23:45 até às 06:45
Rádio Quântica 2 Anos

Rádio Quântica 2 Anos

Dois anos de Rádio Quântica no ar. 
Aos hosts Maria Amor, Catxibi, Odete, Satan Made Me Do It e JOSÉ ACID junta-se Marco Shuttle como convidado especial.


Marco Shuttle

Que um artista de techno italiano revista o seu som de tendências hipnóticas e abstractas, não é propriamente algo de novo. Com o seu expoente no trabalho de Donato Dozzy, esta estética ganhou espaço prevalente no techno moderno, ao ponto de nos fazer supor que há italianos que devem juntar aditivos curiosos aos seus pratos de “pasta”. Os ingredientes adicionais de Marco Sartorelli devem ser especialmente interessantes, porque é o que a sua música e os seus DJ sets denotam. Há um nível de psicadelismo e expansividade no que faz que excede o que é habitual mesmo para estas sonoridades, que nos remetem para ideias de florestas encantadas ou miragens surreais num deserto. O seu álbum ‘Systhema’, já deste ano e lançado precisamente na Spazio Disponibile de Dozzy e Neel soa a um híbrido de techno e world music que se encontraram sobre o efeito de cogumelos, e solidifica as qualidades elegantes, surreais e alucinógenas de um dos mais arrojados nomes do techno actual, um desafiador de convenções em tudo alinhado com a filosofia da Rádio Quântica.
- Nuno Mendonça


Maria Amor b2b Catxibi

Que dream team. Maria das A.M.O.R. e Catxibi das Thug Unicorn. Em b2b. No Lux. É preciso explicar, sequer? Mas vamos: Luísa Catxibi faz parte do colectivo portuense Thug Unicorn e faz as delícias de internet kids com as mais novas mutações do rap, r&b minimalista e pop descontruída. Maria Amor é produtora, DJ, artista visual e gravou algumas das barras de rap mais frescas ever por cima de beats desafiantes.

Como DJ, Maria Amor é o match perfeito para Catxibi; de recantos criminosamente ignorados da discografia dos The Neptunes ao trap (verdadeiro) e algum house festivo, os seus sets navegam um equilíbrio sofisticado entre o familiar e o novo. A solo, sem as suas Thug Unicorn, Catxibi mostra-nos um universo musical pessoal e abrangente, com paragens pelo disco e funk - mas nunca abandonando o brilho digital durante muito tempo. Juntá-las é como fazer aquela experiência que rebenta o laboratório de química - mas em vez de drama e paredes negras temos cor, euforia e coolness por todo o lado. É um encontro de titãs - se os titãs fossem amigos e muito mais fixes. Vão perder isto?


Odete

Não poderíamos falar da Odete como apenas uma DJ, embora seja esse o papel que vai desempenhar no bar do Lux. É que a Odete trabalha muito, oferece muito à sua comunidade e a quem gravitar em redor da sua personalidade magnética. Navega entre os mediums da escrita, das artes performativas, das artes visuais, e já sabemos, do DJing - e as suas várias expressões são explicitamente autobiográficas.

Odete põe as cartas na nossa mesa, torna claras as ligações entre o pessoal e o político usando cores, sons, ideias e movimentos. Pesquisa sobre sensações/noções de pertença e despertença, narrativas trans e formas de tornar visível a tristeza, a fragilidade e a "falha" enquanto potências políticas. Essa partilha tão íntima como urgente pôde ser testemunhada este ano em performances (passou pelo CCB com o Teatro Praga e co-criou a peça DRLNG   na Ruadasgivotas6) e nos seus DJ sets - da ZDB aos Maus Hábitos ou ao Lounge, Odete tem vindo a expressar-se enquanto selector, descrevendo o seu trabalho da seguinte forma: "Sons de fundo de um funeral gravados num smartphone em mashup com samples de edificios a ruir - um espaço de experimentacao sonoro independente - beats que atravessam a historia da musica queer - vogue claps, sapphic fragments, industrial beats, punk screams". Para nós é o som do futuro. Dança-se sim - mas também faz um nó na garganta - dos bons, do que nos fazem pensar. E mudar para melhor.


Satan Made Me Do It

Satan Made Me Do It são duas pessoas: Nelson e Nuno. Juntos, são muita coisa. Nas suas próprias palavras, "Satan Made Me Do It is a monthly metal show on Rádio Quântica conjured in the fiery chasms of hell for a single purpose: to inflict as much pain and pleasure as sonically possible regardless of race, creed or color." Mas há mais: estes dois dissidentes do metal são também DJs que agraciam alguns dos clubes e festivais mais aventureiros do país com as correntes mais interessantes do metal e estilos irmãos.

