Em Abril, distopias mil. Não é bem assim o ditado, mas podia ser. No mês em que celebramos a liberdade e a democracia, dedicamos o ciclo do Clube de Cinema de Setúbal a esse subgénero da ficção científica, em que se reflecte de coisas sérias da actualidade como se fossem brincadeirinhas do futuro. E que melhor altura para reflectirmos sobre o nosso futuro do que agora, em que o mundo parece ter enlouquecido? As sessões decorrem todas as quintas-feira, na Casa da Cultura de Setúbal. Têm início às 21h30 e o bilhete custa apenas 1 euro. PROGRAMAÇÃO: ********************* Dia 13 - 1984, de Michael Radford (1984) - 113m. "1984", de George Orwell, continua a ser a distopia de eleição. Escrito em 1949, este romance sobre um regime autoritário e vigilante sob a égide do "Big Brohter", o grande irmão que todos observava e controlava, continua assustadoramente actual. Não é por acaso que as vendas do livro voltaram a subir aquando da eleição de Donald Trump. Para assinalar a data, Michael Radford adaptou o livro ao grande ecrã no ano de 1984, transpondo para imagens a história de rebelião de um John Hurt que se apaixona contra todas as regras e normas em vigor. Dia 20 - Eles Vivem (They Live), de John Carpenter (1988) - 94m. Por mero acaso, Roddy Piper descobre uns óculos de sol que encerram um segredo tremendo. Ao usa-los, consegue ver que, na realidade, a humanidade foi tomada por extraterrestres reptilianos, que vão impondo o seu regime totalitário e alienado com mensagens subliminares e propagandísticas. Imagens do filme têm sido utilizadas cada vez com mais regularidade na internet, para ilustrar várias situações da actualidade. Afinal de contas, que outra justificação podemos encontrar para explicar episódios como a eleição de Trump ou o crescimento do nacionalismo em vários países ocidentais? Dia 27 - A Batalha Real (Battle Royale), de Kinji Fukasaku (2000) - 114m. 42 estudantes, três dias e um ilha deserta: bem vindos à Batalha Real! Obrigados por decreto governamental, quatro dezenas de estudantes do liceu têm que se degladiar até à morte numa ilha deserta, de onde só um pode sair vivo. Ou então todos morrem. O filme de culto de Kinji Fukasaku (que serviu de inspiração para o mega-sucesso de Jogos da Fome) aborda em situações extremas a questão das relações humanas e como a sobrevivência determina os seus valores de honra, ética e moral. Além disso, é ainda uma distopia que faz uma crítica velada à era da globalização e à alienação dos meios de comunicação. Sempre com muito gore à mistura.
