Por esta altura metade de vocês já deve ter ouvido a Selectors 002 do Young Marco para a Dekmantel. Aos que ainda não ouviram, está na hora de o fazer. A tour da Selectors Presents Young Marco vai passar pelo LuxFrágil. A Lena Willikens também vem. Toda a noite na Disco. Não vão querer perder isto. Young Marco Cresceu como um skater, fã de pós-hardcore americano, hip hop old school e dos primeiros discos da Warp. Já passou por turmas tão seminais como a Rush Hour, ESP Institute ou a Red Light, mas sempre fez tudo à sua maneira. Passou anos a batalhar pelo seu som no underground de Amsterdão, onde aperfeiçoou a sua arte: a de misturar com intenção e espírito ecléctico coordenadas tão aparentemente distantes como disco do médio oriente, proto-house perdido, techno de recorte industrial ou jack pulsante de Chicago. A sua queda para encontrar música fora de formato, 'desclássica', faz dos seus sets uma descoberta sempre especial, que o leva em tournées mundiais - e o sentou na cadeira de compilador para a respeitada série de colectâneas 'Selectors' da Dekmantel. Esta visão para o invulgar também permeia para a música de Young Marco: tanto os seus originais com as suas remisturas (já reviu faixas de Heatsick, Joakim, Francis Bebey ou Soft Rock) têm um ADN pitoresco, melodioso, único. O seu álbum Biology é uma janela privilegiada para este seu mundo interior, e de há ano e pouco para cá, também o é a sua editora Safe Trip. E como se o tempo esticasse só para si, ao lado do pioneeiro ambient italiano Gigi Masin e do inglês Jonny Nash faz a música enfeitiçante enquanto Gaussian Curve. Um verdadeiro Selector, de corpo e alma, que esperamos também de corpo e alma na pista de Santa Apolónia. Lena Willikens Foi a partir das cidades alemãs de Colônia e Dusseldorf que Lena construiu a sua sólida reputação de digger e DJ; tornou-se residente do clube Salon Des Amateurs - uma referência para fãs de música não-conformista, não necessariamente electrónica, nem sempre de dança - e as sessões que aí tem vindo a criar são hoje consideradas míticas. Da mesma forma, também os programas que faz para a Rádio Cómeme, de Matias Aguayo, a catapultaram para a atenção dos mais exigentes e para um calendário de DJing invejável. Na rádio, como à frente das pistas de dança, mostra-nos o fio condutor que percorre um autêntico mapa mundi de sensibilidades e proveniências, conjugando achados do Líbano, da Etiópia, Nigéria, Japão, Ghana, Burkina Faso e outros. Mas mais do que apenas descobrir e documentar, Lena Willikens constrói, intuitivamente, narrativas que fluem com os corpos na multidão, e o controlo que exerce sobre a pista de dança é notável - mesmo evitando os lugares comuns e fórmulas fáceis que abundam na música de dança. A sua presença constante nos clubes e festivais mais interessantes do mundo - que nem sempre são os mais populares - reforçam a sua aura de relevância e mistério, e aquilo que nos irá trazer na sua vinda a Lisboa será certamente ouro aural, raro e irresistível. - Inês Coutinho \\ ENGLISH // Young Marco He grew up a skater, fan of american post-hardcore, old skool hip hop and Warp's first records. He's been part of seminal music gangs like Rush Hour ESP Institute or Red Light, but he's always done things his way. He spent years battling to break his sound in Amsterdam's underground, where he perfected his craft: to blend with intent and eclectic logic coordinates as apparently distant as middle-eastern disco, lost proto-house, industrial-inspired techno or pulsating Chicago jack. His aptness to find off-kilter music and 'unclassics' makes his sets an ever-special discovery that has taken him in world tours and has sat him in the compiler chair for the respected Dekmantel series 'Selectors'. This penchant for the unusual also permeates to Young Marco's music: both his originals and his remixes (he has re-worked tracks by Heatsick, Joakim, Francis Bebey or Soft Rock) have a picturesque, melodic, unique DNA. His album Biology provides a privileged window to this inner world of his, and since late 2015, his label Safe Trip has done the same job. And, as if time will stretch just for him, he makes bewitching music as Gaussian Curve alongside Italian ambient pioneer Gigi Masin and British musician Jonny Nash. A genuine selector, body and soul, that we eagerly await, body and soul too, in Santa Apolónia's dancefloor. Lena Willikens It was from the German cities of Cologne and Dusseldorf that Lena built her solid reputation as a digger and a DJ; she became a residetn at club Salon Des Amateurs - a reference for fans of non-standard music, not necessarily electronic, not always for dancing. The sessions she's known to create there are considered mythical, and so are her radio shows for Rádio Cómeme of Matias Aguayo, a body of work that brought her massive exposure and an enviable DJ schedule. On the radio like at the commands of a dancefloor, Lena Willikens shows us the thread that links an authentic mapa mundi of sensibilities and provenances, conjugating finds from Lebanon, Ethiopia, Nigeria, Japan, Ghana, Burkina Faso and other places. But more than discovering and documenting, Lena intuitively builds narratives that flow with the bodies in the crowd, and the control that she exerts over the dancefloor is remarkable - even if avoiding the clichés and easy routes that are so abundant in dance music. Her constant presence in the most interesting (not necessarily the most popular) nightclubs and festivals in the world reinforce her aura of mystery and relevance, and what she'll bring to us will be none other than pure aural gold, rare and irresistible. - Inês Coutinho
