O início da quarta sinfonia de Brahms é surpreendente. Tudo começa de rompante, sem preparação. Respira-se fundo e começa uma experiência que se promete arrebatadora, quatro andamentos que prendem o exercício da palavra. O ambiente do primeiro evolui progressivamente, terminando num clima desanuviado. O segundo, lento, foi descrito por Richard Strauss como uma marcha fúnebre, mas não passa despercebido o lirismo bucólico que o atravessa. No terceiro destaca-se uma melodia belíssima, de alento contagiante. Por fim, uma série de variações sobre um tema emprestado de uma cantata de Bach. Tal imponência majestática contrasta com o romantismo dilacerado de Frédéric Chopin. Na primeira parte deste programa, o pianista portuense Miguel Borges Coelho junta-se pela segunda vez à Temporada 2017/2018 da Metropolitana para completar a sua «leitura» dos concertos do compositor polaco. Lado a lado com o maestro Reinaldo Guerreiro, solista e orquestra preferem ao confronto concertante sobreposições complexas e virtuosas, de sublime encantamento.
INTEGRAL DAS SINFONIAS DE BRAHMS IV | Orquestra Metropolitana de Lisboa
F. Chopin - Concerto para Piano e Orquestra N.º 2, Op. 21
J. Brahms - Sinfonia N.º 4, Op. 98
Miguel Borges Coelho, piano
Maestro Reinaldo Guerreiro
[créditos da fotografia: (c) Joel Santos - www.joelsantos.net]
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