MOZART, DVOŘÁK II Se nos fosse pedido para contar com os dedos de uma mão as composições de Mozart que são mais populares nos nossos dias, certamente que a Pequena Serenata Noturna KV 525 se acharia entre elas. Foi escrita no verão de 1787, pouco tempo depois da morte de seu pai e escassos meses antes da estreia da ópera Don Giovanni. Contrasta, porém, com a gravidade destes eventos tão marcantes na vida do músico. Naquela época, as serenatas destinavam-se a ocasiões informais de descontraída convivência frequentadas pela aristocracia, de preferência enquadradas pela natureza. Com tal cenário em mente, não é possível imaginar música mais certeira. A leveza e o requinte desta partitura revelam-nos o profissionalismo de Mozart, capaz de acomodar o processo criativo aos propósitos mais específicos, o que não condiz com o paradigma do génio romântico que mais tarde floresceu. Também num verão ameno e rodeado pela natureza, mas à distância de um século e bastante mais do que um oceano, Dvořák compôs o seu Quarteto de Cordas N.º 12. O compositor checo havia-se instalado no ano anterior com a família em Nova Iorque, em 1892, circunstância que não é alheia ao nome por que é conhecida este quarteto – o Americano. Dvořák gozava então um período de férias no Estado de Iowa, onde visitava uma comunidade de imigrantes seus compatriotas. É bem conhecido o interesse que Dvořák mantinha pela música tradicional. Isso mesmo é patente nesta obra, uma composição em que nos é possível reconhecer melodias reminescentes da Boémia, sua terra natal, mas também sonoridades afins à identidade norte-americana, de que são exemplo os espirituais negros. Americano, acima de tudo, é o canto do sanhaçu-vermelho que se ouve alguns compassos após o início do terceiro andamento. Trata-se de uma espécie de pássaro nativa daquela região e que Dvořák escutou nos seus passeios pelo campo. Antonín Dvořák - Quarteto de Cordas N.º 12, Op. 96, Americano Wolfgang Amadeus Mozart - Serenata N.º 13, KV 525, Eine kleine Nachtmusik Entrada livre!