21:30
O GUARDIÃO DO RIO - PALMILHA DENTADA - Porto

O GUARDIÃO DO RIO - PALMILHA DENTADA - Porto

Um rio — conta-nos o empolgado protagonista — é uma entidade caprichosa e poderosa, capaz de irrigar campos, mas também de arrasar tudo no seu caminho. Uma barragem pode moldar-lhe o feitio e proteger a Aldeia de Baixo. Mas, dilema, se retiver demasiada água arrisca-se a inundar a Aldeia de Cima. Para o evitar, os anciões dos dois povoados, numa conversa diplomática com civilizadas evocações de cachaporra, criaram o cargo de Guardião do Rio, função que consiste em fixar atentamente, vinte e quatro horas por dia, o nível da água e abrir a torneira ao mínimo sinal de cheia. Não é uma profissão tecnicamente difícil, mas é muito absorvente, muito, muito solitária. O Guardião não pode ausentar-se. Não pode, por exemplo, deixar de espreitar a estaca graduada no meio da água enquanto observa as idas e
vindas da Rosa para a barrela da roupa. Não pode, com mágoa sua, deslocar-se para a catrapiscar de mais perto. Nem pode fazer nada, a não ser consumir-se de raiva, quanto às investidas concorrenciais de tipos com profissões menos exigentes. Solitário, celibatário,amargurado, eis o Guardião do Rio. Um tipo esquecido no seu posto, atormentado porcarências, a entreter-se a si próprio. Um tipo que tem de puxar pela imaginação para conseguir manter alguma conversa. Tem de puxar tanto pela imaginação que talvez não sejam conversas mas alucinações o assunto que traz à margem do rio o Dr. Frederico, especialista (por experiência própria) em perturbações da personalidade. O Guardião do Rio não pode ser censurado por excessiva criatividade na sua narrativa. Quando inventaram o cargo, não lhe disseram quanto nesta história podia ser inventado e quanto tinha de ser real. Se alguma coisa
o tinha de ser. “O Guardião do Rio” é um divertido exercício de esquizofrenia possibilitado pela convivência de marionetas e actor. Mas a manipulação talentosa de Ivo Bastos faz-nos estranhar que no fim apenas um intérprete venha à boca de cena para os agradecimentos*.
Aquela gente existe!

Ficha Artística
Texto e encenação de Ricardo Alves
Interpretação de Ivo Bastos
Direcção plástica de Sandra Neves com Joana Caetano
Sonoplastia e música original de Rodrigo Santos

Classificação etária: M/16 
Duração: 70 min
Preço | 4 euros
Recomendamos que confirme toda a informação junto do promotor oficial deste evento. Por favor contacte-nos se detectar que existe alguma informação incorrecta.
Download App iOS
Viral Agenda App
Download App Android