Durante um ano, a Resident Advisor promoverá uma série de festas por 12 clubes espalhados por todos os cantos do globo. A missão é celebrar a club culture e, sobretudo, os espaços, os artistas e os clubbers que injectam a energia, a electricidade, semana sim semana sim, para que continuemos aqui todos a dançar. Depois de passagens por Chicago, Paris e Offenbach, Lisboa e o Lux são a próxima paragem. Clubs are the beating heart of dance music. In Residence throws the spotlight on venues that keep their local scenes flourishing. Week-in, week-out, these clubs—and hundreds of others in cities across the globe—open their doors to play the music we love. Now is the time to celebrate. https://www.residentadvisor.net/event.aspx?832467 • DJ FUNK Chicago, princípio dos anos 90. Parece receita infalível para música entusiasmante - e DJ Funk é prova viva disso. Cresceu na parte oeste da cidade do vento, exposto a música de dança local mas também de Miami, Nova Iorque ou Detroit. Construiu um nome no eixo Chicago-Detroit e na Midwest rave scene, muito pelos discos que lançava na então hiper-prolífica editora Dance Mania: house acelerada, suada, de temática quase pornográfica (Pop That Pussy, I Need Weed In My Life, Ass & Them Titties são alguns dos seus títulos icónicos). Ajudou, pois, a fundar o ghetto house ao lado de gente como DJ Deeon, e depois influenciou toda uma nova geração de artistas essenciais como Spinn ou Rashad. Mas o fogo nunca esteve apenas na música que saiu em seu nome - DJ Funk tornou-se numa figura de culto também pela sua selecção certeira e irrequieta, cruzando hino após hino em misturas rápidas e cirúrgicas, não deixando a pista tornar-se aborrecida. Nem por um momento. Hoje, após mais de 20 anos passados em cabines de L.A. a Paris, Oslo a Tóquio, essa filosofia está tão afinada como quando tudo começou. Desde o ano passado que acompanha a sua mestria nos pratos com manipulação de sintetizadores clássicos ao vivo, adicionando o som intemporal das emblemáticas 303 e 808 da Roland aos seus DJ sets: mais um sinal de que DJ Funk procura a energia visceral e nunca-snob - a sujidade boa, daquela que limpa a alma. • L-Vis 1990 De vez em quando surge uma editora, um disco, uma noite que parece parar o tempo e, sem repararmos, cria um novo paradigma. A Night Slugs, co-fundada por L-Vis 1990, foi um desses casos. Em 2008 saiu o disco que começou tudo: um EP de L-Vis 1990 a meias com Bok Bok que viria a dar nome à editora e noite londrina. O som? Novo, marcante, sinestésico. Partes iguais inovação sónica e intuição rave. Foi assim que dois miúdos dos subúrbios de Londres cunharam um híbrido ainda por nomear, abraçando grime, UK garage, r&b, house, electro, hip hop e techno com uma naturalidade refrescante. Um deles é L-Vis 1990. Como produtor, DJ e A&R, sempre foi parte fulcral do movimento Night Slugs, que depressa se tornou numa (excelente) febre global. Mas há um par de anos transcendeu esse rótulo, ao trocar a capital britânica por Nova Iorque e adicionar à sua discografia já prolífica EPs em editoras como a lendária Clone. A sua sensibilidade musical faz a ponte entre baixos pesados e ritmos sincopados, entre a tensão do ballroom e o romance do french touch, a house clássica e a electrónica mais futurista. Um artista em permanente metamorfose que não perde o seu carácter. Afinal, o que há de mais completo do que manter a consciência em constante expansão? • DJ Marfox / Dj Nigga Fox / Dj LiloCox CDM & Dj Maboku CDM L&M Votada na Resident Advisor como uma das 10 melhores editoras de 2015, a nossa Príncipe Discos tem lugar seguro na constelação de editoras mais relevantes da música de dança global. Ao trazer para a atenção de todos um novo ritmo forjado a quente nas periferias de Lisboa, esta família de DJs e produtores deixou escancaradas as portas de uma nova via para a música de clubes. No centro desta proposta está DJ Marfox, de nome Marlon Silva, que tem sido o arquitecto maior da batida de Lisboa e o seu A&R máximo. Os ritmos que desenha são rápidos, altamente intrincados e futuristas, e esboçados com alma a partir de expressões musicais de tradição africana como o kuduro, kizomba, funaná e tarraxinha. A fórmula vencedora trouxe-lhe actuações por todo o mundo, aplausos rasgados da melhor imprensa músical e convites para lançar noutros selos icónicos, como a Lit City Trax do DJ Rashad (R.I.P.) ou a gigante inglesa Warp. Seguindo