Escolhendo de uma paleta de várias intensidades, os Satan Made Me Do It  tocam música que nos faz sentir coisas e dançá-las (ou fazer headbang). Nelson e Nuno não são apenas diggers de verdade, que adoram demos antigas como desenterrar clássicos que nunca aconteceram. Celebram simultaneamente as raízes e o futuro do género prolífico que os uniu.

Mantendo-se fiéis à ética DIY que fez do underground global uma possibilidade, nota-se em tudo que os Satan Made Me Do It têm um enorme orgulho em cada artista que escolhem destacar, lançando uma track-list detalhada com cada episódio do programa de rádio e encorajando os ouvintes a apoiar as bandas comprando a sua música em plataformas online como o Bandcamp. A sua paixão e sentido de humor são evidentes e é por isso que já receberam convidados tão vitais como Dylan Hughes, que faz o programa Midnite Madness na Londrina NTS, Marek Steven do festival Live Evil e dos Amulet, as lendas locais Decayed ou Rune Eriksen aka Blasphemer,  membro de algumas das mais influentes bandas de black / thrash metal e prog rock de sempre: Aura Noir, Mayhem e Earth Electric. Recebê-los no bar do Lux será uma celebração imperdível da diferença, da coragem e da ousadia. Parafraseando-os mais uma vez, "Your friends aren't into metal? Get new friends!".


JOSÉ ACID

Também conhecido como Shcuro, outro alter ego sob o qual produz algum do techno mais escuro e interessante que se faz em Lisboa, José Acid é um DJ e produtor que vê no acid original de Chicago uma matriz-base para explorar todos os desdobramentos rave que interessa sentir. É multifacetado a vários níveis, não só no artístico: é também o fundador da editora, do programa de rádio e agora da noite Paraíso. Criou a Paraíso com uma missão simples, a de disponibilizar uma plataforma de divulgação e celebração da história da música de dança em Portugal. Não se prendendo apenas ao seu passado, ajuda a tecer o seu futuro.

Os sets de José Acid são uma viagem bem desenhada, com contornos cirúrgicos mas cheia de contrastes: desde o acid visceral até ao electro cru de influência drexcyiana, cria uma paisagem dinâmica e colorida que já o levou a clubes e festivais em Lisboa, Porto, Barcelona e Berlim.

O primeiro EP de José Acid, ‘10000 Anos Depois Da Rave’, saiu em 2015 pelo selo portuense 1980 com uma remistura de Photonz e recebeu elogios da revista britânica The Wire. Contribuiu para uma compilação de acid da Kobayashi records e no fim do ano passado, a sua faixa ´No Ego', um ode às linhas de baixo mais emocionais e abrasivas da Roland TB303, viu a luz do dia num 12" de vários artistas na sua Paraíso.

- Inês Coutinho



\\ ENGLISH //



Marco Shuttle

That an italian techno artist would use hypnotic and abstract tendencies in his sound, is not exactly unusual. With Donato Dozzy as it´s exponent, this aesthetic has garnered a prevalent place in modern techno, leading us to believe that some italians use some quite original additives in their pasta dishes. Marco Sartorelli´s additional ingredients must be especially interesting, as his music and DJ sets denote. There´s a level of expansiveness and psychedelia in what he does that goes beyond what´s common even in this type of sound, taking our minds to ideas of enchanted forests and surreal mirages in the desert. His album from this year, ‘Systhema’, released precisely on Dozzy and Neel´s Spazio Disponibile, sound like a techno and world music hybrid if they had met under the effect of mushrooms, and solidifies Marco Shuttle´s elegant, surreal and hallucinogenic qualities as the character of one of the most daring names in current techno, a challenger of convention perfectly aligned with the Radio Quantica ethos.
- Nuno Mendonça


Maria Amor b2b Catxibi

What a dream teem. Maria from A.M.O.R. and Catxibi from Thug Unicorn. Going b2b. At Lux. Do we even have to explain? But let's do this anyway: Luísa Catxibi is one third of Porto's collective Thug Unicorn, making internet kids go wild to the new mutations in rap, minimalist r&b and deconstructed pop. Maria Amor is a producer, a DJ and a visual artist and recorded some of the freshest rap lines over defiant beats.

