23:00
GREEN RAY*16 | LUX curated by DAVID AUGUST

GREEN RAY*16 | LUX curated by DAVID AUGUST

✫ Axel Boman 
✫ DJ Assam & Johan Kaseta
✫ Leon Vynehall
✫ Pional Musiq
✫ SwitchSt(d)ance
✫ David August (dj set)

* As entradas estarão à venda apenas na nossa bilheteira na noite do evento. Obrigado.

David August
 
Uma necessidade primária, a de David August, em expressar-se pela Música. De nota em nota vai pondo cá para fora sentimentos, de uma profundidade melhor explicada pela linguagem universal do som do que pela das palavras. Talvez seja resultado do piano que toca desde criança e lhe mostrou a base que o prepararia para a música electrónica, sem no entanto o ter prendido às regras clássicas. E muito para além do piano encontramos David, originador de todos os seus próprios sons, meticuloso e preciso mas desprendido das formalidades chatas que podem limitar quem compõe. Ele é sangue novo – não chegou sequer ainda às três décadas de vida – mas, ao mesmo tempo, parece que anda nisto ao mesmo tempo que alguns dos colegas mais velhos que insistem em tocar os seus discos. Innervisions ou Diynamic são algumas das editoras já bem conhecidas dos atentos e que acolheram os seus temas originais bem como remisturas que, não abundando em quantidade, se pautam pela excelência. Basta uma espreitadela rápida no alinhamento desta Green Ray, a qual foi convidado a curar, para perceber que a sensibilidade e bom gosto não se cingem apenas à Música. E será neste alinhamento de luxo duma noite pensada à perfeição que a sua actuação rara enquanto DJ terá certamente um sabor ainda mais especial. Desprendido da rigidez que um live-act pode impor, David August vai presentear-nos com uma ida à sua colecção de discos e material próprio.  Música sonhadora para os que recusam ficar presos à realidade.

Axel Boman
 
Quando em 2010 editou um dos hinos House do ano, “Purple Drank”, utilizou um sample vocal que talvez previsse o futuro. Ouvia-se em timbre grave e arrastado a frase “I woke up with your name on my lips” e apostamos que milhares de clubbers mundo fora já desde então acordaram contentes a dizer precisamente... Axel Boman! DJ desde os anos 90, foi com essa edição há 6 anos na Pampa, de DJ Koze, que de repente começou a ser falado por meio mundo. A outra metade haveria de se seguir, atenta ao trabalho frutífero do sueco que continuou, entre um álbum e uma série de singles e remisturas certeiras, o ofício de DJ – desta feita, com a merecida exposição mundial. Um perfeccionista de quem podemos esperar sons que buscam mais a qualidade de interessantes do que polidos – felizmente.  Com uma selecção a evocar uma palavra usada a menos para classificar a música electrónica, “bela”, Axel Boman traz-nos a sua visão do House: paisagens populadas pela reutilização de pedaços de música, instrumentos a surgirem de origens inusitadas, linhas melódicas a chegarem devagar para aconchego do ouvido. Uma delícia pronta a mostrar que por vezes o que se alcança mais em jeito que em força acaba por se superiorizar. Detalhes importantes que se diluem no exercício da dança.
 
 DJ Assam & Johan Kaseta
 
Raios verdes na nossa máquina de lasers também podem apontar descobertas certeiras, apostas na mouche. As noites Green Ray abundam em talento menos conhecido em território nacional, cabe ao público a abertura de espírito e vontade – que devia ser sofreguidão! – em descobrir. DJ Assam & Johan Kaseta são a aposta novata de David August e isso deveria chegar para atestar qualidade. Deveria não, chega mesmo. Do par conhece-se pouco, para além de algumas edições recentes na Lehult, editora do grupo de amigos, que nos deixam de água na boca para saber o que vai resultar desta estreia em Santa Apolónia. Deixamos algumas pistas: as influências Hip Hop, Disco e Soul e uma atitude faça-você-mesmo a aplicar muito corte e costura musicais convergem para o House quente pronto a fazer-nos abanar o corpo. Exploração essencial para os que sabem que isto de dizer que se gosta é muito mais do que aparecer para os cabeças de cartaz.

