HELENA HAUFF Por mais que se tente reinventar a realidade, o tempo prova sempre uma coisa fundamental: “black is the new black”. Claro que isto também vale para a música, e por isso, atente-se na ascensão de uma artista como Helena Hauff e na irresistível sedução do negrume boémio e hedonista, que o seu som impõe a quem a escuta. Este está longe de poder ser chamado de acessível, ou menos ainda, fácil. É agreste, recalcitrante, cheio de imperfeições e com raízes em estéticas tendencialmente à margem do mainstream. Mas há nele um apelo puro, eficaz e simples ao lado obscuro de todas as coisas. As raízes da arte de Helena coincidem com as raízes do lado desviante e underground que impeliu o nascimento da electrónica de dança. Chama à rebelde cidade alemã de Hamburgo a sua base e foi entre as quatro paredes do famoso club decadente-chic Golden Pudel que aperfeiçoou a poderosa mecânica subjacente ao seu DJing e produções. Por entre couro negro e paredes a escorrer suor, criou um mutante de electro, acid techno e EBM que sempre reconheceu a importância embrionária destes estilos no desenvolvimento do techno moderno, e encontrou chão fértil para crescer no cansaço de alguns fãs de música de dança com a superficialidade e plasticidade das variantes mais populares do género. O seu DJing directo, rude, arriscado e inventivo criou o passa-palavra, os seus EPs e discos na conceituada Ninja Tune ou na label de culto Panzerkreuz fizeram o resto junto de quem buscava as emoções simples de um passeio pelo seu lado selvagem. No nosso rectângulo, uma actuação devastadora num festival de Verão relembrou aos ravers nacionais o prazer da descoberta daquilo que afinal precisavam de ouvir, mais do que daquilo que achavam querer ouvir. Uma primeira visita ao Lux no início de 2016 já havia feito tocar o alarme. O techno tem uma nova rainha da escuridão. As criaturas da noite têm uma nova desbravadora de emoções fortes. Os discretos desejos de quem dança festejam o retorno à desordem. Helena Hauff é a beleza existente em todo o caos. [EN] Try as you might to reinvent reality, time always proves this fundamental thing: “black is the new black”. Of course this applies to dance music too, so take a look at the ascent of an artist like Helena Hauff, and the irresistible seduction of the bohemian and hedonist darkness that her sound imposes on those who listen. It´s far from what you´d call accessible, even farther from being easy. It´s rough, recalcitrant, full of imperfections and rooted in an aesthetic at the margins of the mainstream. There´s a pure, efficient and simple appeal to the occult side of all things, in it. The roots of Helena´s art coincide with the roots of the underground and deviant side of dance music that propelled it´s birth. She calls the german rebel city of Hamburg her base, and it was within the four walls of the decadent-chic Golden Pudel club that she perfected the powerful mechanics inherent to her DJing and productions. Amidst black leather and sweaty walls, she concocted a mutant hybrid of electro, acid techno and EBM, which has always acknowledged these styles´ importance in the development of modern techno and found fertile soil for growth in the disenchantment of some dance music fans with the superficiality and plasticity of the most popular trends in the genre. Her direct, harsh, risky and inventive DJing created the word-of-mouth, and her albums and EPs on the respected Ninja Tune or on cult label Panzerkreuz did the rest, amongst those seeking the simple thrills of a walk through their wild side. In our rectangle, a devastating appearance in one of this summer´s festivals, reminded the local ravers of the pleasure in discovering something they needed to hear, instead of what they thought they wanted to hear. A debut visit to Lux in early 2016 had already made the alarms ring. Techno has a new queen of darkness. The creatures of the night have a new guide to extreme emotions. The discreet desires of those who dance celebrate a return to disorder. Helena Hauff is the beauty that exists in all chaos. - Nuno Mendonça * os bilhetes estarão disponíveis apenas na nossa bilheteira, na noite do evento. obrigado. * tickets available only at the door. thank you.
