Realizado em 1976, por Narciso Ibáñez Serrador, pai do terror espanhol e criador de um concurso bem conhecido do público português (Um, Dois, Três), o filme chocou as sensibilidades da altura por mostrar crianças a cometer atos horrendos de violência. Desafiou também o género, ao colocar todo o terror sob a luz opressiva do sol, em oposição à noite que costuma servir o género.
O filme utiliza as crianças como símbolo, não da inocência, mas daqueles que não têm voz e que diariamente são afetados pelas decisões dos adultos, símbolos dos agentes de poder. Um mecanismo narrativo que é tão eficaz do ponto de vista metafórico, como no seu valor superficial, criando um clima de tensão palpável durante toda a duração do filme.
Tanto este filme como o seu realizador, foram altamente influentes na evolução do terror espanhol, com nomes como Alex de la Iglésia, Paco Plaza, ou J.A. Bayona a mencionar as suas importâncias para os seus percursos criativos. Narciso Ibañez Serrador acabaria por falecer em 2019, ano em que também recebeu o prémio Goya por toda a sua carreira, que atravessou televisão, cinema e teatro.
O filme será exibido em versão restaurada e aprovada pelo realizador, que viu o seu trabalho comprometido em 1976 pela indústria de distribuição, que escolheu dobrar o filme em castelhano, não sendo essa a intenção original. Os bilhetes podem ser adquiridos no dia da sessão ou em pré-venda através de email para cinemapassosnoescuro@gmail.com. As sessões têm início sempre às 22:00.
