16:00 até às 19:00
Inauguração da exposição 'Do arquivo e do silêncio'

Inauguração da exposição "Do arquivo e do silêncio"

Grátis
No próximo sábado, 9 de setembro, pelas 16h no Espaço MIRA inaugura a exposição individual 

"Do arquivo e do silêncio"
de  José Maçãs de Carvalho

Texto crítico de Eduarda Neves

Curadoria: José Maia



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Nenhum começo e todos os segredos

A origem é a actualidade [Toni Negri]

Na materialidade das imagens o arquivista inscreve o tempo, procura camadas silenciadas, reinventa o arquivo. É este que, nas palavras de Michel Foucault, estabelece a nossa diferença, fazendo ecoar que a “nossa razão é a diferença dos discursos, a nossa história a diferença dos tempos, o nosso eu a diferença das máscaras. Que a diferença, longe de ser origem esquecida e recoberta, é a dispersão que somos e que fazemos”. 1   As imagens que José Maçãs de Carvalho liberta do inventário regulador, desestabilizam a unificação da memória colectiva. Tecem-se em múltiplos trajectos através dos quais cada uma desenha as suas variações. 

Procura-se no arquivo - nessa rede que se constrói entre os diversos elementos de um conjunto heterogéneo - o dito e o não-dito, a nossa actualidade. O corte que afasta as obras da continuidade e da identidade temporal é o mesmo que as aproxima das modalidades concretas da existência e da superação dos seus limites. Territórios singulares, pessoas e narrativas em deriva, impossibilitam o fechamento, diluem as razões nas resistências da história. 

Levantar o papel. Carimbar o papel. Marcar o papel. O corpo organiza o aparelho de produção. Através do movimento se opera a decomposição individualizadora da força de trabalho. Dividir, distribuir e repetir para que o arquivo se torne útil. Há marcas em todo o lado. As marcas são sempre diferentes mesmo quando os efeitos parecem reconhecíveis ou semelhantes, mesmo quando as condições ideológicas aparecem como condições de verdade.
 Nenhuma marca se faz sozinha, cada uma é obstinadamente os tempos do nosso tempo. Como em  “Des Voeux Road” – forever young.

Combinações desarrumadas entre as palavras e as coisas, o objecto e a sua representação. Entre murmúrios e segredos, formas do visível e formas do enunciável, o que é realmente dito? O que queremos dizer? O que queremos ouvir? O que somos capazes de ouvir? Conta-me um segredo.

Eduarda Neves


*1_Michel FOUCAULT – Arqueologia do Saber. Rio de Janeiro: Editora Forense, p.148-149.




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José Maçãs de Carvalho trabalha em fotografia desde os anos 90 e em video desde 2000. Participou em diversas exposições coletivas e individuais. Entre 2011 e 2017 realizou várias exposições individuais em torno do tema da sua tese de doutoramento (arquivo e memória): no CAV, Coimbra; Ateliers Concorde, Lisboa e Colégio das Artes, Coimbra; Galeria VPF, Lisboa; Arquivo Municipal de Fotografia, Lisboa, Museu do Chiado e MAAT. Publicou o livro “Unpacking: a desire for the archive” pela Stolen Books, em 2014. Em 2015 foi publicado um livro de fotografias suas, “Partir por todos os dias”, na Editora Amieira. Já em 2016 participa no livro “Asprela”, fotografia sobre o campus universitário do Porto, editado pela Scopio Editions e Esmae/IPP. Em 2017 publica o livro “Arquivo e Intervalo”, na Stolen Books, com colaborações de Pedro Pousada, José Bragança de Miranda, Adelaide Ginga e Ana Rito.

É doutorado em Arte Contemporânea - Colégio das Artes da U. de Coimbra, (2014); estudou Literatura nos anos 80 na U. de Coimbra e Gestão de Artes nos anos 90, em Macau onde trabalhou e viveu; Professor no Dep. de Arquitetura e no Colégio das Artes (Subdiretor) da Universidade de Coimbra.




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Entrada livre 
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Espaço MIRA
Rua de Miraflor 159, 4300-334, Campanhã, Porto
terça a sábado, 15:00 - 19:00
contacto@espacomira.net
929 145 191 // 929 113 431
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