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Edgar Martins

Edgar Martins

Silóquios e solilóquios sobre a morte, a vida e outros interlúdios.

A exposição que Edgar Martins (Évora, 1977) apresenta na galeria Cristina Guerra Contemporary Art integra a segunda fase de um projecto de trabalho mais abrangente, tendo sido objecto de uma primeira apresentação em Portugal no MAAT – Museu de Arte, Arquitectura e Tecnologia / Fundação EDP (2016). 

Sob o título Silóquios e solilóquios sobre a morte, a vida e outros interlúdios, a exposição envolve-nos num universo de interrogações sobre a morte e os outros momentos que aludem a uma intermitência da vida, aos interlúdios e intervalos que entre cada imagem vão desvelando indícios e objectos que no espectro da morte se ramificam num vasto arquivo de relações
conceptuais, visuais e documentais. Esta investigação, à qual se juntam imagens extraídas do seu arquivo pessoal, foi desenvolvida pelo artista no Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses, em Lisboa e Coimbra,
ao longo de três anos.

As diversas instâncias em que a morte é tratada neste projecto de Edgar Martins passam por um processo de aproximação entre imagens, em que a realidade do corpo morto (do cadáver?), se corresponde por exemplo com os efeitos químicos provocados por componentes de frutos tóxicos utilizados por suicidas na Índia, com a intensidade cromática de uma árvore escarlate a confrontar-nos com a ambiguidade do esplendor estético e esse excesso mortífero. Por outro lado, a palavra está presente enquanto momento derradeiro nas cartas de despedida, segundo a designação médico-legal, entre a presença e a ausência, aludindo a essa intermitência da vida. (...)

Estes são apenas alguns exemplos que o arquivo construído no decorrer do projecto pode enunciar em cada nova exposição. (...)

Silóquios e solilóquios sobre a morte, a vida e outros interlúdios constitui-se como um campo de possibilidades muito amplo que nos confronta com a corporalidade, com o nosso próprio corpo enquanto correlato de um universo material e visual que emerge a partir da representação ambígua da morte que nunca podemos conhecer e de todos os elementos documentais e ficcionais que transitam infinitamente sobre a possibilidade da imagem reconstituir um momento, ainda que fugaz, em que o corpo resiste à presentificação do cadáver. (...) 

Como refere Sérgio Mah, no texto do catálogo da primeira exposição no MAAT: “O projecto assenta precisamente nesse contraponto entre imagens, imaginações e imaginários de um corpo morto como domínio intersticial, um interlúdio entre arte e não arte, entre passado e presente, entre realidade e ficção”.

João Silvério (excerto do texto)
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