18:00 até às 21:00
Ciclo de cinema comissariado e apresentado por Olivier Hadouchi

Ciclo de cinema comissariado e apresentado por Olivier Hadouchi

CINEMA, OSPAAAL E LIBERTAÇÃO – Ciclo de cinema comissariado e apresentado por Olivier Hadouchi

Sessão #1 – Quarta-feira, 20 de Setembro das 18h30 às 20h
Sessão #2 – Sexta-feira, 22 de Setembro das 18h30 às 20h
Última sessão seguida de conversa com Olivier Hadouchi

Entrada: €3 (inclui acesso à exposição)


Na sequência da fundação da OSPAAAL, nascida da Conferência Tricontinental de Havana em Janeiro de 1966, um conjunto de destacados cineastas e documentaristas latino-americanos, entre os quais se contavam nomes como Santiago Álvarez, Glauber Rocha, José Massip, Fernando Solanas e Octavio Getino, realizaram filmes de inegável impacto e relevância política e estética, nos quais se combinava a invenção formal e a militância a favor da luta anti-imperialista e da libertação do terceiro mundo. Reunidos de modo informal em torno do manifesto Hacia un Tercer Cine, assinado por Solanas e Getino nas páginas da décima sexta edição da revista Tricontinental (publicação OSPAAAL, 1969), o movimento de experimentação e combate artístico iniciado por estes autores veio a inspirar um conjunto alargado de cineastas e colectivos na América Latina, em África, na Europa e nos sectores mais radicais dos Estados Unidos, a estabelecer uma via alternativa ao modelo industrial de Hollywood (primeiro cinema) e ao modelo autoral defendido em publicações como “Cahiers du Cinéma” ou “L’Écran français” (segundo cinema). O terceiro cinema foi, portanto, uma arma discursiva e visual ao serviço da libertação dos países do Terceiro Mundo, um gesto a favor da descolonização cultural e dos movimentos revolucionários.

 

Sessão #1 – Quarta-feira, 20 de Setembro


Now! (Santiago Álvarez, Cuba, 1965) 5 min
 
Curto filme de elevado cariz experimental, Now! foi realizado em solidariedade para com as lutas dos afro-americanos face à segregação racial nos Estados Unidos. Com este filme, cuja articulação com a com banda sonora, interpretada por Lena Horne, o tornou num dos primeiros videoclipes, Santiago Álvarez aparece como mestre da “montage” (dialogando, ainda que inadvertidamente, com as práticas de Vertov e Einsteisen) e da ”collage”, sem deixar de jogar também criticamente com a ”Pop Art”.

 
Hanoi Martes 13 (Santiago Álvarez, Cuba, 1967) 37 min

Aquele que foi o primeiro filme feito para a OSPAAAL, Hanoi Martes 13 foi filmado no meio da guerra do Vietname e documenta a resistência dos civis vietnamitas contra a repressão imperialista norte-americana.


Hasta la victoria siempre (Santiago Álvarez, Cuba, 1967) 19 min

Santiago Álvarez realizou este filme em homenagem a Ernesto Che Guevara pouco depois do seu desaparecimento na Bolívia, em Outubro de 1967. Não se trata aqui de propor uma leitura cristalizada e hagiográfica do herói, mas antes dar uma imagem em movimento de Che, como que para mantê-lo vivo e lutando para sempre… até a vitória final.

 
79 Primaveras (Santiago Álvarez, Cuba, 1969) 24 min

Um dos mais inventivos e experimentais filmes de Santiago Álvarez, realizado a partir de imagens de arquivo e jogando com o som e uma banda sonora composta por música pop e clássica. Jean- Luc Godard considerou este como um dos melhores retratos da guerra no Vietname, chegando a dedicar um capítulo da sua História(s) do cinema em homenagem a Álvarez.

 

Sessão #2 – Sexta-feira, 22 de Setembro
Última sessão seguida de conversa com Olivier Hadouchi

La hora de los hornos (Fernando Solanas, Argentina, 1968) extractos: 20 min

Filme de culto com a duração de quatro horas e meia, La hora de los hornos problematiza e pugna pela libertação na Argentina e no Terceiro Mundo a partir de uma perspectiva anticolonial e anti- imperialista. Recorrendo, de modo contundente, a vários tipos de fontes (documentários, arquivos, etc.) este filme lança um olhar crítico não só sobre a sociedade, mas também sobre a cultura na Argentina. Um filme de contra-informação, ensaístico, panfletário, combatendo as visões dominantes na convicção de que – como é dito no filme – ”As comunicações de massa são mais eficazes do que o napalm”.

 
Madina Boe (José Massip, Cuba, 1968) 30 min

Um importante testemunho sobre a guerra de libertação contra o colonialismo português na Guiné-Bissau e, em particular, na localidade de Madina Boé. Neste filme, encontramos imagens de Amílcar Cabral com guerrilheiros PAIGC que viriam a ser incluídos em muitos outros documentários.

 
El tigre saltó y mató, pero morirá… morirá (Santiago Álvarez, Cuba, 1973) 15 min

Obra de resposta ao golpe que, a 11 de Setembro de 1973, derrubou o governo de Salvador Allende e da Unidade Popular no Chile. Numa atitude de denúncia face ao regime ditatorial de Pinochet e à repressão que este exerceu sobre a esquerda chilena e sobre os mais variados sectores populares, este filme é um grito contra uma ditadura selvagem no Cone Sul da América Latina e um apelo à resistência popular contra aquele regime.

 
Milagro en la tierra morena (Santiago Álvarez, Cuba, 1973) 21 min

Filme muito raro e bastante desconhecido sobre a Revolução dos Cravos, com entrevistas a membros do MFA português e imagens de Amílcar Cabral e da resistência na Guiné-Bissau. Um olhar sobre a libertação da palavra e do modo como ela ocupou as paredes de uma cidade em pleno processo revolucionário.

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Olivier Hadouchi

Nascido em Paris, em 1972, Olivier Hadouchi é historiador e programador de cinema. Em 2012 defendeu a tese de doutoramento na Universidade de Paris III intitulada O cinema nas lutas de libertação: génese, iniciativas práticas e invenções formais em torno da Tricontinental (1966- 1975). Em 2012 participou nas exposições colectivas Action Painting Publishing! – Architectures du colonialisme, uma iniciativa do grupo Architectures du colonialisme, criado por Marion Von Osten nos Laboratoires d'Aubervilliers e no espaço dedicado a Michèle Firk, bem como na exposição colectiva De Menocchio conhecemos pouco, no Bétonsalon. Programou ciclos para o BAL, para a HEAD e para o cinema Grütli, em Genebra, para o Bétonsalon, para a exposição Populaire, Popular 3, na Écran de St Denis. Co-organizou, com Nicole Brenez, a retrospectiva Jocelyne Saab na Cinemateca Francesa e, em 2012, deu palestras em escolas de arte em Lyon, Nantes, Lorient, La Reunion, Alba ou Beirute. Participou em numerosas conferências e apresentações de filmes em festivais e sessões especiais. É co-programador do Panorama de Cinema do Magrebe e do Médio Oriente.
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