17:00 até às 18:30
Apresentação: Antologia Poética de Carl Sandburg

Apresentação: Antologia Poética de Carl Sandburg

É com muita felicidade que a livraria-editora Flâneur vos convida para a apresentação da sua primeira edição - Antologia Poética de Carl Sandburg (com traduções de Alexandre O'Neill e Vasco Gato) -, a realizar-se no dia 10 de Fevereiro às 17h. A apresentação da obra será feita por Marinela Freitas, doutorada em Estudos Anglo‑Americanos, e Vasco Gato, poeta e um dos tradutores do livro. As leituras estão a cargo de Cristiana Afonso.

Sobre a obra:
Antologia Poética de Carl Sandburg é o primeiro livro da livraria-editora Flâneur. O nosso encontro com a poesia de Sandburg fez-se a partir de uma leitura fortuita, como se iniciam tantas outras leituras, do poema Sopa. Depois Vedações, Caixas e Sacos até que
chegamos à única antologia de Carl Sandburg publicada em Portugal, sobre a qual escreveu A. M. Pires Cabral no blog da editora Cotovia: «(...) Cada um dos poemas continua a fascinar-me como no primeiro dia. Ela revelava-me um novo e deslumbrante modo de poesia a-lírica, se assim me posso expressar.». Este pequeno e precioso livro está na origem desta nossa antologia.
Nesta ânsia de leitor que procura, fomos descobrindo outras ligações a poetas que muito admiramos: Jorge de Sena, que seleccionou e traduziu alguns poemas de Sandburg para a obra
Poesia do Séulo XX: De Thomas Hardy a C. V. Cattaneo (1978) e Manuel António Pina que refere Sandburg nas suas crónicas publicadas no Jornal de Notícias.
Esta antologia encontra-se dividida em duas partes. A primeira é composta por 19 poemas seleccionados e traduzidos por Alexandre O’Neill numa Antologia Poética de Carl Sandburg editada em 1962 pela Edições Tempo, quarto livro da colecção Tempo de Poesia. A segunda parte, traduzida por Vasco Gato, apresenta uma selecção
do tradutor para a obra Lacre (Língua Morta, 2017) e dos editores, uma selecção com motivações estéticas mas também reveladora dos grandes temas da obra de Sandburg: o povo, a democracia, a
América e o americanismo e a fé na humanidade.

Sobre Carl Sandburg
O Poeta Fala de Si Próprio
“Aos seis anos, quando os meus dedos conseguiram, pela primeira vez, dar forma às letras do alfabeto, decidi tornar-me um homem de letras. Aos doze anos já tinha garatujado cartas em ardósias, em papéis, em caixas e nas paredes, e a minha ambição era ser pintor de tabuletas. Aos vinte anos fui soldado em Porto Rico e escrevia cartas que eram publicadas no jornal da minha cidade. Aos vinte e um anos fui para West Point, como condiscípulo de Douglas MacArthur e de Ulysses S. Grant III – durante duas semanas – e voltei para casa passado em ortografia, geografia e história; reprovado em aritmética e em gramática.
Aos vinte e três fui editor de um jornal de estudantes e, à distância de cinquenta anos, parece-me ainda divertido um ou outro artigo que escrevi. O mesmo acontece com o anuário do «College», que dei à estampa no ano seguinte. Durante anos escrevi composições muito estranhas – dois delgados volumes – não dignas de reedição. Em seis anos produzi quatro livros de poemas, em que pululavam os mais variados defeitos, e ninguém foi mais cruelmente consciente do que eu das insuficiências desses livros e também das qualidades que apresentavam. Nos dois livros para crianças que escrevi no mesmo período raras são as fábulas que merecem atenção; uma delas chama-se: Os dois arranha-céus que decidiram ter um filho.
Aos cinquenta anos já tinha publicado uma biografia em dois volumes e The American Songbag, e perguntava-se por aí se eu era um poeta, um biógrafo, um trovador vagabundo de guitarra às costas, um Hans Christian Andersen do Midwest ou um historiador de factos contemporâneos cujas crónicas jornalísticas haviam sido recolhidas no livro: Os Tumultos Raciais de Chicago.
Aos cinquenta e um anos fui o primeiro a escrever, na América, a biografia de um fotógrafo. Aos sessenta, é a vez de uma biografia em quatro volumes que me traz títulos académicos em Harvard, Yale, Universidade de New-York, Wesleyan, Lafayette, Lincoln Memorial, Syracuse, Rollins, Dartmouth-Augustana e Uppsala, em Estocolmo.
Estou ainda a estudar os verbos e a misteriosa maneira como se ligam aos substantivos. Desde que me conheço, nunca como hoje tive tantas suspeitas em relação aos adjectivos. Esqueci o significado de vinte ou trinta poesias escritas há trinta ou quarenta anos. As minhas preferências vão ainda para poesias bem fáceis publicadas há muito e que continuam a atrair as pessoas simples.
Escrevi com métodos diferentes e das maneiras mais variadas: raramente tive medo de fazer viagens por terra ou por mar que me permitissem encontrar cenas frescas e novos cantos. Durante toda a vida procurei aprender a ler, a ver, a ouvir e a escrever.
Comecei o meu primeiro romance aos sessenta e cinco anos e, durante os cinco anos menos um mês que levei a escrevê-lo, continuei a ser viajante, alguém que anda à procura. Apraz-me pensar que, continuando a escrever, conseguirei encontrar frases cheias de vida, com verbos vibrantes e palavras que irradiem cor e som.
Pode muito bem acontecer-me, com a ajuda de Deus, viver até aos oitenta e nove anos, a exemplo de Hokusai, e então, despedindo-me dos palcos do mundo, talvez me seja possível dizer, parafraseando: «Se Deus me tivesse dado mais cinco anos de vida ter-me-ia tornado um escritor».
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