Os educadores acertam algumas vezes porque sabem, mas os pais e as mães podem acertar sempre porque amam. Basta que confiem nos seus instintos e sensibilidade. Este pequeno livro traz-nos reflexões sobre nós próprios, o poder e o amor, a partir de uma viagem por um maravilhoso mundo mágico. Foi a forma que encontrei para tornar acessíveis alguns dos principais conceitos relativos à minha investigação, partilhando-os de modo a poderem ser úteis ao maior número de intervenientes no processo educativo. Interessa aos pais e não só às suas crianças, Cada um no seu papel: à criança pela motivação da fantasia, da alegria, da curiosidade, do sentido de justiça ou injustiça; aos pais para aceitarem que deverão estar próximos nessa sublime aventura dos filhos construírem o seu maravilhoso mundo interior, que requer tempo, proximidade, perseverança, conversa, silêncio e alguma paciência. Debaixo da desculpa de tornar necessária uma ajuda do adulto para melhorar a compreensão de certos termos mais invulgares, pretende-se que os filhos e os pais conversem dentro da constelação familiar, onde as funções paterna e materna deverão estar bem estruturadas. É certo que, devido às exigências da vida adulta em sociedade, cada vez mais o tempo é escasso, de modo que gerar uma proximidade física, afetiva e psicológica entre filhos e pais se torna muito difícil de concretizar. Por isso esse será o desafio maior. Valerá a pena fazer um esforço sobrehumano para dar tempo e presença junto dos filhos, de forma a desenvolver uma estrutura de apego forte e sadia. Existem duas fomes bem distintas: uma é a do pão, do alimento material, que não requer grande envolvimento para a satisfazer; a outra é a fome dos afetos, do amor, que requer o milagre do tempo e muitas outras competências, sendo muito difícil de satisfazer plenamente. Tempo, presença, escuta, diálogo, respeito, abertura, compreensão , bondade, são algumas das dimensões que contribuem para saciar essa segunda fome dos afetos e reforçar o apego e gerar laços de amor. É que é a força oculta do amor que constitui a dinâmica da transformação e do desenvolvimento sadio de qualquer criança. Citando o que Pessoa diz sobre o mito, tomo a liberdade de o repetir em relação ao amor, afirmando que é esse "nada que é tudo!". In. O Rei Pequenino e a Rainha Grande e Mandona de José Manuel Rodrigues Alves