Dois casais, adultos e aparentemente civilizados, encontram-se para resolver um incidente protagonizado pelos seus filhos menores. O que é verdadeiramente sedutor neste confronto é a progressão paradoxal do encontro dos casais. Há uma certa sofisticação na forma como o encontro decorre na tentativa de apurar responsabilidades na luta física que ocorreu entre os respetivos filhos, dois jovens de 11 anos. O que acontece na realidade é a queda progressiva das máscaras a que nos obrigamos no ato social e um estalar do verniz, que deixa a nu a natureza violenta dos relacionamentos humanos. As conversas entre os quatro são constantemente interrompidas pelo telemóvel de Alberto, advogado de uma multinacional farmacêutica, acusada de vender medicamentos para cardíacos que produz efeitos colaterais. A sua mulher Bernardete, é uma mulher com ambições socias e com uma curta tolerância ao álcool. Verónica, é uma dona de casa, vagamente interessada em arte africana e o seu marido Miguel é um vendedor de eletrodomésticos. Nada é claro ou linear. Ninguém é normal. As primeiras impressões vão-se contradizendo, negando-se, alterando-se em contacto com as outras. Pouco a pouco vamos sendo levados para o núcleo da nossa natureza primordial, selvagem e violenta. Todos são capazes de pensamentos politicamente corretos, mas também se mostram capazes de usar golpes baixos e letais, quando se trata de defender o interesse próprio ou dos filhos. O tema da peça é, necessariamente, a “Hipocrisia”, ou se preferirmos, a dupla moral e de como perspetivas éticas se mostram flexíveis para defenderem certos interesses. O que é curioso é que toda esta dimensão ética e politica é colocada neste texto em termos profundamente cómicos. “O Deus da Carnificina” é por isso uma comédia, mesmo que o riso tenha como fronteira a dor que sempre sentimos, quando constatamos a nossa fragilidade humana. ____________________ Autoria: Yasmina Reza (Le Dieu do Carnage) Tradução, Versão e Encenação: Diogo Infante Com: Diogo Infante, Jorge Mourato, Patrícia Tavares e Rita Salema Cenografia e Adereços: Catarina Amaro Desenho de Luz: Tânia Neto Espaço Sonoro: Rui Rebelo Assistencia de Encenação: Isabel Rosa Fotografia: Carlos Ramos Direcção de Produção: Ana Rangel e Miguel Dias Coprodução: Teatro da Trindade INATEL e Plano 6 ____________________ Sala EÇA 1 MAR a 29 ABR Quarta a sábado 21:30 Domingo 18:00 Teatro | Classificação etária a definir __________________ Bilhetes à venda brevemente