O culto de São Gonçalo de Amarante incorpora intensos atributos operativos de antigas e ignotas divindades pagãs. Das mesmas subsiste, o conjunto escultório denominado “o diabo e a diaba”; representando, ainda hoje, antigas potências sexuais.
Delas, de proveniências mais ou menos ignotas, herdou o santo a capacidade de “casar velhas, feias e prostitutas”: situações convenhamos, particularmente difíceis e que requerem intensas valências fecundantes. O irreverente lascivo é aqui, particularmente diversificado. Rapariga “encalhada” que vá às festas de São Gonçalo e deseje casar, deve puxar, três vezes, o cinto que pende da imagem de São Gonçalo.
E, naturalmente, oferecer ao namorado um dos populares e peculiares bolos fálicos que aí se vendem. Que o vernáculo popular denomina, sem pudor; “caralhinhos” de São Gonçalo. Esta intensa valência fecundante acompanhou o culto na sua dispersão pelo território nacional e há-de chegar ao Brasil, onde o obsceno se atenuará, mas o lúdico persistirá e virá a influenciar a própria iconografia.
Dando origem ao aí tão popular “santo de viola”.
Palestrante: Aurélio Lopes – Antropólogo e Investigador
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