de perto as suas pisadas surgiu uma nova vaga de artistas de apelo global que o homenageiam através do sufixo "fox" no nome. Entre eles está Rogério Brandão, de pseudónimo Nigga Fox, que já conhecia Marlon dos tempos de secundária, no Lumiar - anos antes deste ter descoberto o seu talento. Desde aí a sua ascenção tem sido rasgante e rapidamente se tornou noutro artista-símbolo da Príncipe; apoiado na matriz de Marfox encontrou o seu próprio pulsar baixando o número de batidas por minuto e explorando uma nova sensibilidade musical tão desconcertante como hipnótica. C.D.M. - Casa Da Mãe - é o nome que Maboku, outro príncipe desta vasta casa real, recuperou para as produções e actuações com o seu parceiro musical Lilocox. São, desde muito novos, confessos admiradores de Marfox, Nervoso e outros pioneiros da Quinta do Mocho - o bairro-mãe desta saga - e por isso não escondem o orgulho de, pela força do seu talento, terem sido aceites na família. A frescura da sua produção, na qual baseiam grande parte dos seus DJ sets, e uma notável sensibilidade para gerir a energia das salas onde tocam são a sua marca. • Paramida Fez nome como um rasgo de luminosidade na nova escola de DJs em Berlim: abraça um som mais expansivo do que o standard house e techno, uma escolha deliberada e informada pela urgência de uma lufada de ar fresco no panorama sónico vigente - e bastante homogéneo - da capital alemã. Paramida adiciona cor, melodia e tropicalidade à música de dança "chata, séria, masculina" da cidade, nas suas próprias palavras. E foi essa sensibilidade que a destacou e lhe valeu uma carreira internacional como DJ. A sua aclamada editora Love On The Rocks foi fundada no despontar de 2014, e gravita em redor de grooves disco contagiantes e da house menos óbvia. Já lançou música de gente como Massimilliano Pagliara ou Fantastic Man, recrutando remisturadores de luxo como Gatto Fritto ou o nosso Tiago. Nos dias que correm, e após cinco anos a apurar a sua visão como residente no clube Berlinense Renate e ao balcão da loja de discos OYE Records, ambos congruentes com a sua filosofia de ecletismo, cruza o globo para se entregar a cabines em como a do festival Love International na Croácia ou o Panorama Bar em Berlim. A silhueta dos seus sets inclui, claro, matrizes house e techno, mas também groove baleárico sonhador, percussões e melodias carregadas de calor do hemisfério sul. Em entrevista recente confessava "tudo o que planeio acaba por acontecer de uma maneira diferente e inesperada" - é essa surpresa e essa liberdade que nos espera na pista do Lux. Textos: Inês Coutinho \\ ENGLISH VERSION // • DJ Funk Chicago, early 90s. Sounds like an infallible recipe for exciting music - and DJ Funk is living proof of that. He grew up in the western part of the windy city, exposed to local dance music as well as from Miami, New York or Detroit. He built a name on the Chicago-Detroit axis and the Midwest rave scene thanks to the records he was releasing on the then hyper-prolific label Dance Mania: sped-up, sweaty house with quasi-pornographic lyrics (Pop That Pussy, I Need Weed In My Life, Ass & Them Titties are spme of his iconic titles). He helped found the ghetto house sound alongside people like DJ Deeon which then went on to influence a whole generation of essential artists like Spinn or Rashad. But the fire was never only in his own music - DJ Funk became a cult figure also due to his on-point, restless selections, blending hymn after hymn with quick and precise mixes, never allowing the dancefloor to experience even one dull moment. Today, after spending over two decades jumping from DJ booth to DJ booth, from L.A. to Paris, Oslo to Tokyo, his no-nonsense motto is as sharp as when it all started. Since last year, his mastery on the decks is accompanied by live manipulation of classic synths, adding the timeless sound of the iconic Roland 303 and 808 to his DJ sets: just another sign that DJ Funk looks for that visceral, un-snob energy - the good, soul-cleansing kind of dirty. • L-Vis 1990 Every now and then a label, a record, a night emerges and seems to make time stop. Before you know it, it creates a new paradigm. Night Slugs, co-founded by L-Vis 1990, was one of those cases. 