Alex FX anda a agitar as águas da música electrónica portuguesa desde os anos 90 e nem por isso dá sinais de se querer deixar dormir. Pelo contrário, ECHOMENTAL /1 – primeira edição da sua nova editora, a Echomental Arts Limited - é testemunho de evolução e superação, fruto de perfeccionismo e interiorizar de influências em sólidas raízes prontas a fazer despertar outros. Álbum de escuta contínua (o 1o de 2 volumes), este não é um exercício de mera compilação de temas avulso. ECHOMENTAL /1 é uma entidade por si só, onde vale a pena agarrarmos na primeira faixa – A Mere Beginning, retumbante a abrir a porta do que lá vem – e deixarmos correr até à última, em atenção plena. Sim, o tom geral é escuro. Mas a escuridão tem um lado belo, e as caixas de ritmos e sintetizadores tão queridos a Alex FX não são máquinas de um só truque; desmultiplicam-se em modo camaleónico. Somos brindados com batidas quadradas e baixos ácidos a soarem muito mais lento que o expectável pelas massas, obrigando a que os detalhes soem com precisão e a Música tenha espaço a respirar, mas também temos direito a Rhianna Faye dando voz a uma letra de Kellie Andrews (em Red/Black, single de antecipação do longa-duração, editado já há vários meses) infiltrada num techno quebrado e a soar a paragens pós-dubstep, e, enfim, à catarse rave com David J Haskins (Bauhaus, Love & Rockets) a fazer-se ouvir em Locust Swarm. Meditações mais ambientais unem todo o trabalho, ecos sem dúvida mentais e indutores fáceis do transe a quem atenta. Mais do que simplesmente escutar, o que Alex FX nos propõe, fundamentalmente, é que nos entreguemos à experiência. ECHOMENTAL /1 será apresentado ao vivo, pela última vez, aqui no LuxFrágil, num espectáculo multimédia com vídeo preparado para o efeito, complemento perfeito a um álbum que procura imergir o ouvinte em si. Tiago Fragateiro, Gusta-vo e menosdois acompanham Alex FX no fim deste ciclo de apresentações live. - Inês Duarte