A ainda sede do Grupo Desportivo e Cultural dos Trabalhadores dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo recebe a 29 de novembro a estreia de “Crónica de uma morte anunciada”, um documentário realizado pelo vianense Alexandre Martins que retrata o encerramento da emblemática empresa de construção naval e a saída dos seus trabalhadores. Com este documentário, filmado entre dezembro de 2013 e agosto de 2015, durante o processo de encerramento dos estaleiros vianenses, o autor assume que se propôs explorar todos os caminhos, a partir de testemunhos de ex-trabalhadores e das suas famílias; mas também de sindicalistas, rappers e jornalistas, utilizando ainda imagens de arquivo dos média nacionais, que explicassem a situação até à subconcessão em 2014. “Pretendi recolher as emoções das pessoas que ali trabalharam, acompanharam, e sofreram toda a situação que antecedeu ao encerramento da empresa naval. Mostro neste documentário, por exemplo, o último dia de um trabalhador ao fim de 32 anos”, explica Alexandre Martins, acrescentando que esta foi a forma que encontrou para “tentar perceber toda a história da queda de uma das empresas mais importantes a nível distrital e nacional”. Trata-se do único registo documental feito com testemunhos na primeira pessoa sobre os últimos momentos dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, empresa que laborou na cidade durante 71 anos e que chegou a empregar mais de 2.000 trabalhadores. Tal como a obra de Gabriel García Marquez, de onde resulta o título deste documentário, “há uma teia de acontecimentos e de factos que têm de ser revisitados pelos que viveram todos esses momentos a partir das suas memórias”, afirma o realizador. A estreia deste documentário acontece dias antes do encerramento da sede do Grupo Desportivo e Cultural dos Trabalhadores dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, que ocupava, na cidade, desde 1967. Este trabalho contou ainda com o apoio à produção da Associação AO NORTE. Será o último filme a ser exibido no Auditório do Grupo Desportivo e Cultural dos Trabalhadores dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, terminando assim uma parceria de colaboração com a Associação AO NORTE e a Câmara Municipal de Viana do Castelo, que permitia, desde de maio de 2003, a exibição regular de cinema em Viana do Castelo.