2008 saw the release of the record who started it all: an EP by L-Vis 1990 and Bok Bok that would become the name of their London-based label and night. The sound? New, remarkable, synesthetic. Equal parts sonic innovation and rave intuition. This was how two kids from the outskirts of London coined a yet-to-name hybrid, embracing grime, UK garage, house, electro, hip hop and techno with a refreshing efortlessness. One of them is L-Vis 1990. As a producer, DJ and A&R, he was always an instrumental part in the Night Slugs movement, which quick became an (excellent) global fever. But a couple of years ago he transcended that connotation when he left the British capital for New York and added EPs in labels like legendary dutch Clone to his prolific discography. His musical sensibility bridges the gap between heavy bass and syncopated rhythm; the tension of ballroom and the romance of French touch; classic house and futuristic electronica. An artist in permanent metamorphosis that never loses his character. After all, what could be more complete than keeping your consciousness in constant expansion? • DJ Marfox / DJ Nigga Fox / DJ Lilocox & DJ Maboku Voted on Resident Advisor as one of the 10 best record labels of 2015, Príncipe Discos holds firmly as one of today's most relevant imprints in the global stage of dance music. By bringing forth a new rhythm named "batida", forged hot in the the outskirts of Lisbon, this family of DJs and producers busted open the doors for a new dance craze to invade the clubs worldwide. At the centre of it all is DJ Marfox, birth name Marlon Silva - main architect and A&R-of-sorts of Lisbon's new flagship music. His rhythms are fast-paced, highly intricate and futuristic, built from musical expressions of African tradition, such as kuduro, kizomba, funaná and tarraxinha. The winning formula got him a busy touring schedule, the acclaim of top music publications and invites to release on labels as iconic as late DJ Rashad's Lit City Trax or the English giant Warp. Following closely in his footsteps came a new surge of artists oozing global appeal and paying him homage by using "fox" as a suffix in their stage-names. Among those is Rogério Brandão, widely known as Nigga Fox, who had been Marlon's classmate in high-school, years before the latter discovered Rogério's talent. His rise to fame since then has been rapid and he quickly became another flagship artist for Príncipe. His own sound is a slower take on the genre, and his musical sensibility is as disorienting as it is hypnotic. The initials C.D.M. stand for Casa Da Mãe (The Mother's House) and that's how Maboku - another prince in this vast royal family - decided to baptise his musical partnership with Lilocox. They had both been avowed admirers of Marfox, Nervoso and other pioneers from Quinta do Mocho - the neighbourhood where it all started - and because of it they're not shy about how in being accepted as part of the family. The freshness of their productions and a deadly knack for controlling the dynamics and energy of the dancefloor are two of their trademark qualities. • Paramida She built a a name as a glimpse of luminosity in Berlin's new school of DJs: embracing an expansive sound that reaches beyond standard house and techno, a deliberate choice informed by the urgency of a breath of fresh air in the prevailing - and rather homogeneous - sonic landscape in the German capital. Paramida adds colour, melody and a sense of tropicalness to the city's "boring, serious, masculine" dance music, in her own words. It was precisely that sensibility that set her apart and set her off on an international DJ career. Her acclaimed label Love On The Rocks was founded in the beginning of 2014 and gravitates towards infectious disco grooves and off-kilter house music. She has put material by artist like Massimilliano Pagliara or Fantastic Man, recruiting top-notch remixers like Gatto Fritto and our own Tiago. Nowadays, after five years of refining her vision as a resident at Berlin club Renate and as a clerk at record store OYE Records, both consistent with her eclecticism, she travels the globe to grace DJ booths like Croatia's Love International festival or Panorama Bar in Berlin. Granted, the silhouette of her sets incorporates house and techno patterns, but also dreamy balearic grooves as well as souther-hemisphere-esque percussion and melodies. In a recent interview, she confessed: "everything I plan turns out to be different and unexpected" - it is that surprise and that freedom that expects us at Lux's dance floor. Words: Inês Coutinho
