Temos muito gosto em convidar para o próximo EncontrArte deste cíclo de exposições na Galeria Belo-Galsterer: uma conversa entre o artista Alexandre Conefrey e o artista Carlos Correia que escreveu o texto de exposição sobre esta nova série de trabalhos de A. Conefrey.
Carlos Correia fala de "uma viagem" à qual o artista nos convida, de que "Antes de mais, alertamos para o facto de que é de uma viagem que aqui se trata; de um percurso acidentado e durante o qual não é permitido o uso de qualquer espécie de cinto de segurança; contudo, devemos igualmente deixar claro que um risco que conduz o lápis do ponto A ao ponto B, não deixa de ser um modo de viajar. [...]
A sensação de que aqueles traços de grafite - orquestrados na forma que se nos dava a ver - clamavam por subir, mantinha-se e, por esta altura, era já corroborada por uma ou outra pista e por este ou aquele indício. A confirmação absoluta, contudo, veio mais tarde e teve lugar quando vimos os desenhos grandes, estendidos no chão. Nós de pé e eles deitados. Mas não se julgue que esta validação foi condutora de uma qualquer espécie de estabilidade. A saber: o substantivo aumento de escala destas obras em relação às de mais pequena dimensão, fez com que a força de atracão que sentíamos perante os desenhos mais pequenos (e que operava no sentido de sermos nós a sugar aqueles fios de grafite), fosse agora intensificada e, de certa forma, invertida: já não somos nós que sugamos aquelas linhas de grafite, mas sim elas que nos sorvem. E é precisamente neste ponto que a condição de espectador destas obras se adentra no estranhamento, pois somos como que transportados para um ponto sobre o qual se cruzam uma multiplicidade de jogos de força; escusado será dizer que esse transporte não tem direito a bilhete de volta."
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