Que bom é ser conquistado pela subtileza! Que bom é não sermos esmagados pela força bruta mas sim elevados nota a nota, microsegundo a microsegundo, no hipnotismo que a música nos proporciona, num quebra cabeças que puxa pela curiosidade aguçada de ouvidos prontos a receber coisas sérias quase como se fossem brincadeira. Margaret Dygas tem este dom de juntar música aparentemente díspar sob um só fio condutor e ir traçando o caminho da noite com a calma necessária para nos deixar bem envoltos numa espécie de nevoeiro místico, a intoxicar-nos disco a disco. A polaca habitante de Berlim, residente do Panoramabar e parte integrante da família Perlon, é DJ de culto para os amantes do minimalismo quatro-por-quatro, embora não se restrinja a obscuridades e ritmos “difíceis”. Em verdade, parece apresentar um balanço perfeito naquilo que traz na mala para nos apresentar. Podem ser discos que não são muito mais do que um exercício de repetição House com filtros, verdadeiros esqueletos de temas, ou uma qualquer amostra de um Techno musculado – ou mais musculado... - , tudo encaixa bestialmente bem, e para além do exercício da dança é impossível não nos sentirmos estimulados intelectualmente pela variedade de sons, timbres, línguas, detalhes que vão compondo a paisagem sonora. Margaret Dygas no Lux é um acontecimento para lá de normal: é um acontecimento imperativo. Era hora, e não mais temos de esperar. Entretanto, até chegar a noite, aconselha-se um passeio pela vasta discografia em nome próprio. Mas se é como DJ que vem actuar, então cheguem de ouvidos frescos para serem surpreendidos. Margaret é fundamental. E é fundamental sermos conquistados por ela. - Inês Duarte How nice it is to be conquered by subtlety! How good it is not to be crushed by sheer force but to be elevated note by note, microsecond by microsecond through music's hypnotism, in a puzzle which captivates the curiosity of ears ready to listen to serious things that never loose their playfulness. Margaret Dygas has this gift of joining together seemingly disparate music to create a consistent path throughout the night, involving us in some sort of mystical daze, intoxicating us a bit more with each record. The polish-born-now-living-in-Berlin DJ who is part of the Perlon artist family and a Panoramabar resident, is also a cult-DJ for the lovers of minimalist rhythms, although she doesn't restrict herself to obscure compositions and “difficult” pieces. Actually, her record bag seems to have the perfect balance between tracks House tracks that sometimes are no more than an exercise of repetition and filtering, and more muscled Techno numbers, with everything coming together ridiculously well, stimulating us beyond the exercise of dance up to an intellectual level of appreciation for the variety of sounds, different timbres, languages and details making up the soundscape. Margaret Dygas at Lux is a special night, an unmissable night. It was about time she'd take over our decks, and we won't have to wait much longer. Meanwhile, you can check out her vast discography, all the music she has made herself – there's plenty to dig into. But since she'll be playing for us a DJ set, then we recommend you bring fresh ears and a willingness to be surprised. Margaret is fundamental. And it's fundamental we let ourselves be conquered by her.
