23:45 até às 06:00
15 Years Of Soniculture

15 Years Of Soniculture

15 YEARS OF SONICULTURE 
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Peter Van Hoesen
Paula Temple
Apart  (live)
XNX

PETER VAN HOESEN
Desenhar a carvão ou pintar com aquarelas são duas formas distintas de expressão artística que, nas mãos certas, podem provocar iguais doses de admiração e beleza. No entanto, por usarem espectros de cor (ou ausência dela) distintos, é comum provocarem reacções emocionais diferentes. Peter Van Hoesen será um dos DJs do universo do techno actual com maior habilidade para usar ambas as formas com maior impacto. Musicalmente, bem entendido.

Como ficou provado para lá de qualquer dúvida possível em passagens recentes pelo nosso país, o belga Van Hoesen traduz a sua capacidade de manipular faixas e sons, num jogo de espelhos de reflexos infindos, em cujas as superfícies nos confrontamos com as nossas próprias emoções e sentimentos, em sequências de luzes e sombras com uma lógica e instintividade sobrenaturais. Claro que ajuda ser um dos melhores sound designers da cena techno. Claro que é fundamental possuir uma técnica irrepreensível a tocar discos. O EP ‘Quadra’ na ultra-hip Dekmantel (2016) e o sideral/siderante mix-CD ‘Stealth’ (2015, na sua Time To Express) demonstraram isso de forma cabal recentemente. Mas o instinto e a sensibilidade para ler e jogar com uma pista… ou se têm ou se não têm. E quase ninguém os tem como ele. 

Estamos, portanto, perante um feiticeiro espectral do som. Um arquitecto de horizontes infindos pintados a cores orgânicas. Um desbravador de caminhos capaz de nos fazer ir buscar ao mais fundo de nós, tudo aquilo que nos é capaz de levar mais além. Peter Van Hoesen é a definição do techno enquanto força motriz do movimento perpétuo.
- Nuno Mendonça

PAULA TEMPLE
Se há uma ideia subjacente a quase tudo o que a britânica Paula Temple faz, essa ideia é a da desconstrução. De sons, de estruturas, de hierarquias ou tradições. Muitas deles relativos à forma como o techno é tocado, por quem, e em que contextos. Paula Temple representa por isso uma voz fundamental e absolutamente necessária em tempos em que se questiona o papel da música de dança, dos espaços que a albergam, e de quem os frequenta, e em que cada vez mais vozes se interrogam sobre a sua apatia, gentrificação e dogmas.

Não será exagero dizer que Paula Temple está a par de The Black Madonna como uma das artistas que mais batalha pelo reconhecimento pelo papel das mulheres dentro da electrónica de dança, em prol da igualdade de oportunidades e na forma como são vistas pelos seus pares. A sua música e as suas performances híbridas de live e DJ são afirmações contundentes em prol da causa. Embora o seu nome só recentemente seja alvo de atenção, o facto é que já em 2002, talvez no auge da masculinização do techno, estreou-se com o explosivo EP ‘The Speck Of The Future’, cuja faixa ‘Contact’ era um dos pontos altos da célebre mix ‘The Exhibitionist’ de Jeff Mills. Mas após poucos anos, 3 dos quais exibindo um dos primeiros controladores MIDI de sempre feitos para DJing, o MXF8, co-desenvolvido pela própria, retirou-se para as sombras. Segundo a própria, o techno é a sua vida, e não se via a acompanhar o caminho que o mesmo seguir por alturas de 2006, com a onda minimal em alta. Quase 10 anos depois, e logo na histórica label belga R&S, Temple voltava a fazer explodir mentes com faixas como ‘Colonized’ e ‘Deathvox’, e o lugar que sempre deveria ter sido o seu, foi conquistado de pleno direito.

Paula Temple é sinónimo de destroçar, mais do que quebrar, barreiras. Daquelas que constantemente empurram as mulheres para um lugar subalterno, quase decorativo, em relaçao aos homens, no techno. Das que existem entre DJing e produção, com uma forma de tocar vertiginosa em que dezenas de pedaços de faixas se desagregam e recombinam num curto espaço de tempo. Das que por comodismo se erguem entre estilos e estéticas com rótulos. Paula Temple está aqui para abanar e questionar o vosso mundo.
- Nuno Mendonça

APART 
João Luís Simões, natural da Figueira da Foz, 29 anos, expressa-se através produção de música electrónica desde cedo, tendo ido buscar referências às mais diversas áreas. Revela-se no enredo do techno recorrendo a uma imagética abstracta e sonora que intrigam caminhos sinuosos. Em estúdio dedica-se a unir dinâmicas de espectros negros, distantes, com tons obtusos. Alterna melodias intensas quebradas por forças possantes, que se desenvolvem em ambientes enigmáticos e sedutores. Estreou-se na Soniculture, em Abril de 2015, com o EP PARADOX. Neste EP, Apart, reúne quatro temas que representam a esfera que o caracteriza. Esta edição traça o início de um espaço de criação que esboça as primeiras impressões deste produtor.

XNX
Ao contrário do que sucede por exemplo, numa arte como o Cinema, quase sempre consumido num espaço próprio, a forma como consumimos Música está intimamente ligada ao seu contexto. Um mesmo tema pode adquirir significados diversos, se escutado enquanto se olhamos a rua em um dia de chuva, ou ouvida ao volante de um automóvel numa estrada deserta, ao pôr do Sol.
 
