21:30 até às 23:00
«Stimmung» Coro Gulbenkian

«Stimmung» Coro Gulbenkian

Aquela que é considerada uma das mais notáveis e fundamentais obras de Stockhausen, «Stimmung»,  interpretada pelo Coro Gulbenkian, dirigido por Pedro Amaral é mais um momento da programação proposta pelo Jazz ao Centro no Anozero. O espectáculo vai decorrer na Igreja do Convento São Francisco, no dia 9 de dezembro, sábado, às 21h30. A entrada é livre.

 
Em vez da aparente confusão de instrumentos clássicos e da parafernália de máquinas, a imitar a imagem de marca do seu estúdio de Colónia, onde desenvolveu a música electrónica e criou a electroacústica, a peça «Stimmung» foi composta por Karlheinz Stockhausen (1928-2007), em 1968, apenas para seis vozes e seis microfones.

Pesquisador de sonoridades em todo o planeta, o músico alemão – por muitos considerado o maior criador do pós-guerra e que se tornaria uma influência determinante para várias gerações seguintes, mesmo no jazz e no rock – elaborou esta composição no regresso de uma viagem de um mês pelo México, onde visitou as ruínas de Oaxaca, Mérida e Chichén Itzá, tendo-se «tornado um maia, um tolteca, um zapoteca ou um azteca».

Ali terá reflectido acerca daquelas culturas pré-colombianas: as proporções dos templos apontados para o céu, os barulhos da natureza, os ruídos do quotidiano dos povos descobertos por Hernán Cortez e os outros conquistadores, os sons das palavras daquelas línguas extintas, a algazarra das festas, os gritos de medo dos sacrificados nos muito cruéis ritos cerimoniais. A partir desta «memória inventada», já na paisagem gelada e ventosa de Madison, no Connecticut, compôs esta peça seminal, destinada ao Collegium Vocal de Colónia – e que tanto é “tonal” como “serial”.

Obra n.º 24 do seu vasto catálogo – que consta de 362 composições (incluindo a espectacular «Helikopter-Streichquartett», um quarteto para quatro cordas e quatro helicópteros) –, esta longa peça vocal, que se tornou uma referência na música coral contemporânea, exige que o pequeno coro misto parta sempre de um si bemol grave. A partir daí, nas 51 secções (ou «momentos») que compõem o resto da obra, além da evocação de «nomes mágicos» – só em 29 das secções é que são chamados deuses e deusas de variadas culturas, pois além dos aztecas, também há desde divindades aborígenes ao antigo panteão grego –, há jogos melódicos e palavras repetidas, conjuntos de padrões fonéticos rítmicos, 12 tons diferentes para cada uma das três vozes femininas e 24 para cada um dos três homens, momentos em que os vocalistas têm de cantar da forma mais suave possível, outras em que o coral entra numa polifonia de ostinatos que contrasta com a voz do baixo que apenas pronuncia onomatopeias – e há ainda os dois poemas eróticos escritos em alemão pelo próprio Stockhausen que devem ser «ditos-cantados». Mais tarde, o compositor Steve Reich sustentaria que, naquela altura, Stockhausen se terá deixado influenciar também pelo minimalismo de La Monte Young, então seu discípulo.

Depois, cumprem-se alguns dos conceitos caros a Karlheinz Stockhausen, um dos compositores maiores do século passado: como o caso do carácter aleatório da execução, pois cada cantor pode nomear os nomes mágicos dos deuses que entender e é-lhe dada alguma liberdade interpretativa. Assim, a duração nunca é precisa (cerca de 75 minutos – e os programas inscrevem a duração total prevista: c. 1h 15 min.).

Agora, na Igreja do Convento São Francisco, «Stimmung» vai ser interpretado pelos solistas do Coro Gulbenkian: Verónica Silva (Soprano), Rosa Caldeira (Soprano), Joana Esteves (Contralto) João Afonso (Tenor), Sérgio Fontão (Tenor) e Pedro Casanova (Baixo), estando a Direção Artística a cargo de Pedro Amaral e a Preparação Fonética seja de Mariana Moldão. A entrada é livre.
Recomendamos que confirme toda a informação junto do promotor oficial deste evento. Por favor contacte-nos se detectar que existe alguma informação incorrecta.
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