Programa de rádio, editora e noite que celebra a música a que um dia chamaram "underground house music from a paradise called portugal" Noite Paraíso com: Rui Vargas (90s school set) Belita (90s school set) Photonz b2b Violet JOSÉ ACID Rui Vargas (90s school set) Um dos indiscutíveis pilares do underground lisboeta, Rui Vargas não só esteve presente em vários momentos-chave da nossa dance scene como continua, com uma carreira com mais de 25 anos, a desenhar o futuro da mesma com intuição quase profética. Fá-lo, sobretudo, abraçando o DJing de duas formas que o apaixonaram desde cedo: aos comandos das pistas de dança e na rádio. Começou o seu percurso de divulgador como radialista, na segunda metade da década de 1980, e desde aí trilhou um caminho de excelência que o levaria à Antena 3, onde faz hoje em dia o programa de autor "Música Com Pés e Cabeça". Pelo caminho protagonizou ainda momentos icónicos do underground radiofónico português, como a sua passagem pela extinta Voxx, onde durante vários anos fez um dos programas mais seminais do final dos anos 1990 e início dos 2000: o "Casa, Bateria e Baixo". O seu percurso à frente das pistas de dança foi, talvez, ainda mais celebrado e relevante. Começou em 1988 e desde cedo firmou o seu lugar no centro da cena underground portuguesa a partir das cabines de dois dos clubes mais influentes de Lisboa, primeiro no Frágil e depois no Lux, onde foi programador desde a primeira hora. Foi, em meados dos anos 90, talvez o mais notório impulsionador do Garage House americano, com uma estreita relação com a editora nova-iorquina Tribal - selo que viria depois a abrir os olhos do mundo para a produção house nacional com a edição do hino "So Get Up" dos Underground Sound of Lisbon e compilações como Total Kaos. Rui Vargas soma, entretanto, não só uma das residências mais marcantes do clubbing Lisboeta, aos comandos do Lux, mas também passagens por alguns dos clubes mais relevantes do planeta, como Panorama Bar e Watergate (Berlim), Ministry of Sound (Londres), D-Edge (São Paulo), Goa (Madrid), Showcase (Paris) ou Kama Kama (Toscânia), com actuações que demonstram frescura e um instinto certeiro para aquilo que une as pessoas sob um mesmo groove. Belita (90s school set) Foi das primeiras mulheres a trabalhar como DJ em Portugal. Ainda assim, apesar da sua presença na primeira vaga da nossa música de dança, Belita raramente se refere à sua incursão pelo DJing como uma profissão; foi um acaso, costuma dizer. Começou a passar discos em 1987, no Bar KGB, no Estoril, e depois disso continuou, motivada pelo entusiasmo do público, que aderiu rapidamente à sua selecção musical que inclui discos de house, funk, soul, techno, jazz entre outros géneros que completam o seu gosto musical amplo. Partilhar música é algo que, ainda hoje, prefere fazer entre amigos, mas pela pureza que mantém com a música e a skill com que sincroniza ritmos, passou frequentemente por vários dos clubes de referência do país, como o Pacha de Ofir, Plateau, BBB, Álcool Puro, Fluid, Estado Líquido, entre muitos outros. Tocou também nas primeiras raves portuguesas, inclusivé as seminais festas de Xabregas, onde partilhou cabine com outros pioneiros, entre eles Rui Vargas, Tó Ricciardi e outros. Recentemente juntou-se à equipa da Rádio Quântica para nos dar "África" - um programa dedicado à melhor música de dança feita no continente que a viu nascer e crescer. Photonz Embora a sua música soe sempre fresca, Photonz já anda nisto há mais de uma década: Marco Rodrigues lançou o seu primeiro EP em 2006 na editora londrina Living Records e, desde então, construiu um caminho ladrilhado de música de dança inventiva que lhe deu um perfil de culto entre fãs de música de dança crua, inspirada no movimento rave. As suas produções foram lançadas em editoras underground tão icónicas como 20/20 Vision, Skylax, Dissident, Crème Organization (e a sua sub-label R-zone), Unknown To The Unknown de DJ Haus e muitas mais. É o produtor por detrás de uma das faixas underground