Bilhetes à venda apenas na noite do evento. Tickets only available at the door. Dark Entries Records é a editora do momento - do ano, dos últimos anos. Hipérbole? Talvez, mas a qualidade, integridade e paixão exacerbadas com que Josh Cheon conduz este barco empurram-nos a gritá-lo com todo o ar dos nossos pulmões. A própria poética da música que nos oferece atira a nossa imaginação pelas ravinas do excesso e do romance proibido, fazendo pouco de nós quando hesitamos avançar na escuridão plena para depois, logo a seguir, nos chamar de quadradões quando receamos abrir o coração às emoções mais inocentes e puras. Vulnerabilidade e arrojo como emoções irmãs, sempre. Josh Cheon é parte do colectivo Honey Soundsystem - a melhor festa de São Francisco, diz-se. É também um digger ímpar; para Josh não chega encontrar discos raros em lojas remotas, há-que visitar as caves esquecidas para resgatar gravações perdidas de bandas sonoras porn de Patrick Cowley, por exemplo - esse tipo de digger. Com a sua Dark Entries lança incessantemente música linda, perfeita; reedições e achados cruciais para a nossa visão moderna da música mais corpórea, cruzados com música nova sem tempo. Electro, italo, cold wave, new beat, rock, techno, tudo nos é oferecido com um carinho e um sentido ético únicos - todas as reedições são autorizadas, masterizadas apartir das fitas e DAT originais, com uma qualidade que justifica a compra mesmo para quem tenha os originais. Tudo isto enquanto percorre o planeta em tournée, como DJ. Josh Cheon é uma força da natureza - um verdadeiro pilar estruturante do (nosso) underground - e é para amplificar os sinais eléctricos de visionários como Josh que o Funktion One do Lux existe. Helena Hauff é um caso único; numa cena musical que jura a pés juntos ser underground mas cuja evolução recente parecer ser indistinta do que acontece nas redes sociais, Helena Hauff mantém um contacto muito indirecto com a auto-promoção online. Algumas entrevistas, mixes e pouco mais. Não é militância mas sim desinteresse; o tempo é todo para os discos - para os descobrir, estudar, fazer. É que tocar a música de dança mais radicalmente desafiante e sem compromissos ao nível a que o faz, ombreando com os maiores em clubes e festivais de renome pelo mundo fora, não é coisa que se faça em cima do joelho. Helena Hauff mudou as fascinações do clubbing global. Ai de quem diga que Helena Hauff "abriu caminho para as DJs mulheres" de gosto musical menos convencional; Helena abriu caminho para novos caminhos na música de dança. Ponto final. Helena levou o electro-do-outro-mundo-de-Drexciya dos palcos pequenos e salas secundárias para o main stage e abriu horizontes às multidões que antes gritavam apenas ao som do 4/4 house e techno mais conformado. Se há uma nova febre de electro futurista a tomar conta da comunidade alargada da música electrónica foi porque Helena não cedeu às expectativas e conseguiu, na mesma ou ainda mais, ferver o sangue dos ravers e clubbers. Hoje em dia é comum ver símbolos desse som, como DJ Stingray, mais que merecidamente a figurar no topo dos line ups. Electro em 2017? It's a thing. - Inês Coutinho \\ ENGLISH // Dark Entries is the label of the moment - of the year, of the last few years. Hyperbole? Maybe, but the exacerbated levels of quality, integrity and passion that Josh Cheon puts into everything he does push us into screaming it out loud with all the air left in our lungs. The very poetic nature of the music that he offers us throws our imagination down the ravines of excess and forbidden romance, making fun of us as we hesitate to plunge into pitch-black darkness and calling us squares, right after, for being afraid of opening our hearts to the most innocent and pure of emotions. Vulnerability and audacity holding hands, always. Josh Cheon is part of Honey Soundsystem - the best parties in San Francisco, it is said. He's also a one-of-a-kind digger, not just finding rare records in remote shops but visiting forgotten basements to rescue lost tapes of porn soundtracks by Patrick Cowley - that kind of digger. On Dark Entries he incessantly releases beautiful, perfect music; reissues and previously unreleased gems that prove to be crucial to our modern idea of bodily music, mixed with new music that exists out of time. Electro, italo, cold wave, new beat, rock, techno, all of it is brought to us with the highest ethical sense - all reissues are authorized, mastered from original tapes and DATs, with a quality that makes them collectible even for those who had the originals. All of this while he tours the world as a DJ. Josh Cheon is a force of nature, a true structuring pilar of (our) underground scene. It truly is to amplify the electric signals of visionaries like him that our custom built Funktion One system exists. Helena is on a league of her own; in a music scene that swears solemnly to be underground but whose recent evolution appears to be indistinguishable from what happens in social networks, Helena Hauff keeps a very indirect relationship with online self-promotion. A few interviews, mixes and not a lot more. It's not a militant things, it's just lack of interest; her time is mostly dedicated to records - discovering them, studying them, making them. It's just that playing the most radically defiant dance music at the label that she does, rubbing shoulders with the biggest and best in renowned clubs and festivals around the world, isn't something you can do easily. Helena Hauff changed the fascinations of global clubbing. And don't dare saying she "open doors for women DJs" of unconventional music taste; she opened doors to new realms of dance music. Period. She took otherworldly-Drexciya-style-electro from small stages and secondary rooms to the main stage, and open new horizons for crowds accustomed to scream to the sound of the more conformed side of 4/4 house and techno beats. If there's a new futuristic electro craze that's partially due to fact that Helena Hauff didn't cave to expectations and managed to still (or even more) make the blood of clubbers and ravers boil. Nowadays it's common to see DJs that are symbols of that genre, such as DJ Stingray, more than deservedly placed at the top of line ups. Electro in 2017? It's a thing. - Inês Coutinho
