NORBERTO LOBO com YAW TEMBÉ, RICARDO JACINTO E MARCO FRANCO CONCERTO Norberto Lobo (archtop guitarra) Marco Franco (bateria) Ricardo Jacinto (violoncelo) Yaw Tembé (trompete de bolso) DATA 28 Outubro HORA 23h30 LOCAL Salao Brazil PÚBLICO ALVO Maiores de 16 anos PREÇO NORMAL 7€ PREÇO ESTUDANTE / CLIENTE CGD 5€ Grupo formado para o trabalho que Norberto Lobo está a desenvolver na residência artística que há uns meses mantém na ZDB, em Lisboa, este em que se faz acompanhar por Yaw Tembe, Ricardo Jacinto e Marco Franco é mais um de vários planos em que os seus conceitos se vão ramificando, descolando da relação pessoal que tem com a guitarra (acústica), tendo fundamento nos exemplos de uma “weird folk”, e mais concretamente de uma fantasiação da Americana, que lhe chegam de John Fahey, Robbie Basho e Jack Rose. Tanto assim que neste contexto, como naquele que partilha com João Lobo, Giovanni Di Domenico e outros parceiros com o nome Oba Loba, o seu instrumento é a guitarra eléctrica. O inconformismo que o músico já revelava tanto no seu percurso a solo como nas associações com Sei Miguel e David Maranha explica também o convite às figuras da música criativa portuguesa com que agora o encontramos, cada um a seu modo funcionando como mediadores da sua constante busca de algo mais. O trompetista suazi (filho de mãe sul-africana e pai moçambicano), mas radicado na capital portuguesa, Yaw Tembe tem como referência as dedicações ao jazz livre, à música improvisada e a projectos que de alguma maneira reproduzem as suas origens africanas, como os ritualísticos Zarabatana, os espaciais Sirius e os muito groovy Gume. Por sua vez, interessa a Lobo o que o também instalacionista e escultor Ricardo Jacinto tem realizado como violoncelista, numa abordagem que alia o experimentalismo e a improvisação em grupos como Garden, The Selva e Pinkdraft ou em colaborações sob a égide de Erik Satie com Joana Gama e Luís Fernandes. Do baterista Marco Franco aproveita a extrema flexibilidade, testemunhada pelo que vai, ou foi, fazendo na free improv dos Clocks and Clouds e dos Fail Better!, no pós-rock dos Memória de Peixe, no lounge-jazz dos Mikado Lab e no neo-classicismo do projecto pianístico Mudra. As pistas que assim reuniu são muitas e o guitarrista não se faz rogado em segui-las. Com esta companhia, Norberto Lobo quis, mais do que aproveitar a comum propensão para improvisar – o que seria uma opção fácil e óbvia –, testar a capacidade para, em conjunto, tocarem canções instrumentais. Canções simples (as mais difíceis, na verdade), orelhudas, de curta duração, regra geral lentas e, como já se referiu a propósito, «dengosas», com melodias e ritmos-tipo que julgamos reconhecer das músicas do mundo, mas não sabemos especificamente de onde. Ao deixar-se contaminar pelos três outros músicos, ele desafia-os a desviarem-se dos seus respectivos cursos, porque sabe à partida que o risco, a novidade, a diferença, era já a sua, deles, predisposição. O produto final é deveras intrigante, não nos surpreendendo realmente porque nos habituámos a esperar dele o melhor.