mais ubíquas do ano passado, o seu remix para 'Institute of the Overmind' de Legowelt foi parar às malas de discos de um vasto número de DJs de topo - incluindo Mike Servito, DJ TLR, Adriatique, Volvox ou DJ Haus. O seu som, enquanto DJ e produtor, é uma nova abordagem aos legados da house de Chicago, techno (e electro ao estilo Drexciya) de Detroit e, claro, as influências formatvas da cena rave portuguesa dos anos 90 e nomes-charneira como DJ Vibe ou Kaos Records. O resultado é um som-assinatura que lhe grangeou o apoio do luminários como Legowelt, Blawan, Ben UFO, Trevor Jackson, Jackmaster ou Dan Avery e levou as suas DJ skills a clubes em Berlim, Londres, Paris, Lyon, Barcelona e mais cidades europeias - incluindo também aparições em festivais como o Sònar Barcelona, Lovebox de Londres ou o português Sudoeste. Marco é também fundador da One Eyed Jacks, uma editora que é sinónimo de alguma da música de dança mais essencial vinda de Portugal - e casa das primeiras produções de artistas como Violet, Roundhouse Kick, Pal +, Lake Haze e do design gráfico de Márcio Matos, também da Príncipe Discos. Essa mesma dedicação ao underground português manifestou-se ainda quando, em 2015, Marco juntou forças com Violet para fundar a estação de rádio online Rádio Quântica, também a nova casa do seu programa Princípio da Incerteza. Violet É o alter ego da produtora lisboeta Inês Coutinho. Além das suas produções e remixes para selos como Wicked Bass, Cómeme, Paraíso, Snuff Trax e a sua One Eyed Jacks desde 2012, é também co-fundadora da Rádio Quântica, onde faz curadoria de programas e noites - e também os seus próprios shows regulares, Summer Of Love e Venus Rising. Imprimindo um cunho feminista em todos os seus gestos artísticos, tem vindo a lançar uma série de versões de faixas clássicas no Dia Internacional da Mulher em colaboração com artistas de todo o mundo. A cover de 2015 da 'Transition' dos Underground Resistance foi amplamente elogiada - até pelos criadores da faixa original. Ao ouvir 'Transition', Donatella Versace pediu a Violet para produzir música para os desfiles da marca nas semanas da moda de Paris e Milão em 2016. Este ano, juntou uma crew ainda maior de artistas e juntas re-escreveram 'I Need A Freak' de Sexual Harrassment, 'Promised Land' de Joe Smooth e 'So Get Up' dos Underground Sound of Lisbon. Os DJ sets de Violet criam viagens sónicas que abraçam house clássica, bem como techno abrasivo, jack beats mutantes e as suas próprias produções melódicas e percussivas e fizeram dela uma escolha regular de clubes e festivais em vários países da Europa. Também faz as suas próprias festas em Lisboa e Londres: a noite Suspiciously Delicious com Elles e Iona, Summer Of Love com as suas A.M.O.R., Mina com Photonz e o colectivo Rabbit Hole e as Rave Sem Fim da One Eyed Jacks. JOSÉ ACID Também conhecido como Shcuro, outro alter ego sob o qual produz algum do techno mais escuro e interessante que se faz em Lisboa, José Acid é um DJ e produtor que vê no acid original de Chicago uma matriz-base para explorar todos os desdobramentos rave que interessa sentir. É multifacetado a vários níveis, não só no artístico: é também o fundador da editora, do programa de rádio e agora da noite Paraíso. Criou a Paraíso com uma missão simples, a de disponibilizar uma plataforma de divulgação e celebração da história da música de dança em Portugal. Não se prendendo apenas ao seu passado, ajuda a tecer o seu futuro. Os sets de José Acid são uma viagem bem desenhada, com contornos cirúrgicos mas cheia de contrastes: desde o acid visceral até ao electro cru de influência drexcyiana, cria uma paisagem dinâmica e colorida que já o levou a clubes e festivais em Lisboa, Porto, Barcelona e Berlim. O primeiro EP de José Acid, ‘10000 Anos Depois Da Rave’, saiu em 2015 pelo selo portuense 1980 com uma remistura de Photonz e recebeu elogios da revista britânica The Wire. Contribuiu para uma compilação de acid da Kobayashi records e no fim do ano passado, a sua faixa ´No Ego', um ode