As a DJ, Maria Amor is the perfect match for Catxibi; from criminally underrated corners of The Neptunes' discography to (real) trap and some festive house music, her sets navigate a thin thread between the new and the familiar. Catxibi, on the other hand, will show us a more personal and wide-reaching musical universe without the other Thug Unicorn members around, even making stops at some disco and funk - but without abandoning the digital sheen for too long. The combination of the two is like making that chemical experiment that blows up the whole lab - but instead of black walls and drama we get colour, euphoria and coolness all over the place. It's like a clash of titans - if titans were friendly and way cooler. Are you seriously gonna miss this?


Odete

We couldn't possibly talk about Odete as "just" a DJ, although that's what she's going to be doing at Lux. It's just that Odete works a lot, she gives a lot to her community and to whoever gravitates around her magnetic personality. She skillfully navigates between mediums like writing, performative arts, visual arts, and DJ of course - and her various expressions are explicitly biographical.

Odete puts the cards on the table, showing how the personal and the political are interconnected using colours, sounds, ideas and movement. She researches about sensations and notions of belonging and non-belonging, the trans narrative and ways to make sadness, fragility and failure visible so as to work as political vectors. Sharing this experience is an act that is as intimate as it is urgent, and it was taken to the stage this year via performances (at CCB with Teatro Praga and her co-creation DRLNG at Ruadasgivotas6) and via her DJ sets - from ZDB to Maus Hábitos or Lounge, Odete has been expressing herself as a selector, describing her work as "Background noise from a funeral recorded on a smartphone, mashed up with samples of collapsing buildings - an independent space of sonic experimentation with beats that intercept the history of queer music - vogue claps, sapphic fragments, industrial beats, punk screams". To us, it's the sound of the future. It's danceable yes - but it will also leave you with a lump in your throat - the good kind, the kind that will make you think. And change for the better.


Satan Made Me Do It

Satan Made Me Do It are two people: Nelson and Nuno. Together, they are a lot of things. In their own words, "Satan Made Me Do It is a monthly metal show on Rádio Quântica conjured in the fiery chasms of hell for a single purpose: to inflict as much pain and pleasure as sonically possible regardless of race, creed or color." But there's more to it: these two metal mavericks are also performing DJs, gracing the country's most adventurous clubs and festivals with some of the most jaw-droppingly interesting strains of metal and sister genres.

Picking from a rich palette of varying intensity, Satan Made Me Do It play music that makes you feel things and dance (or headbang) to them. Nelson and Nuno are not only real diggers that love old demos as well as unearthing potential classics that never were. They celebrate the very roots as well as the future of the exciting genre that brought them together.

Staying true to the DIY ethics that made the global underground a possibility, Satan Made Me Do It take great pride in every artist they choose to highlight, releasing a detailed tracklist with every episode of their radio show while encouraging listeners to support the bands by buying their music online in platforms like Bandcamp. Their passion and sense of humour are more than apparent and that's why they've hosted guests as vital as NTS Radio's Dylan Hughes, Marek Steven of Live Evil festival and Amulet fame, local legends Decayed or Rune Eriksen aka Blasphemer, member of some of the most influential black / thrash metal and prog rock bands ever: Aura Noir, Mayhem e Earth Electric. An unmissable celebration of difference, boldness and risk-taking. Quoting these two DJs, "Your friends aren't into metal? Get new friends!".


JOSÉ ACID

Also known as Shcuro, another alias under which he produces some of the most dark and interesting techno coming out of Lisbon, José Acid is a DJ and producer that sees Chicago's original acid as a base to explore all the other meaningful rave incarnations throughout time. He is multifaceted in more ways than just the artistic: he is also the founder of the label, the radio show and now the clubnight Paraíso. He created Paraíso with a simple mission, to provide a platform to spread the word and celebrate Portugal's dance music history. It doesn't limit itself to its past though, it helps come up with its future.

José Acid's sets are a carefully designed journey, precise in its outlines but full of contrasts: from visceral acid to drexciyan raw electro, he creates a dynamic and colourful landscape that has taken him to clubs and festivals in Lisbon, Porto, Barcelona and Berlin.

José Acid's first EP, ‘10000 Anos Depois Da Rave’, was released in 2015 on Porto label 1980 with a Photonz remix and was praised by British magazine The Wire. He also contributed to an acid compilation on Kobayashi records and late last year, his track 'No Ego', an ode to emotional, abrasive Roland TB 303 basslines, saw the light of day in a various artists 12" on his own Paraíso.

- Inês Coutinho
Recomendamos que confirme toda a informação junto do promotor oficial deste evento. Por favor contacte-nos se detectar que existe alguma informação incorrecta.
Download App iOS
Viral Agenda App
Download App Android