18:00 até às 22:00
Animais Nocturnos de Mariana Lopes

Animais Nocturnos de Mariana Lopes

ANIMAIS NOCTURNOS de Mariana Lopes
Inauguração > 2 de Novembro, 18h00
de 2 de Novembro a 2 de Dezembro
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ANIMAIS NOCTURNOS
Chegado a qualquer nova cidade o viajante reencontra o seu passado que já não sabia que tinha: a estranheza do que já não somos ou já não possuímos espera-nos ao caminho nos lugares estranhos e não possuídos.
(CALVINO, Italo in ‘As Cidades Invisíveis’)

Estreei-me nos Açores este ano. Mudei-me para o arquipélago sem nunca antes ter cá estado.
Cheguei à ilha do Faial no inverno, no dia 7 de janeiro, à noite. E a noite iria marcar os primeiros tempos da minha estadia. 
Durante os primeiros dois meses morei nos Flamengos, a única freguesia do Faial de onde é praticamente impossível avistar-se o oceano, por se situar maioritariamente num vale.
Isolada dentro do isolamento insular, nesses primeiros tempos vivia e trabalhava na mesma casa, com poucos meios de deslocação e quase nenhum contacto com o meio urbano da Horta e com as outras freguesias da ilha.
A única oportunidade que tinha de deambular pelas redondezas era ao final do dia, já noite escura. E aquela imagem idílica que tinha dos Açores, com paisagens verdes a perder de vista, o céu e o mar de um azul impossível, não existia. Tinha-a engolido a noite e o inverno. O inverno açoriano, que nos empurra para casa, é cinzento, nubloso, chuvoso e ventoso. O inverno anula a ‘grande paisagem’. E quando se perde a grande paisagem e a noite encurta a profundidade de campo, passamos a ver outras coisas.  O universo faialense passou a ser o primeiro plano que tinha imediatamente à minha frente. E nas minhas saídas de final de tarde a minha atenção começou a focar-se na respiração, nos movimentos ténues e no olhar fixo dos animais que, de quando a quando, surgiam no meio dos terrenos e dos quintais. Ao contrário do que estava habituada no Minho da minha infância e adolescência, nos Açores é raro os animais serem recolhidos ao fim do dia. Comecei a fotografá-los de uma forma descomprometida. 
Com o tempo, as deambulações de fim de tarde, antes confinadas a uma pequena área, transformaram-se em longas horas de passeios e em quilómetros por toda a ilha. Aos animais de carne e osso, foram sendo acrescentados outros que surgiam nas ruas, nas casas, nos carros, transformando as fotografias descomprometidas numa série que constitui, através de várias representações, uma espécie de mostruário da fauna faialense.
‘Animais Nocturnos’ é a primeira série nascida nas ilhas e surge como uma primeira leitura pessoal do Faial e dos Açores.

Mariana Lopes, Faial, 2017

(revisão do texto : Gina Ávila Macedo)
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