Leon Vynehall
 
Há que respeitar, à partida, alguém que diz que não edita um álbum apenas para ter mais datas como DJ. Alguém que não se quer esvair depois de um clarão forte inicial, mas sim assentar uma carreira em fundações sólidas, pensadas, e que façam sentido daqui a anos. É o que um músico deixa afinal -  a sua obra - e esta pode soar efémera ou sobreviver ao teste do tempo. Leon Vynehall pode ficar descansado: a sua sobreviverá.
É difícil não nos lembrarmos de Moodymann ou Theo Parrish ao escutarmos as suas criações, Pepé Bradock até, não num sentido de “já ouvi isto antes” mas sim de reconhecimento da ordem de magnitude. Há em Leon muita música, muitas ideias, talento a transbordar. Uma banda sonora para a vida, parece ser o que vai dando ao mundo, com música que possui o dom de nos fazer parar e escutar, simplesmente, absorver em deslumbre – exemplo fresco deste ano, “Midnight On Rainbow Road”, na Rush Hour Recordings, que bem podia ser companhia perfeita para a luz sobre o Tejo às 8 da manhã. Um deslumbre que se estende à pista quando percebemos a selecção cuidada da mala de Leon Vynehall vai bem para além das raízes Garage e House, e que não é difícil ouvir uma “grande malha” Funk ou Disco sem sequer os menos versados acharem estranho. Para além do respeito – adoração.

Pional
 
Esqueçam o ditado que menospreza tudo o que tem origem espanhola. Miguel Barros, madrileno, é há mais de uma mão cheia de anos Pional e não é a sua estreia connosco, mas é um regresso que a isso saberá para os fãs recém conquistados. Um homem sem complexos de admitir que a sua música cruza algo de Pop com o Deep House mas, afirmamos nós, sem nunca cair na nova vaga do “Deep”-qualquer-coisa que descaracterizou e comercializou o género. Pelo contrário, tudo o que Pional acrescenta, traz valor. Notam-se as influências iniciais declaradas de campos como os da Border Community, editora de James Holden, mas também as dos heróis de Detroit. Parceiro de várias aventuras com John Talabot, encontrou na Hivern Discs, do mesmo, porto seguro para as suas deambulações de estúdio – mas também na Young Turks ou na Permanent Vacation. E nas cabines não tem medo de arriscar com a sua mescla muito própria de música que não descura a alma mas não foge dos pés, ritmos simples e certeiros com grandes sintetizadores e laivos de voz, nos momentos certos, um resultado que nos eleva numa busca que pode bem ir mais além da satisfação do momento. É essa elevação do público que resulta do trabalho dos DJs memoráveis, um expandir de consciência colectiva. Havendo vários caminhos para a alcançar, o de Pional parece querer obrigar-nos a ir com ele trilho fora, até não haver volta a dar.

Textos: Inês Duarte

\\ english version //

David August seems to have a primary necessity to express himself through Music. From note to note he outputs feelings whose profundity seems better expressed by the universal language of sound rather than words. Perhaps it’s a result of playing the piano since young age, having acquired the basics that would prepare him for electronic music, without constraining him, however, to classical rules. And way beyond the piano is where we find David, creator of all his own sounds, meticulous and precise but unconcerned about the boring formalities that can limit composers. He is new blood – having yet to reach his thirties – but, at the same time, he seems to be doing this for as long as some of his veteran colleagues who insist on playing his records. Innervisions, Stil Vor Talent, Diynamic or Get Physical are some of the labels where he’s been releasing original work and remixes that, while not abundant, are marked by sheer excellency. A quick look at this Green Ray’s lineup, which he curated, assures us that his taste and sensibility aren’t restricted to Music. And it’ll be among this all-star lineup of a night planned to perfection that his DJ set, a rare feat considering he mostly plays live shows, will provide a trip to his record collection alongside his own material. Dreamy music for those who refuse to play by the rules of reality.