às linhas de baixo mais emocionais e abrasivas da Roland TB303, viu a luz do dia num 12" de vários artistas na sua Paraíso. - Maria Borges \\ ENGLISH // Rui Vargas (90s school set) One of the indisputable pillars of Lisbon's underground, Rui Vargas was not only present in several key moments in the local dance scene but is still, after a career spanning over 25 years, drafting up its future with a near-prophetic intuition. He does it, above all, by embracing DJing in the two forms that he's been passionate about from early on: on the commands at the dancefloor and on the radio. He started his journey as a radio host, in the second half of the 80s, and since then he has paved a path of excellence that would eventually take him to the national radio, Antena 3, where he runs his show "Música Com Pés e Cabeça". In the meantime he was also part of essential moments in underground radio history, like his work at the now-defunct Voxx, where for several years he did one of the most seminal shows in the late 90s and early 00s: "Casa, Bateria e Baixo". His path leading dancefloors has perhaps been even more celebrated and relevant. He started in 1988 and, from early on, secured a central role in Portugal's underground scene from the booths of two of Lisbon's most influential clubs, first at Frágil and then at Lux, where he's also been a programmer from day one. Vargas was, in the mid-nineties, perhaps the most notorious supporter of Garage House, with a close relationship with NYC label Tribal - a record company that would later show Portuguese house music to the world by re-releasing the anthem 'So Get Up' by Underground Sound Of Lisbon and compilations like Total Kaos. Rui Vargas nowadays leads one of the most central residencies in Lisbon clubbing, at Lux, and has also graced some of the panet's most relevant clubs, like Panorama Bar and Watergate (Berlin), Ministry of Sound (London), D-Edge (São Paulo), Goa (Madrid), Showcase (Paris) or Kama Kama (Italy), with performances that showcase freshness and an unfallible instinct towards what unites people under a groove. Belita (90s school set) When it comes to female DJs working in Portugal, she was one of the very first, but despite being an important part of our first wave of dance music, Belita very rarely refers to her DJing as a career; it happened by chance, she often says. Her first gig playing records happened in 1987, at Bar KGB, in Estoril. Soon after she was hooked; propelled by the sheer enthusiasm of her audience, Belita continued to serve a wide music selection that included house, funk, disco, soul, techno, jazz and other genres to an eager crowd surrendered to her musical taste. Sharing music is something that, still to this day, she prefers to do among friends, but her untainted love for music and the skill with which she matches beats brought her to some of Portugal's top clubs such as Pacha de Ofir, Plateau, BBB, Álcool Puro, Fluid, Estado Líquido, among many others. Belita also played at some of Portugal's first raves, including the Xabregas warehouse parties where she shared the bill with other Portuguese pioneers, such as Rui Vargas or Tó Ricciardi. Recently she joined the Rádio Quântica family tive give us "África" - a show dedicated to the best dance music made in the continent where she was born and raised. Photonz As fresh as his music may sound, Photonz has been around for over a decade now: Marco Rodrigues dropped his debut in 2006 on a small London label called Living Records and, since then, built a path of inventive dance tracks that got him a kind of cult status among fans of grittier, rave-inspired dance music. His productions have been released on iconic underground labels such as 20/20 Vision, Skylax, Dissident, legendary Dutch label Creme Organization (and its sub-label R-zone), DJ Haus' Unknown To The Unknown and many others. He's the producer behind one of last year's most ubiquitous underground tracks; his remix for Legowelt's "Institute of the Overmind" found its way into