E vós, senhores, aproveitai de tudo o que vistes para vantagem e segurança dos vossos corações. E se alguma vez estiverdes numa ocasião de duvidar, quase a ceder, pensai nos artifícios que vistes. E lembrai-vos da Estalajadeira! Carlo Goldoni, A Estajaladeira É que o mundo está a mudar, muda. (...) Não é fácil saber que o mundo está a mudar. E Goldoni sabe-o, vai vendo o velho ruir, o novo afirmar-se, anota, anota sem fim, vê, tudo vai trazendo para o palco, gente, coisas, contratos, cadeiras, é uma sanguessuga da vida, o palco tem um íman a que ele se oferece. E o seu teatro, teatro novo, será a amável anotação deste tempo que passa, deste mundo que muda, teatro ele próprio em mudança, forma que se vai adequando à investigação e ela própria investigada. Volto sempre a Goldoni, nasceu ali um teatro, nasceu um mundo. Naquela atenção que ele próprio, arrasado por um real mais real do que o teatro, por um teatro em decomposição foi inventando. Jorge Silva Melo A ESTALAJADEIRA de Carlo Goldoni Tradução Jorge Silva Melo Com Américo Silva (Marquês), António Simão (Conde), Catarina Wallenstein (Mirandolina), Elmano Sancho (Cavaleiro de Ripafratta), Rúben Gomes (Fabrício), Maria João Falcão (Hortênsia), Maria João Pinho (Dejanira), João Delgado (criado), Tiago Nogueira (criado) Cenografia e Figurinos Rita Lopes Alves Luz Pedro Domingos Assistência Leonor Carpinteiro Encenação Jorge Silva Melo Co-produção TNSJ/ Artistas Unidos/ CCB com o apoio do Centro Cultural do Cartaxo