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ENTER.Sake | Richie Hawtin・Hito・Gusta-vo

ENTER.Sake | Richie Hawtin・Hito・Gusta-vo

Comecemos pelo fim, para variar. Richie Hawtin é um dos mais geniais e divisivos artistas da história da música electrónica, e do techno em particular. Aliás, talvez o facto de ser divisivo decorra precisamente do seu génio. Porque, como alguém disse um dia, se nunca irritaste ninguém, é porque nunca fizeste nada de relevo. São os rios de controvérsia e elogios que comprovam a magnitude do impacto de Hawtin nesta forma de música que amamos. E no entanto, sobre o trabalho e atitude do próprio ao longo da sua carreia, as palavras que apetece utilizar são “coerência” e “convicção”. Porque Richie sempre seguiu a máxima de que todas as grandes revoluções são feitas de dentro para fora, e não colocando-nos à margem do que queremos mudar.

Assim foi que, com 17 anos, um tímido jovem canadiano (nascido no UK)  de 17 anos, começou a visitar Detroit, o berço do techno que ficava mesmo do lado de lá da fronteira da cidade onde vivia, e pela sua curiosidade e teimosia, levou a que o “Innovator” Derrick May lhe ensinasse uns truques. Em pouco tempo, Hawtin e o seu amigo John Acquaviva estavam a fundar a Plus 8 e, numa mistura de coragem, irreverência e inconsciência, a lançar discos feitos por “dois putos brancos de Detroit”, com um selo vermelho apregoando "The Future Sound of Detroit". Descarado ou visionário, as opiniões dividiram-se, mas o que fica para a história é que Hawtin e a +8 criaram, a par da Underground Resistance, a 2ª vaga do Detroit Techno. Por esta altura, já as desvairadas ideias sónicas de Richie provocavam sismos no centro dos EUA, graças às suas festas JAK, célebres pelo sistema de som “The System” que, segundo a lenda, incluía 35 caixas de graves, e consideradas as primeiras festas a verdadeiramente fazer jus ao princípio de que para fazer uma boa festa de techno, basta um strobe e um PA. E nunca se saberá bem quantos jovens foram para casa aprender a produzir techno depois de presenciar uma JAK. 

A revolução estava em marcha, e nunca mais parou. Como Plastikman, Hawtin ensinou a TB303 a cantar as melodias que ainda hoje Recondite ou Tin Man ecoam. A Ibiza, o idílico berço do Segundo Verão do Amor, trouxe o gélido respirar de Berlim e o maquinal bater de coração das fábricas de Detroit. Aos dogmas do DJing contrapôs as tecnologias emergentes, desmantelando fronteiras entre produtor e DJ, assentes em poderosas apresentações multimédia, em especial nas tours como Plastikman. À velocidade e maximalismo da electrónica, contra-argumentou com o princípio “less is more” tornando o techno minimal num estilo de vida. E depois, tão essencialmente subversivo como no primeiro dia em que pisou Detroit, levou os odiados pelos puristas Deadmau5 e Skrillex a dar palestras sobre electrónica, e alguns dos mais obscuros e vanguardistas DJs e produtores da actualidade a participal nas festas ENTER em Ibiza, como que num sarcástico comentário às inúmeras pistas para o futuro que lançou.

As opiniões não resistem aos factos: dificilmente alguém terá lançado mais ideias e correntes, na história do techno, do que Richie Hawtin. E mesmo após quase 3 décadas neste universo, parece continuar a existir dentro do momento e para o momento, só que num momento diferente do nosso, um pouco à frente de nós, num futuro que corre e se molda à vontade dele. Por umas horas, Richie Hawtin convida-nos para fora deste tempo e deste espaço e a descobrir o seu: “ENTER”.
- Nuno Mendonça 


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