18:30 até às 20:30
Um Presépio Tradicional Português no coração do Alentejo

Um Presépio Tradicional Português no coração do Alentejo

O Presépio Tradicional Português integra o programa das celebrações natalícias promovidas pelo Município de Beja e será inaugurado a 8 de Dezembro, às 18h30, pelo bispo de Beja, D. João Marcos, e pelo presidente da Câmara Municipal, João Rocha. Far-se-á ouvir na ocasião o Coro do Carmo, dirigido pelo maestro P.e António Cartageno. Até 6 de Janeiro, suceder-se-ão novas iniciativas ligadas ao ciclo do Natal, entre elas o Cante ao Menino, as Janeiras e os Reis. Uma maneira de relembrar, em clave artística, as raízes cristãs do Natal.

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Bem enraizado na tradição portuguesa, o Presépio está associado a um conjunto plurissecular de manifestações artísticas com uma identidade própria, que encontrou firme expressão em diversas “fórmulas” regionais. As personagens, ancoradas na terra ou enviadas do céu, o quotidiano, tanto rural como urbano, as artes e ofícios populares, a paisagem povoada de serras, grutas, rios, fontes e lagos, a multiplicidade dos animais, domésticos e selvagens, a própria montagem, com os seus sucessivos planos, tudo configura um sistema coerente, destinado a traduzir, em termos plásticos muito apelativos, a realidade cristã do Natal. E tudo obedece, de resto, a uma hierarquia temática, chamada a exaltar a presença de Deus-Menino e dos valores da família, da solidariedade, da atenção aos esquecidos, numa partilha, à escala cósmica, que une todos os seres ao redor desse recém-nascido que encarna o Futuro.

Tal como sucede noutros campos das artes tradicionais, a presepística – ou seja, a arte de montar os Presépios – tem vindo a perder nas últimas décadas os seus segredos, as suas técnicas e, até, parte substancial da sua simbologia. A sociedade de consumo procura apoderar-se da quadra natalícia e não se compadece com a dedicação de consagrar centenas ou milhares de horas à concepção de um Presépio com inúmeras figuras em cenografias que aliam a minúcia ao requinte. Assim, também esta prática artística vai caminhando para um espécie de facilitismo redutor, com soluções improvisadas ou de “pronto-a-vestir”. Isto implica a degradação ou mesmo a perda de um património cultural muito interessante e que tem o especial poder de comover e encantar, independentemente das ideias e crenças de cada um.

Mas há também sinais, em diferentes pontos do país, de um esforço no sentido de manter viva a chama da tradição, tal como ela foi transmitida, de geração em geração, desde tempos antigos. No Alentejo, o Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja tem vindo a “terçar armas” pela manutenção dos Presépios tradicionais da região, cujas raízes ascendem à Idade Média, verificando-se o auge desta manifestação artística e devocional no século XVIII, sob os auspícios do Barroco. Em 2014, um Presépio alentejano esteve montado na Basílica de Nôtre-Dame de Fourvière, em Lyon, a convite das autoridades desta cidade, e recebeu a visita de mais de um milhão de pessoas, sendo distinguido com um galardão internacional para “Historical Cribs” (Presépios Históricos).  

Em 2016, o Departamento do Património uniu esforços à Câmara Municipal de Beja para a montagem, pela primeira vez, de um Presépio Tradicional Português no enquadramento impar da igreja de Nossa Senhora dos Prazeres, o Museu Episcopal de Beja, em pleno centro histórico da cidade. Este conjunto, projectado pelo arquitecto Ricardo Estevam Pereira e pela conservadora-restauradora Sara Fonseca, segue de perto a prática histórica nacional, apresentando alguns pormenores dignas de nota. As figuras e os adereços são oriundos de diferentes localidades da Diocese, o que realça o carácter regional do conjunto, no qual se incluem peças do Paço Episcopal de Beja, do Museu de Arte Sacra de Santiago do Cacém e de outras colecções. A cortiça é proveniente de Brinches (Serpa); o musgo, de Santa Margarida do Sado (Ferreira do Alentejo); as flores e as estrelas de papel foram feitas no Museu de Sines; o desenho do equipamento coube ao Centro UNESCO para a Arquitectura e a Arte Religiosas.

A equipa que assegurou a montagem do novo Presépio quis ligar a tradição à continuidade da prática presepística, pelo que incluiu na sua equipa uma menina de 6 anos, que interveio em todos os momentos da concepção e da realização do projecto. Como se fazia noutros tempos, quando as crianças tomavam parte mujito activa na feitura dos Presépios, Maria Francisca de Paiva colaborou lado a lado com os outros voluntários da iniciativa e, captando rapidamente o seu espírito tradicional, ajudou a imprimir-lhe uma nota de frescura. O bom resultado conseguido nesta experiência leva o Departamento do Património da Diocese a ponderar a oportunidade de alargar a mesma prática, em anos futuros, a alunos das escolas da região, sob a forma de “oficinas de presepística”.
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