23:45 até às 06:00
S T A R D U S T B A L L S w/ DJ QU, GUNNAR HASLAM, DEXTER

S T A R D U S T B A L L S w/ DJ QU, GUNNAR HASLAM, DEXTER

GUNNAR HASLAM

“Cerebral”, seria sem dúvida o termo que usaríamos, se fossemos forçados a definir o trabalho de Gunnar Haslam em uma só palavra. Aliás, a palavra faz sentido como descritivo do próprio Haslam. Afinal, falamos de alguém cuja carreira profissional antes de se embrenhar na arte da música, decorria na ciência da física de partículas, com trabalho associado ao famoso e mediático acelerador de partículas Large Hadron Collider. Claramente, o nosso convidado é versado na manipulação de energia e movimento. E não é disso que vive tanto do que se passa numa pista de dança?

Mas os conceitos da sua música também passam por interesses mais esotéricos. Nela, já abordou a escrita de Jorge Luís Borges e Vladimir Nabokov, a filosofia de Platão ou a doutrina Maoísta, entre outras temáticas. A curiosidade adensa-se: como é que isto nos pode fazer dançar? Pois bem, é notório que o nova-iorquino Haslam busca na música a liberdade de movimentos, a sensação de que vale tudo, e até um certo caos, que a sua actividade profissional, regimentada e exacta, não lhe permitem. As suas faixas lo-fi, rugosas e soltas, variando entre o ambient e o techno tingido a ácido, são estruturas analógicas banhadas em óleo de fritadeira demasiado usado que frequentemente soam à beira da dissolução e do curto circuito. Um tema como o monstruoso “Overcomplete”, saído pela Naif de Efdemin, soa como uma implosão catártica, enquanto álbums como “MIrrors and Copulation” ou o novo “Labesgue Measures”, ambos pela LIES de Ron Morelli, são Haslam a soltar amarras e quebrar matrizes, ferozmente quinéticos, muitas vezes opressivos e atemorizantes. Energia pura a movimentar cada molécula de nós quando solta em pista.

A ironia disto tudo é, ao usar a música como veículo para exprimir aquilo que a ciência não lhe permite, Haslam reproduz através dela os fins que buscava na sua profissão. Tal como o Large Hadron Collider, não se sabe se música de Gunnar nos fará encontrar a Partícula de Deus ou criará um buraco negro que tudo engolirá, mas que parece capaz de ambos, é algo que sentiremos no Lux.

DJ QU

Certamente que todos já experimentámos a sensação de acordar a meio da noite, de um sonho ou pesadelo febril. Muitas vezes banhados em suor, despertamos repentinamente e sucede-se uma sensação de desorientação, de momentaneamente estarmos num limbo surreal entre alucinação e realidade feito de visões na escuridão. Ouvir DJ Qu passar discos, escutar as suas produções, parece-se um pouco com isto.

Se tudo isto soa um pouco assustador como material para dançar, podem ficar tranquilos. Afinal de contas, por mais intensas que sejam as sensações de que falámos antes, tambem se lhes segue o momento em que acalmamos e nos sentimos confortáveis em nós mesmos, e DJ Qu também soa acolhedor e nos faz ver a luz por entre as brumas do seu som. Veja-se o seu EP “SS1” na Secret Sundaze, de Giles Smith e Jason Priestley como exemplo de que nunca perde de vista a essência calorosa do house, e que serve de óptimo contraponto para o techno cheio de uma atmosfera de psicadelismo sinistro de “Redtones”, mas sinta-se a irresistível dançabilidade de ambos, reminescência, por certo, dos dias passados pelo nova-iorquino Ramon Quezada, como house-dancer, daqueles que entrava em “dance battles” e tudo, como por exemplo Joey Anderson, outro incontornável do novo som de Nova Iorque. Sonoridades tácteis e ambientes viajantes, induzindo um outro tipo de febre, a de dançar.

