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Começar a Acabar, de Samuel Beckett, com João Lagarto

Começar a Acabar, de Samuel Beckett, com João Lagarto

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Bilhetes à venda no Teatro Diogo Bernardes - 2,00€.
Maiores de 16 anos.
Os bilhetes encontram-se à venda no Teatro Diogo Bernardes e todas as informações podem ser obtidas pelo telefone 258 900 414 ou pelo email teatrodb@cm-pontedelima.pt.

Começar a Acabar é um trabalho dramatúrgico surpreendente elaborado por Samuel Beckett que revisita os momentos mais significativos da sua obra. Para João Lagarto, Começar a Acabar é, antes de mais, um profundo acto de amizade entre 2 irlandeses proeminentes: o dramaturgo Samuel Beckett e o actor Jack Macgowran, de onde resultou um monólogo de uma espantosa unidade dramática que passa pelos poemas e pelas vozes de Krapp, Lucky, Molloy, Clov, Malone, entre outras. Celebração da errância temática e da confessionalidade que habitam a obra do autor, Começar a Acabar é a desconcertante confirmação da máxima beckettiana: "Não há nada no mundo mais cómico do que a infelicidade". 

Globo de Ouro Melhor Actor 2006
Prémio Melhor Actor Associação Portuguesa de Críticos de Teatro 2006

Ficha Artística:
Encenação, Tradução e Interpretação  João Lagarto  
Música Jorge Palma  
Iluminação José Carlos Gomes  
Figurino Ana Teresa Castelo  
Operação de Luz e Som Nelson Lima  
Produção Pedro Aparício  
Design Gráfico Bernardo Providência  
 
Co-produção: ACE / Teatro do Bolhão – Teatro Nacional D. Maria II  

"Começar a Acabar resulta da amizade de dois homens – o dramaturgo Samuel Beckett e o actor Jack Macgowran. O projecto terá partido de MacGowran que no fim dos anos sessenta começou a tentar juntar fragmentos da obra do seu conterrâneo na forma de um monólogo que foi sempre, e em primeiro lugar, uma homenagem e um acto de amizade. Primeiro chamou-se End of Day e, ao que se sabe, dele fazia parte o Acto Sem Palavras 1, o monólogo de Lucky de À Espera de Godot e o fabuloso From an Abandonned Work of Art.
Beckett mantinha-se à distância até que, em 1970, se decide a intervir mais activamente. O monólogo passa a chamar-se Beggining to End e, não sendo uma obra nova de Beckett, é uma revisão de alguns dos seus textos mais emblemáticos montados num monólogo duma espantosa unidade dramática sobre a morte, ou melhor: sobre o fim. Beckett terá dito a certa altura do processo que a questão não estava nos fragmentos a utilizar mas sim na maneira de os agrupar. A situação é a de um homem que está a morrer e que entretanto vai contando histórias. Passamos pelas palavras de Krapp, de Lucky, de Molloy, de Clov e de Hamm, de Watt, de Malone, de Vladimir, pelos poemas e tudo acaba nas palavras finais desse livro único chamado o Inominável.
O espectáculo estreou a 23 de Abril de 1970, no teatro Édouard VII para o “tout Paris” e continuou a sua carreira nos anos seguintes até à morte de Macgowran em 1973. Nos seus últimos anos de vida MacGowran, que se tornara numa estrela do cinema mundial, representou Beggining to End nos Estados Unidos da América, por toda a Europa e até em Dublin. Beckett começava a ser mais do que um autor de culto para alguns iniciados e este acto de amizade do actor ao seu dramaturgo terá contribuído em larga medida para isso.
A história deste monólogo também é a história da evolução da ideia beckettiana de actor. Nas primeiras versões MacGowran ficava estático, sorria apenas uma vez (ao que parece com efeitos devastadores) e mantinha-se naquela posição neutra de transmissor dos ritmos das frases que se atribui muitas vezes ao actor “beckettiano”. Progressivamente ele, e Beckett, foram mudando. Não sei muito bem onde chegaram, parece que os mendigos de Dublin estavam presentes em palco, sem limites de exuberância. MacGowran fazia questão de dizer todas as palavras que lá estavam e Beckett, que não encenou o espectáculo mas acompanhou os ensaios, às vezes ficava em silêncio durante bastante tempo e depois dizia duas ou três frases fundamentais. Uma vez Jack MacGowran perguntou a Beckett se ele queria que o público se risse em Beggining to End ao que Beckett terá respondido “o máximo de gargalhadas que tu consigas”.

Nunca vi o monólogo, nem feito por MacGowran nem por ninguém (aliás não tenho conhecimento de ele ter voltado a ser feito) mas conheço o texto final e os vários fragmentos de que Beckett partiu para o construir, o que me permitiu assistir ao minucioso trabalho dramatúrgico que Beckett fez sobre os seus próprios textos. São partituras e quando assistimos ao autor a recortá-las, ou a traduzi-las, mais entendemos que o são.
Quanto aos sem abrigo de Dublin também nunca conheci nenhum. Mas sempre me pareceu que os mendigos de Beckett não são mendigos sociais, são mendigos da alma – homens diante do mistério da morte, ou melhor do fim."

João Lagarto
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