When in 2010 he released one of the year’s House hits, “Purple Drank”, he used a vocal sample which probably predicted the future. The low pitched sentence “I woke up with your name on my lips” sounded through the record and since then we bet that thousands of happy clubbers have woken up after a night of partying saying… Axel Boman! A DJ since the 90s, it was much due to that track, released on DJ Koze’s Pampa Records, that his name really started going worldwide and he kept at it, pairing DJ appearances with an album and a series of remixes and timely singles. A perfectionist from whom we can expect a sound more concerned with being interesting than polished and a selection that evokes a word rarely used to refer to electronic dance music – “beautiful” -, Axel Boman brings us a soundscape where recycled bits of music give way to beautiful samples, instruments appear at unexpected times and melodic riffs snuggle up to our ears. The result is utterly delicious, filled with details that come together to invite us for an irresistible exercise in dancing.
 
The green rays coming out of our laser machine can also point to new and exciting finds. These Green Ray nights are fertile in bringing less known talent to the spotlight and it’s up to the audience to be willing or, more precisely, eager!, to embark in discovery. DJ Assam & Johan Kaseta are David August’s newbie pick for the night and that should be enough to corroborate their quality. Not much is known about the duo apart from a couple of mouth watering releases on Lehult (which in itself is a label based around their group of friends). We’ll leave you with some clues: Hip Hop, Disco and Soul influences coupled with a cut & paste and do it yourself attitude pointing towards warm House Music ready to shake our asses. An essential exploration for those who know that there’s much, much more to clubbing than just showing up to catch the headliners.
 
You have to respect someone who says upfront he won’t do another album just to get more DJ bookings. Someone who doesn’t want to fade quickly after an initial flash, but who instead wishes to build a career upon solid and well thought out foundations. A musician’s work is his legacy, and it can sound ephemeral or truly stand the test of time. Leon Vynehall can rest assured: his will stand.
It’s hard not to be reminded of Moodymann or Theo Parrish while listening to his music, Pepé Bradock even, but not in an “I’ve heard this before” way – rather, it’s the magnitude of his work that evokes such artists. There is much music in Leon, many ideas, a man brimming with talent and making music that could be a soundtrack to life itself – have a listen to his recent “Midnight On Rainbow Road”, out on Rush Hour Recordings, it could very well be the theme tune to the Sunday morning light embracing the Tagus river. And this magnitude continues to amaze us when we realize the carefully selected contents of his record bag, going well beyond House and Garage roots and making it seemingly simple to play a great Funk or Disco classic without anyone missing a step on the dancefloor. Yeah, it goes beyond respect – reverence seems appropriate.
 
Miguel Barros, from Madrid, has been Pional for more than half a dozen years and it’s not his debut with us, but it’s a return that will feel like one for those more recent fans. He’s a man unashamed of saying his music crosses some Pop sensibilities with Deep House but, we assure you, without ever falling into this new “Deep-something” thing that has de-characterized the genre. On the contrary, Pional brings much value to it. You can recognize some of his early influences, such as James Holden’s label Border Community, but you can also tell he has some Detroit heroes. A partner of John Talabot in many adventures he found in Talabot’s Hivern Discs a safe haven for his music, but also on Young Turks or Permanent Vacation. And he’s not afraid to step up to the DJ booths with his own mix of music that doesn’t forget our feet at the same time it nourishes our soul, with simple but striking rhythms, big synths and precise vocal samples resulting in something that can go well beyond that moment’s satisfaction. It’s that collective elevation of consciousness that can result from a great DJ’s work, and Pional seems to grab us right away to go down the rabbit hole with him.
 
Words: Inês Duarte 

* There are no advance tickets for this event. Tickets are available at the door. Thank you.
Recomendamos que confirme toda a informação junto do promotor oficial deste evento. Por favor contacte-nos se detectar que existe alguma informação incorrecta.
Download App iOS
Viral Agenda App
Download App Android