Wasteland - FAGIC Taveiro

Espreitamos pelo arame farpado. O olhar fixa-se na promessa de uma terra prometida. Fazemos filas para entrar e homens em uniformes pedem-nos documentos que já não existem, foram deixados para trás, na guerra de que fugimos. Somos encostados às paredes, revistados, despojados do pouco que ainda resta e para continuar a viver... andamos, tornamo-nos viajantes destituídos. Nada é nosso, nem mesmo a alma.
	A Lua ilumina infeliz os escombros e o murmúrio dos homens. Já não se ouvem as gargalhadas das crianças, o zumbindo dos besouros ou o ladrar dos cães que correm no laranjal. Tudo é frio. Tudo é vazio. Tudo é terrível. Os corpos empoeiraram há muito e a matéria eterna transformou-os em pedras e água e nuvens. Anos passaram desde que a terra deu à luz um ser vivo. Nós vamos vivendo numa desumanização constante, vamos andando, vamos fugindo, vamo-nos escondendo mas a noite é longa demais.