Steffi A semana não lhe tinha corrido bem. No amor e no trabalho. Mas era sexta-feira e ele estava ansioso por ser anónimo a todos e perder-se numa pista de dança. Viu que a holandesa Steffi tocava no seu clube preferido nessa noite e isso dava-lhe o consolo de se poder distrair um pouco das agruras recentes. E horas depois do momento em que ela tomou conta da mesa de mistura, Steffi tinha-o feito um homem novo. Era como se ela lhe tivesse lido a mente e lhe tivesse lavado a alma, e a dança tivesse destilado do seu corpo a tristeza, que ficou toda naquele soalho. Com discos, Steffi Doms tinha-lhe contado uma história sua. Como sempre tenta fazer quando toca os discos de outros, ou como cada vez melhor faz enquanto produtora. Do sucesso inicial com “Yours & Mine” ao recente e ainda mais pessoal LP “The Power Of Anonimity” (ambos na Ostgut Ton), há um percurso teimosamente individual feito da vontade de ser recordada pelo seu trabalho e não por sucessos passageiros, da convicção inabalável em ser fiel a si própria sem concessões que manchem a sua arte e, acima de tudo, uma obsessão tresloucada de toda a vida com música que a torna uma DJ transversal capaz de arrasar mentes seja a tocar deep house a 120BPM, ou techno a 135BPM, sempre com a mesma postura de classe e tranquilidade no olho da tempestade. E ele regressou a casa levitando com um sorriso. Bendita a hora em que Steffi tinha voltado. Ela faz poucos gigs, propositadamente, e anda ocupada com o relançar da Klakson, o preparar de um live-act, um novo EP e um projecto em duo com o Martyn, mas ainda arranjou tempo para lhe “salvar a vida”. É esse o poder de Steffi e ela pode fazer o mesmo por vós. Martyn Há alguns anos atrás, não numa galáxia distante, mas na Holanda, havia um jovem cadete do espaço chamado Martijn Deijkers, que certo dia caíu num caldeirão de techno, house, drum n bass e dubstep. Procurava os segredos da Força dos beats e dos bleeps, mas encontrou bem mais que isso : quando emergiu da sopa rítmica onde tinha caído, era Martyn, um homem numa missão para levar a fusão dos ingredientes que tinha encontrado, mais longe do que qualquer um antes dele. A sua demanda possivelmente nunca terá fim pois o próprio Martyn coloca a meta mais à frente de cada vez que parece aproximar-se dela. Enquanto prossegue a sua saga, vai expondo os seus estudos de frequência sonoras e padrões rítmicos em selos como a Brainfeeder e a venerada Ninja Tune, alista para a caminhada da sua label 3024 gente como Julio Bashmore, Redshape, Trevino e Jacques Greene e aplicada a sua visão a remisturas de Shed, Scuba, Efdemin, Falty DL e Modeselektor, e colaborações com Four Tet e Inga Copeland (no último álbum The Air Between Words). Ocasionalmente, cruza-se nas suas excursões com a sua parceira de cartaz desta noite, Steffi. Conta já com dois EPs na Dolly Dubs (o último, Block The Box, tem semanas), que é dela mas faz mais sentido com ele, e em breve apresentar-se-ão em duo como Doms & Deijkers. Tudo sempre usando a Força, a dos graves e do ritmo a ordenarem-nos : “Dança!” Textos Nuno Mendonça \\\ STEFFI The week had not been good. In love and at work. But it was friday and he was anxious to be anonymous to all and lose himself on a dancefloor. He saw that dutch DJ Steffi was playing at his favorite club that night and that gave him the confort of knowing he would be distracted from his recent hardships for a while. A few hours after she took over the mixer, Steffi had made him a new man. It was if she had read his mind and washed his soul, and by dancing he had distilled all the sadness from his body and it was left on that dancefloor. With records, Steffi had shared her story. As she always tries to do whenever she plays someone else´s records, or as she does increasingly better as a producer. From initial sucess with “Yours & Mine” to the recent and even more personal LP “The Power Of Anonimity” (both out on Ostgut Ton), there´s a stubbornly individual path made out of a wish to be remembered by her work and not fleeting success, of an unwavering conviction in staying true to herself with no concessions to taint her art, and above all, a lifelong crazy obsession with music which makes her a transversal DJ capable of blowing minds whether playing deep house at 120BPM or techno at 135BPM, always with the same class and tranquility even while in the eye of the storm. And so he returned home levitating with a smile on his face. He was so grateful Steffi had come back. She doesn´t play out that often, on purpose, and she´s busy relaunching Klakson, preparing a live-act, a new EP and a duo with Martyn, but she still found the time to “save his life”. And that´s the power of Steffi, and she can do the same for you. MARTYN Some years ago, not a galaxy far away, but in Holland,there was a young space cadet called Martijn Deijkers, who one day fell into a cauldron full of techno, house, drum n bass and dubstep. He was searching for the secrets of the Force of the beats and bleeps, but he found a lot more : quando he emerged from the rhythmic soup in which he fell, he was Martyn, a man on a mission, to take the fusion of the ingredients which he had found, further than any man before him. His quest is possibly neverending, since Martyn himself moves the goalposts further away every time he seems to be reaching them. While pursuing his saga, e exposes his studies in sound frequencies and rhythmic patterns on stables like Brainfeeder and the venerable Ninja Tune, enlists for his travels on his own 3024 label, people like Julio Bashmore, Redshape, Trevino and Jacques Greene, and applies his vision to remixes for Shed, Scuba, Efdemin, Falty DL and Modeselektor, and collaborations with Four Tet and Inga Copeland (both on his latest LP, The Air Between Words). Ocasionally his path crosses with the one of his line-up partner for tonight, Steffi. He already has 2 EPs out on Dolly Dubs (the latest, Block The Box, is just weeks old), which belongs to her but makes more sense with him, and soon they´ll form a duo as Doms & Deijkers. All done using the Force, that of the subs and rhythms demanding from us : “Dance!” Words Nuno Mendonça