the record bags of a vast number of top DJs - including Mike Servito, DJ TLR, Adriatique, Volvox or DJ Haus. His sound as a DJ and producer is a new take on the legacies of early Chicago house, Detroit techno and Drexciya-style electro - always fused with formative influences of the Portuguese rave scene of the 90's and flagship names such as DJ Vibe or Kaos Records. The result is a unique signature sound that earned him the support of luminaries such as Legowelt, Blawan, Ben UFO, Trevor Jackson, Jackmaster and Dan Avery, to name a few, and brought his celebrated DJ skills to clubs in Berlin, London, Paris, Lyon, Barcelona and other cities - including festival appearances in Sonar BCN, London's Lovebox or Portuguese summer festival Sudoeste. Marco is also the founder One Eyed Jacks, a label that's synonymous with some of the most essential dance music coming from Portugal and home to early productions of artists such as Violet, Roundhouse Kick, Pal +, Lake Haze and the the graphic design of Márcio Matos, of Príncipe Discos fame. That same dedication to the Portuguese scene manifested even further when, in November 2015, Marco joined forces with Violet to start the online station Rádio Quântica, also the new home for his long running radio show "Princípio da Incerteza". Violet The alter-ego of Lisbon DJ and producer Inês Coutinho. Besides her productions and remixes for labels like Cómeme, Paraíso, Snuff Trax and her home One Eyed Jacks since 2012, she is also the co-founder of Rádio Quântica, where she curates shows and nights - and also runs her own regular shows, Summer Of Love and Venus Rising. Feminism is present in any of her artistic gestures, most famously her series of versions of classic tracks released on International Womens Day in collaboration with artists from around the world. Her 2014 cover of 'Transition' by Underground Resistance was widely praised - even by the creators of the original track. When Donatella Versace heard 'Transition', she asked Violet to produce music for the brand's fashion shows in Paris and Milan Fashion weeks last year. This year, she got an even bigger crew of artists together and they re-wrote 'I Need A Freak' by Sexual Harrassment, 'Promised Land' by Joe Smooth and 'So Get Up' by Underground Sound of Lisbon. Violet's DJ sets create sonic journeys that embrace classic house, abrasive techno, mutant jack beats and her own melodic, percussive productions and made her a regular choice at clubs and festivals across Europe. She also runs her own parties in Lisbon and London: Suspiciously Delicious with Elles e Iona, Summer Of Love with her rap crew A.M.O.R., Mina with Photonz and the Rabbit Hole collective and Rave Sem Fim by One Eyed Jacks. José Acid Also known as Shcuro, another alias under which he produces some of the most dark and interesting techno coming out of Lisbon, José Acid is a DJ and producer that sees Chicago's original acid as a base to explore all the other meaningful rave incarnations throughout time. He is multifaceted in more ways than just the artistic: he is also the founder of the label, the radio show and now the clubnight Paraíso. He created Paraíso with a simple mission, to provide a platform to spread the word and celebrate Portugal's dance music history. It doesn't limit itself to its past though, it helps come up with its future. José Acid's sets are a carefully designed journey, precise in its outlines but full of contrasts: from visceral acid to drexciyan raw electro, he creates a dynamic and colourful landscape that has taken him to clubs and festivals in Lisbon, Porto, Barcelona and Berlin. José Acid's first EP, ‘10000 Anos Depois Da Rave’, was released in 2015 on Porto label 1980 with a Photonz remix and was praised by British magazine The Wire. He also contributed to an acid compilation on Kobayashi records and late last year, his track 'No Ego', an ode to emotional, abrasive Roland TB 303 basslines, saw the light of day in a various artists 12" on his own Paraíso. - Maria Borges
