No Sábado, dia 16 de Maio de 2015, a Câmara Municipal de Elvas inaugura pelas 18H, no Museu de Arte Contemporânea de Elvas (MACE), a exposição ‘alguns documentos, 2005 & 2008’ de André Guedes. A exposição reúne dois conjuntos significativos de obras do artista, ‘Jardim e Casino, Praia e Piscina’ e ‘Better Days for These Days’, pertencentes à Colecção de Arte Contemporânea António Cachola e que foram realizadas, como o título da exposição sugere, em 2005 e 2008, respetivamente. Uma porta verde em madeira de um edifício público, um casebre das traseiras de um edifício de habitação, uma cobertura de uma mesa de bilhar de um centro recreativo, um conjunto de equipamento de um cinema encerrado. São estes alguns dos objectos que compõem a exposição. Provenientes de locais díspares – Phnom Pehn, Lisboa, Morgat, Bolonha – sem relação geográfica entre si, nem tão pouco entre as suas funções, escalas ou uso, eles são transportados pelo artista, desde o seu contexto original até ao espaço expositivo. Pela acção da sua recomposição e diálogo num novo e diferente espaço, André Guedes atribui a estes fragmentos arquitetónicos, domésticos ou institucionais, desenraizados do seu espaço físico e contexto primitivos, um outro valor e uma possibilidade narrativa que os liberta do referente original, ao mesmo tempo que reforça a sua descontextualização. “Como um arqueólogo Guedes assenta o seu olhar sobre os objectos para registar os rastos que estes transportam do tempo passado, para transportá-los, porém, depois até um contexto presente, espacial e temporal, no qual possam ter lugar novas possibilidades de existência. (...) Neste sentido, a atenção que André Guedes coloca sobre o objecto é determinante. O objecto é não só portador do discorrer do tempo, e indício essencial da experiência que viveu, mas contemporaneamente, na sua forma particular de aparecer, também meio de gerar relações com o espaço, com outros objectos e com as pessoas, tornando-se, além de pro¬ta¬go¬nista de histórias, forma pura no espaço-tempo. A relação que Guedes tem com os objectos recorda a aproximação ao wunderkammer setecentista mas no sentido contrário. O fetichismo não é orientado para os objectos mais estranhos mas sim para aqueles mais vulgares que, se colocados no seu contexto funcional, não sobressaem à atenção mas, se transportados até um outro lugar a estes dedicado, tornam-se objecto do nosso olhar pela sua fisionomia como pelo conteúdo de que são portadores.” (curadora Elisa del Prete no texto À rebours, 2008) O termo documento, que o título da exposição utiliza, refere o gesto de carácter quase etnográfico através do qual o artista extrai registos documentais da cultura material que transportam, em si mesmos, várias dimensões: históricas, políticas, antropológicas, performativas, entre outras. Basculando entre a especulação do seu passado e a sua atualização presente, a reunião destes objetos engendra assim uma geografia (im)possível cuja reconstituição é feita presencialmente, em campo, pelo espectador. Para esta exposição foi refeita ainda a obra ‘Forma de uma obra anterior’ (2008), constituída por uma diaporama que documenta uma acção performativa realizada previamente no espaço expositivo do museu, interpretada por Maria Duarte, Maria João Garcia, Tiago Barbosa, Pedro Nuñez e Miguel Loureiro, colaboradores de projectos anteriores do artista. 16 de Maio - 27 de Setembro de 2015
