Originador deep house, Kerri Chandler é a soul personificada na pista de dança, e sempre foi um inovador. A idade com que começou a misturar discos deixa-nos adivinhar o seu espírito progressista: aos 13 anos já seguia os passos do seu pai, também DJ, em New Jersey. Hoje, é fácil perceber que antecipou tendências-chave como os live streams, que fazia antes de haver Boiler Room, e também usou hologramas em palco antes de serem uma coisa. O seu cunho inventivo chega ainda à esfera mais técnica: é conhecido por fazer modificações no seu equipamento, um processo que apelidou de "Chandlerizing". Profundamente espiritual, Kerri reza antes de começar a produzir cada faixa. Para si, cada projecto é uma tentativa de imprimir a sua alma livre num groove tão dançável como emocional, e essa intenção ouve-se bem nas suas linhas de baixo lendárias, bombos poderosos e ganchos intoxicantes. Essa vibração original, que combina NYC garage com profundidade e sonho, manteve-se intacta ao longo do seu percurso. O seu catálogo, e da sua editora Madhouse, são odes à coerência e beleza deep house e tornaram-no num dos produtores de música de dança mais respeitados de sempre. O clube é o seu habitat natural. Antes de tomar os pratos, Kerri inspecciona minuciosamente cada detalhe do equipamento, avalia o som de cada coluna da sala - tudo para realçar a experiência sónica (e, logo, interior). "Eu não quero que as pessoas digam 'O Kerri foi espectacular' eu quero que toda a gente diga 'esta noite foi linda'", dizia numa entrevista recente. Essa ideia, tão generosa como verdadeiramente romântica, reflecte um DJ que nos vai dar o coração de bandeja em Santa Apolónia. Como ele próprio costuma assinar nas redes sociais: Love, Respect and Admiration. É disso que está recheada esta antecipação. - Inês Coutinho \\ ENGLISH // Deep house originator, Kerri Chandler is soul music personified for the dance floor, and he's always been an innovator too. The age at which he started mixing records lets us foretell his progressive spirit: at 13 he was following his father's steps, also a DJ, in New Jersey. Today, it's easy to understand that he's predicted key trends like live streams, which he was doing before Boiler Room, and he's also used holograms on stage before they were a thing. His inventive nature is also visible in the technical realm: he's known for modifying his equipment, a process he calls "Chandlerizing". A deeply spiritual person, Kerri prays before he starts working on each track. To him, each project is an attempt to reflect his free spirit in a groove that's both danceable and emotional, and that intent can be heard in his legendary bass lines, powerful kick drums and intoxicating hooks. That original vibration, that combines NYC garage with depth and dream, remained intact throughout his path. His catalogue, and his label Madhouse, are odes to deep house coherence and beauty and turned him into one of dance music's most respected producers ever. The club is his natural habitat. Before he takes the decks, Kerri thoroughly inspects each detail of the equipment, assesses the sound coming out of each speaker in the room - doing all he can to enhance the sonic (and therefore inner) experience. "I don't want people to just say 'Kerri was great', i want everyone to say 'That night was wonderful'", he said in a recent interview. That idea, as generous as it is genuinely romantic, reflects a DJ that will deliver his heart on a platter in Santa Apolónia. As he himself normally signs on social media: Love, Respect and Admiration. That's what our anticipation is filled with. - Inês Coutinho