Existe um fenómeno psicológico designado de sonho lúcido, em que o sonhador sabe que está num sonho e consegue até certo ponto controlar os personagens, contextos e narrativa desse sonho. E assim são os sonhos segundo DJ Qu. Os personagens somos nós, o Lux dá o contexto, a narrativa, essa é toda dele, como só ele a sabe contar.

Textos: Nuno Mendonça

\\ english version //

GUNNAR HASLAM

“Cerebral”, would undoubtedly be the term we´d use, if we had to define Gunnar Haslam´s work in a single word. Actually, that word makes sense as a descriptive of Haslam himself. After all, we´re talking about someone whose professional career, before he immersed himself in the art of music, was in the science of particle physics, with work associated to the famous particle accelerator known as Large Hadron Collider. Clearly, our guest is well versed in the manipulation of energy and movement. And isn´t that what rules much of what happens on a dancefloor?

But the concepts behind the music are also connected to more esoteric interests. In it, he has also approached the writings of Jorge Luís Borges and Vladimir Nabokov, Plato´s philosophy, and the Maoist doctrine, amongst other themes. The curiosity increases: how does this all makes us dance? Well, it´s noticeable that the New-Yorker Haslam, seeks in his music the freedom, the feeling of everything-goes, even a certain chaos, that his regimented and exacting professional activity, doesn´t allow him. His lo-fi, rugged and loose tracks, ranging from ambient to acid-flecked techno, are analogical structures bathed in old frying oil frequently sounding on the verge of dissolution or of a short-circuit. A tune like the monstrous “Overcomplete”, released on Efdemin´s Naif, sounds like a cathartic implosion, while albums like “MIrrors and Copulation” or the brand new “Labesgue Measures”, both out on Ron Morelli´s LIES, see Haslam stretching out and breaking the matrix, fiercely kinetic, often oppressive and fearful. Pure energy setting in motion every molecule of us when let loose on the dancefloor.

The irony in it all is that, by using music as a means to express what science doesn´t allow him to, Haslam reproduces through it the goals he seeked in his profession.Just like with the Large Hadron Collider, we don´t know if Gunnar´s music will allow to find the God Particle, or if it will create an all-swallowing black, but what we´ll feel at Lux is that it is capable of both.

DJ QU

Certainly, we´ve all felt before the feeling of waking up in the middle of the night, from a feverish dream or nightmare. Often bathed in sweat, we suddenly awake, and feeling of disorientation, of being momentarily in a limbo between hallucination and reality, made of visions in darkness, sets in. Listening to DJ Qu playing records, hearing his productions, feels a little like this. 

If that sounds a bit too unsettling as dancing material, fear not. After all, as intense as the feelings we described before may seem, they are usually followed by that moment when we calm down and feel more confortable in ourselves, and DJ Qu can also sound welcoming and make us see the light in the mist of his sound. Take his SS1 EP, on Giles Smith e Jason Priestley´s Secret Sundaze, as an example of how he never looses sight of the warm essence of house music, and which serves as a great counterpoint for the sinister psychedelic techno of “Redtones”, but feel the irresistible danceability of both, reminiscent, for sure, of the days New-Yorker Ramon Quezada spent as a house-dancer, those that go into dance-offs and everything, like for example Joey Anderson, another inescapable name  of the new sound of New York. Tactile sounds and trippy ambiences, inducing another kind of fever, the dance fever.

There´s a psychological phenomenon called “lucid dreaming”, in which the dreamer knows he´s dreaming, and can, up to a point, control the characters, environment and narrative of the dream. That´s how dreams are according to DJ Qu. We´re the characters, Lux provides the context, and the narrative… that´s all up to DJ Qu, as only he knows how to tell it.

Words: Nuno Mendonça
Recomendamos que confirme toda a informação junto do promotor oficial deste evento. Por favor contacte-nos se detectar que existe alguma informação incorrecta.
Download App iOS
Viral Agenda App
Download App Android