Concerto/Performance: Alfredo Costa Monteiro 22h "Comecei a trabalhar com papel há mais de quinze anos, quando pela primeira vez, usei um pedaço de cartão como preparação para tocar o acordeão. É, portanto, quase por acaso que comecei a desenvolver uma prática que, com os anos, viria a tornar-se uma obra em si. É em várias configurações que trabalho, desde o aspeto acústico com micro-sons quase inaudíveis à amplificação que, graças aos micros, dão uma identidade e uma potência inesperadas a um material que parecia tão frágil. É um trabalho de superfícies, de contacto de materiais que tornam essa fraqueza uma força, como uma espécie de fenomenologia do quotidiano onde o som é o resultado de um experiência conduzida pelo gesto no seu encontro com a matéria. Suporte desligado da sua função, que é a de receber signo, marca, traço ou texto na sua forma de mensagem e que se torna membrana pronta para vibrar e transmitir outra mensagem, esta, sonora e em forma de ruído. É um solo para papel acústico que vou apresentar no Sismógrafo. É sempre a partir de constrições que trabalho, a fim de expandir estes limites que me restringem; e é dentro destes limites que vão aparecendo outras possibilidades, outras capacidades para produzir objetos sonoros menos óbvios e, portanto, menos previstos. Perto do silêncio, em torno ao silêncio e num quase-nada. " Alfredo Costa Monteiro Barcelona, Dezembro 2016 *A acontecer no dia seguinte à inauguração da exposição "QUE FAZER?", de Ângelo Ferreira de Sousa com curadoria de Óscar Faria, no Sismógrafo* /// "I started working with paper more than fifteen years ago when, for the first time, I used a piece of cardboard as preparation to play the accordion. It is, therefore, almost by chance that I began to develop a practice that, over the years, would become a work in itself. I work in many configurations, from the acoustic aspect with almost inaudible micro-sounds to the amplification that, thanks to the micros, give an unexpected identity and power to a material that seemed so fragile. It is a work of surfaces, of contact of materials that make this weakness a strenght, as a kind of phenomenology of everyday life where the sound is the result of an experience driven by the gesture in its encounter with matter. A medium disconnected from its function, which is to receive a sign, mark, trace or text in the form of a message, becoming a membrane ready to vibrate and transmit another message, this one a sonorous one and in the form of noise. It's a solo for acoustic paper that I'm going to present at Sismógrafo. It is always from constrictions that I work, in order to expand these limits that restrict me; And it is within these limits that other possibilities appear, other capacities to produce sound objects, less obvious and therefore less predictable. Close to silence, around silence and an almost-nothing." Alfredo Costa Monteiro Barcelona, December 2016 *To happen in the following day of the opening of the show "WHAT TO DO?", by Ângelo Ferreira de Sousa, curated by Óscar Faria, at Sismógrafo*