Esta noite grita-se... Hamelin! de Juan Mayorga. 23 de Junho, 21h30 - Bar Irreal (entrada livre) 24 de Junho, 21h00 - Fábrica Braço de Prata (5€ para entrada geral no recinto) «Hamelin é uma peça sem luzes, sem cenários, sem figurinos. Uma peça em que as luzes, os cenários, os figurinos são postos pelo espectador», como escreve o próprio autor. É por isso uma peça escrita para soar no campo da imaginação, onde bastam apenas as palavras para criar novos mundos. E não será esse um dos grandes poderes do teatro, o de dar voz às palavras e rédea solta à imaginação? Hamelin, estreada em Portugal em 2007 pelos Artistas Unidos, foi um espectáculo profundamente tocante no meu precurso enquanto espectador e, mais tarde, enquanto fazedor de teatro. Tendo como tema de fundo o conto de Hamelin, Mayorga leva-nos a pensar sobre a sociedade actual. Sobre como lidamos com as "epidemias" morais que assolam as nossas cidades e como tratamos quem luta contra essas epidemias. Sobre como o brilho desses salvadores pode cegar. Sobre ser pai. Como falar a um filho pode ser a coisa mais difícil do mundo. E sobretudo - sobretudo e sempre! - sobre ser humano. Por fim, Hamelin representa a passagem para a minha vida adulta no teatro. Representa um enorme prazer de ter conhecido o actor António Filipe, que protagonizou o espectáculo de 2007, e que tanto me deu e ensinou. Representa, para mim e para o grupo de actores e músicos que integram esta leitura, uma simples mas bonita homenagem ao Tó. Filipe Abreu FICHA TÉCNICA E ARTÍSTICA Esta noite grita-se… Hamelin! Texto: Juan Mayorga Tradução: António Gonçalves Direcção: Filipe Abreu Interpretação: Ana Saragoça, Elsa Galvão, Filipe Abreu, Luis Filipe, Miguel Maia, Paula Fonseca, Paulo Pinto, Patrícia de Deus e Pedro Carraca Música ao vivo: Eduardo Abreu e Miguel Fevereiro Gravação de Som: Felix Brückelmann Fotografia: Sónia Godinho Photography Desenhos: Catarina Rodrigues Design Gráfico: Patrícia de Deus Uma co-produção: Inquietarte e Companhia Cepa Torta «MONTEIRO - Precisava de ser cem anos mais velho para julgar um caso destes. E precisava de mil anos para encontrar as palavras que o meu filho precisa de ouvir. RAQUEL - Como é que o seu pai começava? Se é que o seu pai falava consigo. MONTEIRO - Contava-me “O flautista de Hamelin” e tirava conclusões.»