23:45 até às 06:00
Joe Goddard (Hot Chip / The 2 Bears)

Joe Goddard (Hot Chip / The 2 Bears)

"A house pode ser uma experiência espiritual secular, se feita da maneira certa - dançar e cantar em conjunto, como um grupo, existe nas nossas sociedades há centenas de milhares de anos. E ainda é uma necessidade hoje em dia". São as palavras de Joe Goddard, um dos homens mais ocupados da underground musical britânico: para além do seu impressionante percurso a solo, é ainda um quinto dos já lendários Hot Chip, metade dos The 2 Bears e o homem do leme da editora (e soundsystem) Greco-Roman. No meio disto, ainda encontra tempo para remisturas e colaborações vocais, como a que fez este ano com Michael Meyer na !K7.

As suas coordenadas sónicas, informados pela pop, pelo rock independente e pela música de dança, reflectem-se em DJ coloridos e coerentes em medida igual. Na escola, na margem sul do rio Tamisa, era colega de Kieran Hebden a.k.a. Four Tet, que lhe mostrou discos de UK garage de ícones como Wookie - e a obsessão pela música mais dançável continuou, recebendo estímulos de lados tão diferentes como o R&B ou o primeiro album de Basement Jaxx. Depois vieram as idas a clubes míticos da capital inglesa como o Fabric ou à noite FWD>> - e consuma-se aí a paixão pela house. 

Com os Hot Chip, lançou as bases da sua visão indie - na mesma altura em que o som cru da DFA e LCD Soundsystem começava a suscitar curiosidade um pouco por todo o lado. Seis álbuns e um Mercury Prize depois, a relevância desta sua aventura ficou clara para todos. Mas Joe Goddard é um irrequieto de coração, e no despontar da década de 2010 começou com Raf Rundell, também do sul de Londres, a dupla The 2 Bears. A compulsão original de gravar as faixas em fita com um par de drum machines e sintetizadores, mantendo e elevando o erro - e a vida - das composições o mais possível, mantém-se até hoje. A imprensa fala do som de Chicago dos 80s mas Goddard prefere não lhe chamar revivalismo - chama-lhe humanidade. É esta paleta de referências e emoções que vai embater de frente conosco, da maneira mais doce possível, na pista do Lux.
- Inês Coutinho 

\\ ENGLISH //

 "I believe house music can be a secular spiritual experience, when it's done right - dancing and singing together, as a group, has existed in human societies going back hundreds of thousands of years. That's still a need today." These are the words of Joe Goddard, one of the busiest men in Britain's music underground. Besides his impressive solo work, he is also one fifth of the now-legendary Hot Chip, half of The 2 Bears and head honcho of label (and soundsystem) Greco-Roman. He somehow still finds time to work on remixes and vocal collabs, like the one he did this year with Michael Meyer for !K7.

His sonic coordinates are informed by pop, independent rock and dance music and translate into DJ sets that are equal parts colourful and coherent. At school, in the south side of the Thames, he would hang out with Kieran Hebden a.k.a. Four Tet, who showed him UK garage records by icons like Wookie - and Goddard's obsession for dance music continued, stimulated equally by R&B and Basement Jaxx's first album. Soon came big nights out in London at places like Fabric or FWD>> - and his passion for house music was fully formed.

With Hot Chip, Joe Goddard set his indie standard - at the same time that the raw sound of DFA and LCD Soundsystem started to garner curiosity everywhere. Six albums and a Mercury Prize later, the relevance of this adventure became clear to everyone. But Joe Goddard is restless at heart, and as the decade of 2010 started, he and fellow South Londoner Raf Rundell founded The 2 Bears. The original drive to record tracks to tape with a few drum machines and synthesizers, keeping and enhancing the mistakes - and therefore, the life - of their compositions is still intact. The press compares it to the 80s Chicago sound but Goddard would rather not call it a revival - he calls it human. It is this palette of influences and emotions that will hit us right in the face, in the sweetest way possible, at Lux's dancefloor.
- Inês Coutinho
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