Fnac Braga
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O concurso Novos Talentos FNAC é um pilar na promoção, divulgação e acesso à cultura, em Portugal e personifica o empenho da FNAC, ao longo de mais de 22 anos, em levar a Cultura mais longe. Sob o lema ‘Não deixes o teu talento no escuro. Faz-te ao Spotlight’, a FNAC procurou incentivar os portugueses a partilharem os seus talentos nas mais variadas áreas. Fernando Guilherme Nogueira Sereno Afonso (Porto, 1996) é um jovem artista que se expressa através da fotografia e cinema. Formado em fotografia pelo IPF (2018) e em Som e Imagem pela UCP (2022) através de uma bolsa de mérito. Em 2018 desenvolveu um crowdfunding para a criação do seu primeiro livro, que conta duas edições. No que toca à criação fotográfica passou, desse momento em diante, a assinar como Afonso Sereno. Desenvolveu vários projectos, reconhecidos pela comunidade artística (Encontros da Imagem, IPCI, Gerador, POSTER, etc). Em 2021, ganhou uma open call para a realização de um documentário sobre o festival Imaginarius. Também nesse ano criou uma produtora (@pacoprodutor) com o objectivo de assinar projectos audiovisuais. Neste momento tem um filme (CAIXA ABERTA) em circuito de festivais e dois outros filmes em desenvolvimento. Encontra-se também a trabalhar num projecto audiovisual pessoal que consiste em revisitar locais onde esteve no passado (Egipto e Guatemala). Para este concurso apresenta uma série de imagens fruto da primeira seleção das mais de 1000 imagens que tem das suas passadas visitas ao Egipto. Este concurso pode servir como um catalisador e fornecedor de recursos para o desenvolvimento do projecto. É extraordinariamente difícil transmitir aos outros a plenitude do prazer que experimentamos individual e intimamente. É mais complexo ainda fazê-lo através de um meio “limitado” em força explosiva repentina, como a fotografia aparentemente o é — um sistema silente, “condenado” à tangibilidade, confundido apenas como “reprodutivo”. Usar a menos grandiloquente paisagem (da humana a todas as outras), o menos espalhafatoso lugar ou o mais prosaico acontecimento para contrariar tudo aquilo é sempre admirável. Foi isso que conseguiu Afonso Sereno com as imagens que dão forma a To turn an hourglass opaque, viagem a dois tempos (2019 e 2023) e em condições distintas (acompanhado e sozinho) ao Egipto, onde nos sentimos a planar com ele, de pequeno deslumbramento em pequeno deslumbramento, ao longo do Nilo — embora pressintamos o rio aqui e ali, nunca o vemos na sua majestade emblemática. É também nessa sugestão de que ninguém é protagonista nem nada de verdadeiramente importante está a acontecer nestas imagens que reside uma das suas forças — ficar encantado com o movimento dos camelos e dos cavalos; intuir a força da luz até ao encandeamento; ficar maravilhado com a projecção das sombras ou com a dualidade entre fisicalidade e abstração; descobrir o conforto da repetição; abraçar o despojamento; encontrar o ritmo do quotidiano; insistir na infindável sensualidade do rosto humano… Quando nos convida para esta viagem “sem tempo” (tornando a ampulheta opaca, como indica o título deste portfólio), Sereno parece querer que nos demoremos o mais possível com ele e tentemos ver para além do que nos mostra. Um pouco como na epígrafe de A Relíquia — “Sobre a nudez forte da verdade, o manto diáfano da fantasia” —, “romance realista” de Eça de Queirós, onde Teodorico Raposo se demora pelo Egipto rumo à Terra Santa e o revela em modos distantes do modelo “guia de viagem”. Aparentemente sem guia nem guiões, com esta pequena amostra de trabalho Afonso Sereno dá-nos um sinal claro de que conseguiu encontrar uma sintonia visual própria — uma fotografia distensa capaz de nos tocar e de nos estremecer.
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