” num ambiente artificial: o Parque de Diversões. In (ou I ou Isabel) é a voz, a amiga mais próxima, narradora, figura imparcial (ou programada para ser), quase omnipresente, inspirada tanto em Julia, de 1984 (Orwell, 2007), como na “Siri” de Her (Jonze, 2013), figura otimista e apaziguadora para Win. Ela quer fazer-nos questionar o amor e a forma como uma relação duradoura nos muda, molda e cria uma espécie de voz interior, que nos faz pensar sobre coisas e nos faz ver pessoas ou memórias de uma diferente forma. A voz do software, Samantha, protagonizada em Her (Jonze, 2013), pela qual o escritor Theodore se apaixona pode até estar em In, que na verdade é a Isabel, agora gravada, recortada, em tempo real ou simulada. Win mantém a espera, numa prisão branca junto ao mar. As imagens repetem-se e a máquina continua a produzir discurso. Ainda existe uma outra voz, é uma espécie de figura alpha, que fala através de um outro sistema de som, por vezes em sintonia com In. E as vozes de todos os Outros, que são o nosso Eu. Tu. Isso. As imagens continuam lá para que as possas retomar: Resume Viewing, Resume Viewing. " Agradecimentos: Diogo Bento, Isabel Millhanas Machado, Joana Ricardo Cristina Almeida, Luca Cestaro e Pedro Feijó Fotografia: Ren Hang, 2014 https://www.facebook.com/CasaMaeColectivo/ https://www.facebook.com/PequenaNotavelLisboa/