22:00 até às 23:59
Jazz ao Centro 2017 | Lina Nyberg Band (Miranda do Corvo)

Jazz ao Centro 2017 | Lina Nyberg Band (Miranda do Corvo)

LINA NYBERG BAND
Casa das Artes de Miranda do Corvo

Lina Nyberg - voz
Cecilia Persson - piano
Josef Kallerdahl - contrabaixo
Peter Danemo - bateria

Aquela que é considerada uma das mais importantes cantoras da Suécia volta a Portugal para apresentar o último tomo da sua trilogia sobre a humanidade e o mundo em que vivemos, um empreendimento ambicioso que juntou o seu grupo a uma big band de jazz (em “Sirenades”), um quarteto de cordas clássico (em “Aerials”) e, agora (“Terrestrial” é editado neste mesmo mês de Outubro), uma orquestra sinfónica, a NorrlandsOperan. Os críticos que já ouviram o novo duplo álbum descrevem-no como uma “ópera jazz”, com Lina Nyberg como única voz a encarnar múltiplas personagens. Algo que não acontecia, pelo menos com este impacto, desde que Carla Bley e Paul Haynes lançaram “Escalator Over the Hill” com a Jazz Composers Orchestra, em 1971. Vamos ouvir a versão de estrada do projecto, com a banda de Nyberg em formato de quarteto, somando uma voz solista e o tradicional – no jazz – acompanhamento de piano, contrabaixo e bateria.
Ainda assim, a abordagem à tradição que se espera será bastante sui generis, como sempre aconteceu na carreira de Lina Nyberg desde o primeiro dos seus 17 discos, “Close”, partilhado em 1993 com o falecido pianista Esbjorn Svensson. A adopção das características convencionais do chamado “vocal jazz” vem significando para a artista de Estocolmo o esticamento das mesmas, e por vezes até um virar do avesso das suas coordenadas mais intocadas em décadas de passivas reproduções do modelo. Nyberg é mesmo um dos grandes exemplos na actualidade de como o próprio mainstream pode incorporar expressões, elementos e técnicas habitualmente conotados com as vanguardas – e até músicos dessas áreas, dada a colaboração que consigo manteve durante anos o guitarrista David Stackenas. Sem nunca perder identidade, o canto jazz desta contadora de histórias integra aspectos da livre-improvisação, da música erudita contemporânea, do art rock e do tropicalismo brasileiro.
De tudo um pouco podemos encontrar nas suas canções: scats jazzísticos, envolvimentos de câmara, algo que nos remete para Caetano Veloso (podendo até ser alguma versão de um tema do dito), tramas conotáveis com a pop indie e explorações à maneira de Cathy Berberian podem fazer parte dos recursos vocais e composicionais de Lina Nyberg, constituindo aquilo que na revista online All About Jazz já foi descrito como “avant cabaret jazz”, numa «tangencial entre clubismo festivo e cançonetismo pós-punk». Sempre, no entanto, de forma dúbia e com uma atmosfera de mistério, intimista na entrega, como se nos sussurrasse contos de fadas aos ouvidos, com melodias simples mas construções harmónicas complexas. Tudo isto com uma elegância que sublinha o alcance poético das palavras, em muito devedora às concepções de Gil Evans e, como não podia deixar de ser, de Carla Bley. Vamos ouvir o melhor que hoje se pode encontrar com o rótulo “canto jazz”.
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