Apesar de, enquanto Expander, o contexto da sua música e actividade sempre ter sido primordialmente a pista de dança, desde cedo na sua carreira que Ilídio Chaves explorou esta dualidade bem para lá dos confins da pista. Contribuindo desde 2002, com peças musicais para instalações, projectos vídeo e espectáculos de dança contemporânea, desenvolveu um corpo de trabalho que finalmente reuniu em 2013 no projecto  “Soundtrack From A Life Unexpected”, com o qual inaugurou o Soniclab, um selo paralelo à sua Soniculture e que se apresenta como incubador de experimentação e inovação nas sonoridades electrónicas e artes visuais. O tão vital contexto para a música era dado ao fazer-se acompanhar o CD com diverso material audio/visual que nos permitia construir a narrativa associada ao material sónico. Esta noção de música enquanto parte de um todo conceptual, aplicou-se em 2014 a novo projecto, desta vez “Music For Spas”. Revelando um sentido de humor e toque de ironia que nem sempre associamos a quem produz techno, Ilídio pretendeu que a música quase literalmente tivesse cheiro, com o CD a ser acompanhado de... uma barra de sabão perfumada de lavanda, manufacturada especialmente para este efeito.

Cada apresentação de XNX é, no entanto, a concretização de uma nova ideia. A música é essencialmente ambiental e experimental, mas sempre atmosférica e cinemática, onde se sente a influência que nomes como Coil ou o cineasta/músico John Carpenter tiveram no background de Ilídio. Mas ela muda como mudam a narrativa e a envolvência, o tal contexto, e é legítimo por isso esperar da sua presença neste Sonic Fresh, uma experiência multi-sensorial única concebida propositadamente para esta noite.
- Nuno Mendonça

\\ ENGLISH //

PETER VAN HOESEN
Drawing with pencils or painting with water color are two distinct forms of artistic expression which, in the right hands, can provoke equal doses of admiration and beauty. However, by using distinct color spectrums (or lack of it), they usually provoke different emotional responses. Peter Van Hoesen is one of the DJs in current techno with greater skill in using both forms to bigger impact. Musically, of course.

As was proven beyond any shadow of doubt in recent visits to our country, belgian Van Hoesen translates his ability to manipulate tracks and sounds, into a hall of mirrors of infinite reflections, and in their surfaces we are confronted with our own emotions and feelings, through sequences of light and shade possessed by an instinctive and supernatural logic. Of course it helps that he is one of the techno scene´s most proficient sound designers. Of course it´s fundamental that he´s gifted with an irreproachable technique while playing records. The ‘Quadra’ EP on the ultra-hip Dekmantel label (2016) and the sidereal/mind-warping mix-CD ‘Stealth’ (2015, on his own Time To Express) have demonstrated that in magnificent fashion recently. But the instinct and the sensibility to read and play with a dancefloor… you either have that or you don´t. And almost no one has it like he has.

In fact, we are in the presence of a spectral wizard of sound. An architect of neverending horizons painted with organic colors. An explorer of paths that takes us the deepest recesses of ourselves to find what it is that can takes to the beyond. Peter Van Hoesen is the definition of techno as the primal force of perpetual motion. 
- Nuno Mendonça

PAULA TEMPLE
If there´s an inherent idea common to almost everything the british artist Paula Temple does, that idea is deconstruction. Of sounds, of structures, of hierarchies or traditions. Many of them related to the ways in which techno is played, by whom, and in what contexts. As such, Paula Temple represents a fundamental and absolutely necessary voice, at a time where the role of dance music, of the spaces where it´s played and of those who frequent those spaces, are in question, and in which more and more we interrogate ourselves about it´s apathy, gentrification and dogmas.

It´s no exaggeration to state that Paula Temple is along with The Black Madonna, one of the artists doing more for the recognition that is due to the role of women in the electronic dance scene, in the name of equal opportunities and of recognition amongst their peers. Her music and her hybrid live/DJ performances are powerful statements for the cause. Even though her name only recently gained more exposure, fact is that back in 2002, maybe at the peak of techno´s masculinization, she made her debut with the explosive ‘The Speck Of The Future’ EP, from which the track ‘Contact’ became one of the highpoints of the famous Jeff Mills mix, ‘The Exhibitionist’. But after a few years, 3 of which touring her co-developed MIDI controller MXF8, one of the first ever built for DJing, she retired into the shadows. According to herself, techno is her life, and she couldn´t see herself following the path it was going down on, with minimal on the rise. Almost 10 years later, and right way on the historical belgian label R&S, Temple blew minds again with tracks like ‘Colonized’ and ‘Deathvox’, and the place that should´ve always been hers, was rightly taken back.

Paula Temple is a synonym of destroying, more than kicking down, barriers. Those barriers which constantly push women to a minor, almost decorative place in techno, compared to men. Of the ones that exist between DJing and production, with a vertiginous performance style in which pieces of tracks detach and recombine in a short span of time. Of those that through laziness are erected between styles and aesthetics with labels and tags. Paula Temple is here to rock, and question, your world.
- Nuno Mendonça
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